segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sandices

Vou escrevendo sandices
Com o A que desce o escorregador
E se junta ao M da mão,
E o O que exclamo espantada.
Logo o R vem correndo.
Surge a palavra AMOR.
Vou dormir, pois já é tarde,
Meu tempo se esgotou.

Lilia Maria

Pensando

Brigo com o pensamento,
E ele, só por me afrontar,
Vai se expondo,
Sem dar trégua,
E surge escrito no papel.
Minhas mãos traiçoeiramente,
Não obedecem o meu comando,
E continuam a escrever,
Escrever,
Escrever...


Lilia Maria

domingo, 27 de dezembro de 2015

E vai rolando...

Se polígono tem aresta,
Minha vida parece um cubo,
Que em esfera quero transformar.
Lixa aqui,
Corta um pedaço ali,
Dá uma polidinha,
Um dia chego lá.
Serei como um seixo de rio,
Que de tanto rolar,
Ficou todo lisinho,
Bonito de se observar.

Lilia Maria

Volta pra Terra!

Tecia sonhos
Como quem tece um manto.
E o encanto era tanto
Que nem se dava conta
Que nada daquilo era real.

Vivia enamorada da lua,
Da terra nua,
Do sol brilhante,
Das árvores verdejantes
Que enfeitavam o verão.

No seu mundo perfeito
Não havia fome ou miséria,
Não tinha tristeza,
Tinha apenas bondade,
Verdade e compreensão.

Pobre cabeça leve,
Chegou a hora de despertar
E perceber que a vida não é assim.
Mas a vida é boa
Com seus problemas e decepções.

Vai, pessoa maluca!
Vai viver de verdade,
Vai enfrentar a realidade,
Para de sonhar acordada,
Que mesmo assim a vida vale a pena.

Lilia Maria

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

É Natal

 Que venha uma noite feliz,
Que venha o riso das crianças,
Grandes ou pequenas,
Lembrar que vida não é ruim
Quando a deixamos acontecer.

E ela acontece todos os dias,
Todas as horas,
A gente querendo ou não.
Então sejamos agradecidos
Pelas pequenas grandes alegrias
Que fazem valer a pena o viver.

Lilia Maria

domingo, 20 de dezembro de 2015

Estrelas cadentes

Estrelas cadentes
Que enfeitam a noite
E guardam mistérios,
Para onde vão levar meus desejos,
Para onde vão repousar?
Trabalhem, queridas!
Há muito a fazer
Para meu sonho realizar.

Lilia Maria

Arremate

 A peça está pronta.
Aí vem o alinhando,
Um pontinho aqui,
Uma preguinha ali,
Um toque de mestre
De exímias mãos.
Hora de exibir orgulhosa
O produto final.
Não importa o que seja,
Aos olhos do artesão
Sempre há o que ainda fazer.


Lilia Maria

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

É festa!

 De festa em festa,
O que me resta é comer,
Já que beber é segunda opção.

De festa em festa,
A roupa aperta,
E o espelho me mostre um balão.

Lilia Maria

domingo, 13 de dezembro de 2015

Aniversariando

Aniversariar é preciso,
Envelhecer não é preciso.

 Lilia Maria


E o dia do meu aniversário vai acabando. Um luz esmaecida se apaga e outra brilhante renova a fé, a esperança, a vida.
Aniversariar é preciso... sim é preciso, o tempo passa e inevitavelmente fazemos aniversário e é preciso, pois sempre ocorre no mesmo dia.
Mas envelhecer? É preciso? Não, não é necessário ficar velho, meio que jogado num canto, esperando a vida acabar. Há idosos de espírito mais jovem que muitos jovens por aí. Eles trabalham, passeiam, se divertem, se informam, se comunicam, amam e amam a vida do jeito que ela se apresenta. Estar vivo é uma dádiva e eles aproveitam cada segundo. Por outro lado, envelhecer não é preciso, pois nunca se sabe onde a velhice nos levará. De repente as pernas podem parar de caminhar, a lucidez nos trairá, o corpo não mais se consertará. Não é possível precisar quando nem como a vida findará.
Então, vamos ser feliz agora, no momento presente.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ausência

A ausência se faz presente,
Mesmo que presente fosse.
Não é o estar que determina
A presença real de alguém.
A matéria pode ser vista,
Mas a alma nem sempre o corpo habita.


Lilia Maria

Dia e noite

Enquanto o sol brilha
E sua luz faz trilha,
Flores desabrocham,
A natureza faz festa,
E a nós o que resta
É aplaudir o espetáculo da vida
Que acontece a cada manhã
E permanece até o entardecer.
E não acaba aí.
A lua descortina
A noite em mais um recital
Daquele grande coral
Que o acalanto embala o sono
E sonha.


Lilia Maria

Chico Buarque

O menino,
O homem,
O senhor,
Não importa a fase a retratar,
Há sempre a mesma centelha no olhar.
Olhar assustado,
Embaraçado,
Divertido,
A situação muda o modo,
Mas não muda e essência.
E entre saudades e reminiscências,
Vou bebendo cada segundo,
Do que ele deixa mostrar
De uma vida espetacular.
Poeta escritor ou cantor,
Não importa o próximo passo a dar,
Já sei que vou gostar.


Lilia Maria

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pensamento torto

Era tão ecologicamente incorreto,
Que tinha medo de desejar.
Era tão politicamente incorreto,
Que tinha medo de falar.
Era tão matematicamente incorreto,
Que tinha medo de calcular.
Era tão juridicamente incorreto,
Que tinha medo de julgar.
Era tão moralmente incorreto,
Que tinha medo de pensar.
Era tudo tão estupidamente incorreto,
Que nunca se ousou acertar.


Lilia Maria

Espaço público

 A janelas sempre abertas
Deixavam tudo entrar,
O sol, o vento, a poeira,
Perfume da chuva,
Algumas gotas de água,
Que mal dava para molhar.
Entrava o pernilongo,
A abelha,
A mariposa preta
Procurando onde pousar.
Entrava barulho,
Uma música longínqua,
Uma doce melodia a encantar.
E de tanto entrar tantas coisas,
Coisas que às vezes não se podia ver,
Virou quase espaço público,
Para aquilo que não se quer guardar.

Lilia Maria

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Para uma amiga

Uma mulher tão bonita,
Tão doce e ao mesmo tempo, decidida,
Tem que ser muito querida,
Pela alegria que espalha,
Pelo sorriso que espelha
Uma alma de real grandeza.

Lilia Maria


Aí eu cometi uma gafe danada com minha amiga Marilena Gonçalves. Qual o remédio? Pedis desculpas e dedicar a ela um poemeto singelo que reflita a grande mulher que é.

domingo, 29 de novembro de 2015

Vale a pena?

De tanto olhar o poço,
A poça seca virou lama.
Que drama!
Não tem água que chegue
Para molhar este chão
E limpar a sujeira fina
Que se varre com vassoura de crina.
E vai e volta,
E suja e limpa,
É tempo que passa,
É tristeza que passa,
É lágrima que escorre,
E no canto da boca, morre.


Lilia Maria

Novo de novo

Não vou ao encontro
Do velho namorado,
Pois quero outros ares,
Novas ideias,
Novas histórias,
De preferência, um namorado novo.
Calejado pela vida,
Tem que entender o meu momento,
E ficar um pouco calado,
Quando meu semblante se torna tenso.
Homem raro,
Não precisa ser novo em meu caminho,
Mas tem que estar disposto
A iniciar uma nova jornada.


Lilia Maria

sábado, 28 de novembro de 2015

Lirio

E a flor desabrochou...
Solitária,
Linda,
Na frescor da manhã
Tem missão definida:
Enfeitar minha vida.


Lilia Maria

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Simplesmente azul

Azul céu,
Azul mar,
Azul dos olhos tristes
Que vivia a me encantar.

 A chuva enegreceu o céu,
Poluição mudou a cor do mar,
Mas nada há de mudar
No azul daquele olhar.

Lilia Maria

Então é Natal...

Então é Natal!
A casa vai se transformando.
A guirlanda na porta,
A árvore decorada,
Luzes na varanda,
Vermelho e verde em profusão.
Enfeita-se de alegria,
De amor,
De generosidade,
A casa,
A rua,
O coração.


Lilia Maria

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Para meu sogro

Era um homem sério,
Quase sisudo,
Quase introspectivo,
Não fosse o sorriso
Que às vezes enfeitava seu rosto.
Seus sonhos não revelava,
Mas eles estiveram presentes,
Em cada momento,
Em cada gesto contido,
Em cada palavra proferida.
Era uma incógnita.
Quando se foi, deixou saudade,
Deixou  em mim a vontade
Da sua memória perpetuar
.

Lilia Maria

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Dia de preguiça

 Nublado e chuvoso,
Eis um dia gostoso
Para na cama ficar,
E dormir,
E sonhar,
E vagabundear.
Mas é hora de acordar.
Respira fundo,
Bota a preguiça de lado,
Lava o sono no chuveiro,
E vamos trabalhar,
Pois a vida não pode esperar
O quentinho do travesseiro esfriar.


Lilia Maria

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Barbarismos

Sobra sombra
Para assustar,
Sobra ódio.
Raiva,
Medo,
Em pessoas que só queriam amar.
Nada poderia sobrar,
A conta é justa
Quando o justo se expõe
Diante do mundo perplexo.
Mas quem julga o que é justo?
Onde começa esta história de horror?
Intolerância,
Radicalismo,
Estes sim deveriam ser banidos
Na totalidade do universo.


Lilia Maria

domingo, 15 de novembro de 2015

Para meu pai

 E nos altos da Freguesia do Ó,
De lembrança em lembrança,
Já não me sinto tão só.
Tenho histórias, reminiscências,
Coisas e causos contados
Por este senhor de olhos claros,
Ralos e brancos cabelos
E pele vincada pelo tempo.
A sua benção meu pai!
Vou guardar suas memórias
Como quem guarda um tesouro,
E um dia, quem sabe, compartilhar
Com quem puder valorizar.
Vou lembrar sempre deste dia
Quando sentir a alma vazia
E a saudade vier me visitar.


Lilia Maria

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Despedida

 A despedida começa
Assim que resolvemos nascer.
Despedirmo-nos do ventre materno,
Do aconchego tranquilo
Que só o colo da mãe nos dá.
Ao longo da vida,
Entre tantas descobertas e conquistas,
Vamos nos despedindo
De cada ano passado,
De amigos que ficam no caminho,
De amores vividos ou não,
De sonhos que a realidade nos rouba.
Depois de tantas despedidas,
Chega enfim o dia
Que a vida se despede de nós.
Se bem vivemos, vamos em paz.


Lilia Maria


Para Mariano Gifone, um amigo muito especial que partiu...

sábado, 24 de outubro de 2015

O olho do furacão

O olho do furacão
Não enxerga nada,
Apenas arrasta desprevenidos.

O olho do furacão
Não tem cor nem luz,
Não seduz.

O olho do furacão
É cruel,
Não escolhe o que engole.

Lilia Maria

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mulher-menina

Olhos de felina,
Sutil,
Feminina,
Foi Deus que a fez assim,
De dia uma menina,
De noite cheira a jasmim.


Lilia Maria

Boas lembranças

 Era tão pequena a lembrança,
Que parecia não valer a pena lembrar.
Mas estava tudo ali,
Latente,
Fervilhante,
Esperando a hora de derramar.
Uma palavra, um flash,
Um sorriso, uma cena,
E de repente se descortina
Tudo que estava lá no fundo da alma,
A alegria, a juventude,
A esperança, o júbilo.
Como é bom recordar,
Reviver,
Sonhar.


Lilia Maria

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O professor e o lavrador

Professor e lavrador,
Em última análise,
Tem a mesma função.

O lavrador ara a terra,
Espalha as sementes,
E cuida até colher
Flores e frutos,
Que serão alimentos e vestimentas.

O professor prepara mentes,
Espalha sementes de conhecimentos
Que um dia frutificarão
Em novos pensamentos e conhecimentos
Que levam à evolução.

O labrador veste e alimenta o corpo,
O professor veste e alimenta o espírito.
Corpo e alma,
Eis que surge um cidadão.

Lilia Maria

Aprendendo a ensinar

 Era tanto para aprender
Que nunca me dei conta
Que enquanto aprendia
Ensaiava o ensinar
Nem que fosse para mim mesmo.
Não queria ser um doutrinador,
Com fala de papagaio,
Que não vê o outro lado,
Mas um simples professor
Que percebe olhos ansiosos,
Que escuta a fala ingênua,
Que entende a dificuldade,
Que sorri com indulgência,
Mas sabe ser ao mesmo tempo
Severo e gentil,
Claro e sutil,
Mestre e aprendiz.

Lilia Maria

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Me dá um abraço?

Abraço é como um laço
Que se presenteia
A quem se quer bem.


 Abraço é como um doce
Que se saboreia com alegria
De sentir outro coração bater também.


Abraço é como um verso
Que se escreve noutra alma
Que está perto ou muito além.


 Abraço é como remédio
Que se toma para curar
A saudade de alguém.


 Abraço é como uma benção
Que que colhe ao longo do tempo
E o amor mantém.


 Lilia Maria

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Não deixe para depois

 Quando o agora vira depois,
O depois acaba virando nunca,
E o nunca vira aflição.

Fico aflita por não acabar
O que acabo de começar
E não consigo sair do lugar.


Quantos coisas abandonadas
Ficam esperando por recomeçar
E um dia terminar!

Lilia Maria

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Para minha mãe

Ela aparece serena,
Pequena,
Uma menina de brancos cabelos
E pele marcada pelo tempo.
Dormita sentada no sofá.
E gesticula num sonho mudo
Buscando sabe-se lá o que.
Aquela que um dia protegia
Hoje precisa de proteção,
De atenção,
De cuidados.
É como um bebê crescido,
Perdida num tempo que passou.

 Lilia Maria

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Vem aí a primavera

Agosto findo,
Tudo lindo,
Esperando a primavera chegar.
Setembro,
Bem me lembro,
Tem perfume no ar.
Reta final do ano
Que começa a terminar.

Lília Maria

sábado, 22 de agosto de 2015

Matemática

A matemática não é estática,
Tem movimento,
Tem rima,
Tem graça e energia,
Tem som na pauta musical.
Tem a beleza da simetria,
Tem doçura quase angelical
Que brota espontaneamente
Na simplicidade de um numeral.
E se pensam ser gênios
Aqueles que dela se enamoram,
Acreditem, apenas a enxergamos
De forma simples e natural.


Lilia Maria

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Tatuagem

 Sorrir e chorar
Fazem a pele vincar.
E quando o vinco
A história toda não conta,
Há outras formas de perpetuar.
Uns escrevem,
Outros se põe a fotografar,
E há aqueles que querem tatuar.
As tatuagens ficam na pele,
Mas seus reflexos são marcas na alma.
Os olhos contemplam o desenho,
O coração, o seu desenrolar.


Lilia Maria

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Algebrismo

Foi-se o tempo de Romeu/Julieta...
Foi-se o tempo de Peri/Ceci...
E se pensarmos matematicamente,
As relações estão deixando de ser biunívocas,
Relações são apenas relações.


Lília Maria

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Como dói!

 Tem dor que alucina,
É insana,
Desumana,
Não alivia,
Parece que nunca passa,
E dói na alma,
Lateja no coração.
Minha dor é na mão,
Mas parece que dói tudo.
Do cabelo ao dedão.


Lilia Maria

Tipologia

Tem veia que corre sangue,
Tem veia que corre féu,
E algumas circula água,
Em outras um pouco de mel.
Tem sangue azul?
É tinta.
E de uma tinta que pinta
A cútis, o céu, a vida.
Ser normal é raro,
Mas é isso que todos deveriam ser.


Lília Maria

Poetizando XXVI

Quem diz que vive de brisa,
E que no frio não veste blusa,
Ou é mentiroso ou masoquista.
Não há nada melhor
Do que braços quentes
E barriga cheia.
Faz bem para o humor,
Faz bem para a vida.


Lilia Maria

domingo, 2 de agosto de 2015

Viagem

Assim eu quero ir...
Sem hora de chegar,
Sem hora de voltar,
Sem pressa,
Sem bagagem,
Sem juízo.
No bolso, um troco,
Na bolsa, um livro,
No coração, amor,
Na alma, paz.

Lilia Maria

sábado, 1 de agosto de 2015

Agosto

A gosto do mês
Que tem de tudo um pouco
Para contentar o freguês.
Tem cachorro louco na praça
E um dia treze para para azarar.
Tem noite quente e noite fria,
E sem feriado para curtir.
Bem vindo agosto,
Fim do ano vem aí,
Daqui há pouco chega dezembro,
Festas, feriados,
É tudo que tem direito o cidadão.
Que pena!
Este ano não tem eleição.

Lília Maria

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Amortal

O amor não morre,
Apenas escorre
Para fora do coração.
E muitas vezes se mistura nas águas,
Que inundadas de mágoas,
Que jorram para fora,
Como lágrimas sentidas,
Que carregam a vida,
A alegria,
A ilusão.

Lília Maria

Meu velho amor

O amor que pensei perdido,
Estava bem escondido
No fundo do coração.

E de repente se mostra faceiro
Num olhar ligeiro
Pela palma da minha mão.


E então quis fechá-la
Para guardá-lo para sempre
Quando escuto um não.

Ele é livre para ir e vir,
E se quiser, ficar,
Por um tempinho ou um tempão.

Lília Maria

terça-feira, 28 de julho de 2015

Amanhecer na cidade

 Até parecem sementes
De um grande maracujá
As pessoas caminhando nas ruas,
Pra lá e pra cá.
A cidade começa a despertar.
Tendo a névoa como coberta
Do leito em que dorme este povo,
Faz na manhã fria e sonolenta
Tudo acontecer devagar.
Será?


Lília Maria

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Amigo

Amigo
Sigo contigo
Passo a passo,
De perto ou distante,
Mas sempre no coração.

 Lilia Maria


Aos meus amigos...

domingo, 12 de julho de 2015

Rotina

 Um dia puxa o outro,
A noite puxa o dia,
A lua puxa o sol,
Vai e vem,
Um eterno carrossel,
Uma festa chamada vida!


Lília Maria

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Calor de inverno

 O verde ficou mais verde,
O azul se iluminou,
Tudo ganhou mais cor e brilho,
Depois que o sol raiou.
Adoro o frio que queima os ossos,
Mas amo este pequeno calor,
Que não sufoca nem transpira,
Que aquece na medida certa.


Lília Maria

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Batalha

Na batalha luzXtreva
Venceu a astro-rei,
Que com a sua real presença,
Nos garantiu um pouco de calor.
Esquentou o ar, a terra, a moça,
Que se enrolava no cobertor.
Parece que a cidade ganhou viço,
Ganhou vida a flor que desabrochou.
E tudo por causa de um raio de sol,
Que teimoso e afetuoso,
Fez o dia acontecer.


Lília Maria

Poetizando XXV

 Na dura batalha
Travada entre o sol
E as grossas nuvens,
Quem vence é o ar frio
Que agora enche meus pulmões.


Lília Maria

sábado, 4 de julho de 2015

Cicliquismo

 Quando a chuva fria
Molha a terra nua,
Mais cedo ou mais tarde,
Um sopro de vida acontece.
E quando aquela manchinha verde,
Que tímida se mostrou ao mundo,
Consegue sobreviver,
Podemos ter um dia
Um arvoredo lindo,
Sombreando a terra nua
Molhada pela chuva fria.


Lília Maria

sábado, 27 de junho de 2015

Poetizando XXIV

 Poetizar é a forma que encontro
De perguntar o imperguntável
E responder sem parecer maluca.
Ao poeta, quase tudo é permitido,
Dos devaneios aos surtos de realidade,
Das doces mentiras às cruas verdades.


Lília Maria

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Vida

Entre o nascer
E o morrer,
A vida.
Não importa quanto dura,
Não importa como caminha.
Tem o ponto de partida,
E a partida para o outro plano.
Esta é a única certeza
Do que pode acontecer.


Lília Maria

domingo, 21 de junho de 2015

Cibersolidão

 No mundo cibernético,
Onde não há barreiras nem distâncias,
Quando um solitário
Encontra outro solitário,
Têm-se dois solitários
Há centenas de quilômetros distante.
Pior ainda,
Pode haver dois solitários
Sentados lado a lado.
Dai concluo:
Solidão é modernidade.


Lília Maria

sábado, 20 de junho de 2015

Depois do horizonte

Por trás das nuvens escuras
Que entristece o dia,
Há sol brilhante e céu azul.
Para lá chegar
É preciso voar, voar, voar...


Lili Maria

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Festejando

Hoje eu queria que o dia fosse de sol,
Queria brilho no céu e calor na terra,
Queria um abraço apertado,
Sentido,
Terno,
Apaixonado.
Queria festejar
Desde o despertar
Até o dia partir.
Mas se o meu querer fica querendo,
Não posso evitar
O pensamento
Que me traz amor e emoção.

Lília Maria



Um dia ainda paro de sonhar.

domingo, 14 de junho de 2015

Ensaio

Depois do dia de labuta,
Vem meu guerreiro,
Vem repousar em meu regaço...
Cuidarei das suas feridas,
Velarei pelo seu sono,
Adoçarei seus lábios com mel.
Tem meu corpo e a minha alma
Para renovar suas energias...
Vem meu guerreiro,
Jamais me afaste de ti.
O seu amor é minha vida,
O meu amor é a sua paz...

Lilia Maria

A história foi muito maior que isso... Aqui era apenas no começo, uma promessa. Haviam protagonistas, coadjuvantes e figurantes... Cada qual foi assumindo o seu papel e escrevendo a sua parte na história... Era uma produção coletiva...
A única coisa que se sabe que eu era apaixonada pelo personagem principal. 

O romance tomou rumos inesperados. Hoje faz parte do sonho, da história da vida, do que não teve um ponto final.

sábado, 13 de junho de 2015

Sapato Velho

 Aquele sapato perdido
No meio da confusão,
Queria o dono de volta
Para voltar a ter função.
De que adianta ter o couro macio,
O solado em bom estado,
Ser um clássico elegante,
E continuar jogado no canto
Como qualquer inutilidade?
Ah! Sapato! Como o entendo!
Ninguém gosta de velhos,
Seja lá o que for,
Seja lá qual o valor.
Quem sabe algum dia,
Desses dias que a gente não esquece,
Alguém percebe o coloque nos pés
E sinta o conforto e a beleza
Que você pode oferecer.


Lília Maria

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Bom dia!

 Hoje não vou fazer poesia,
Não vou escrever rimas,
Vou apenas dizes : bom dia!
Que o dia seja bom,
Por alegrias marcado,
Com surpresas felizes,
Com muitos beijos e abraços,
Pois um bom abraço apertado
É o melhor remédio que há.

Lilia Maria

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Porta-bandeiras

Bandeiras desfraldadas
Hasteadas uma a uma,
Lado a lado,
Balançam ao vento morno
Que sobra desde manhã.
Cada uma tem uma história,
Uma memória a se contar.
Não representam a pátria,
São apenas roupas usadas,
Agora molhadas do lavar,
Que estendidas no varal
Aguardam o secar,

Passar e guardar.

Lília Maria

terça-feira, 9 de junho de 2015

Trio musical

 Três pontos vibrantes,
Iluminados,
Iluminando
Em acordes perfeitos,
Que juntos fazem canção.
Cordas e voz,
Rimas sonoras
Em notas musicais.
Trinam,
Suaves deslizam,
Preenchem o espaço,
Emocionam.
A palavra cantada
É flor,
É espada,
É recado dado,
Saboreado
Pelo espectador.
Três pontos iluminados
Fazem a delícia da noite
Em mais um encontro legal.
É show.
Intimista por certo,
Mas com o valor
De um grande musical.


Lília Maria


Rogerio Santos é poeta e cantor e quando sobe ao palco, arrasa em belas canções. cuja letra ele próprio compôs.
Seu primeiro CD, Crônicas Paulistanas, encantou. Agora vem aí Hipotenusa. A primeira mostra foi um sucesso. Um show intimista, sua voz e dois violões incríveis nas mãos dos parceiros Ítalo Peron e Floriano Vilaça.  
E eu aqui, a professora de matemática dos velhos tempos do ginásio (fui professora do Rogério), fico emocionada em participar e muitas vezes ser citada no meio da apresentação.
Depois do espetáculo, ia pensando em hipotenusa: o lado maior, oposto ao ângulo maior, no triângulo inscrito é o diâmetro do círculo... De repente me passou a ideia: no triângulo retângulo inscrito, quem define o tamanho dos catetos é o ponto que caminha sobre a semicircunferência. Os dois pontos que definem a hipotenusa estão sempre fixos. Este é o show. Três pontos iluminados, iluminando a noite. É isso...

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Recado

Abro a minha Pandora
Cheia de bilhetinhos,
Cartas, cartinhas e cartões,
E lá está o papelito
Do realejo mais bonito
Que um dia consultei.
A mensagem pequena,
Em letras quase apagadas,
Era clara e cristalina
Feito a pedra de cristal
Que junto um dia guardei.
O passado volta no futuro,
Como um presente de Deus.


Lília Maria

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Não tem jeito

 Eu tenho meu jeito de falar,
Meu jeito de andar,
Meu jeito de sorrir,
Meu jeito de amar.
E se não tem jeito,
Ajeitado está.
Se o meu jeito
Não combina com outro jeito,
Aceito.
Cada um é como é.

Lilia Maria

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pradolina linda

Coça o cocuruto,
Faz um cafuné,
Né, né, né!
Ela fecha os olhinhos
Extasiada de prazer.
Se funciona com um bichinho,
Imagina com um humano?
Ô coisa gostosa,
Quem resiste a este carinho!


Lília Maria

Minha "netinha" de quatro patas é o máximo. Não importa onde esteja ela sempre vem pedir um chameguinho. Esta poesia foi pensada e depois escrita quando ela estava sentada ao meu lado no carro. Era só o transito parar que lá vinha ela pedir um carinho.

Intransitávelmente

Vocifera,
Esbraveja,
Gesticula,
Esmurra a direção,
Em vão.
Quando o trânsito para
Não há o que fazer.
Respira,
Relaxa,
Ligue o rádio,
Escolha uma boa música,
E deixe a alma voar.

Lília Maria

terça-feira, 26 de maio de 2015

Bem-te-vi

Não sei se o bem-te-vi me vê aqui,
Ou se aqui eu vejo o bem-te-vi,
Mas escuto seu canto contínuo
Dizendo que vê o bem,

O bem que eu vi,
Que mora aqui, ali,
Ou onde o meu bem está.

Bem-te-vi, eu vejo aqui
Aquilo que está ai.
Eu vejo sua plumagem macia,
Você vê o que eu não ainda não vi.


 Lília Maria

Dilema

 Não sei que estou indo em frente,
Ou se quem está atrás retrocedeu,
Mas vejo a distância aumentar.
E como tudo nesta vida
Depende de um ponto de referencia,
É isto que devo procurar.
Hoje sou mais um ser errante,
Que já viveu o bastante
Para não se intimidar
Diante de um dilema qualquer.


Lília Maria

terça-feira, 19 de maio de 2015

Presente já é passado

Quando o futuro se torna presente,
No instante seguinte já é passado.
E passa,

Passa depressa demais.
Quando nos damos conta,
E se pensamos com lógica pura,
Não há como viver o presente.
Viva o passado,
Mas viva contente.


Lília Maria

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Alegria de viver

 Se a alegria fenece,
Faça uma prece
E deixe a vida acontecer.
Ela volta, sempre volta.
Mas fique atento,
Pois a qualquer momento
Ela chega para se estabelecer.
Não deixe que ela escape
Por algum motivo à-toa.
Quando ela voltar,
Deixe ela ficar
Sem data de partir.


Lília Maria

terça-feira, 12 de maio de 2015

O livro proibido

ra ainda uma menina que mal havia aprendido a ler. Lembro-me da minha mãe sentada na beira de sua cama lendo um livro enorme, mais de 700 páginas. Ela estava tão envolvida com a história que nem reparava que eu, brincando a seus pés, parava de tempos em tempos e ficava contemplando curiosamente as suas expressões faciais durante a leitura. Haviam momentos que ela parecia enternecida, em outros seus olhos ficavam marejados, haviam momentos ainda que ela erguia as sobrancelhas, como que surpreendida com alguma situação. Às vezes balançava a cabeça em postura de negação. Foram dias e dias até que ela finalmente terminou a leitura.
O livro foi depositado no tampo do criado mudo esperançando a hora de ser devolvido para minha avó, a dona dele. Numa certa hora, ciente que ela estava lidando com os afazeres domésticos, abri na primeira página e comecei a vagarosamente, dentro daquilo que a minha inexperiência permitia, ler o primeiro parágrafo da tal história. O título eu já havia lido: As Duas Mães. De repente minha mãe entrou no quarto, tirou-me os livro das mãos, e com cara de brava falou: isto não é para você. Perguntei por que e a resposta foi o típico "porque não", encerrando o assunto. Mais que depressa foi devolvê-lo antes que eu pudesse fazer mais uma tentativa de saciar a minha curiosidade, agora mais do que nunca aguçada.
Algumas décadas depois, quando minha avó faleceu, ao encaixotar os seus livros e revistas, dei de cara com aquele volume tão grosso que se destacava dos demais. As folhas estavam amarelas, a capa meio caída, algumas folhas destacadas, típico de um livro muito manipulado. Pedi licença aos meus primos que me ajudavam na tarefa e o levei para casa.
Não li, devorei a história. Era um romance cheio de intrigas, suspense e muitas coisas que só poderias ser possíveis na cabeça fantasiosa de um escritor. Em linhas gerais a história contava de um garoto que fora roubado de sua mãe, ainda recém-nascido, e dado em adoção a um casal da alta burguesia inglesa. Anos mais tarde a mãe biológica se torna babá do garoto e o acompanha até a vida adulta. Ela sabia que era seu filho, mas tinha como provar. No fim da história, o menino, agora já um rapaz, descobre a sua origem, quem é o seu pai biológico, e fica feliz por ter tido na vidas duas mães amorosas e dedicadas. Enfim, a história que eu passei anos me perguntando porque não poderia ler estava conhecida. Tirando o fato do livro ser enorme, não havia nada demais em seu conteúdo.
Acho que o maior problema para minha mãe era ter no livro uma situação de uma mulher que se tornava mãe antes de se casar. Coisas da sua época...

 Lilia Maria

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Essência

Não sei se aquela porta
Escureceu porque envelheceu
Ou se assim nasceu.
O tempo muda as coisas
Para melhor ou para pior.
A porta pode ainda ser porta
Até virar lenha para o fogão.
Podem dela fazer janelas,
Uma mesa, um banco, um portão,
Mas continua madeira,
Mesmo tendo outra função.


Lília Maria

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ouvindo o vento

E de repente o vento falava.
Contava da chuva fina
A história do seu viver.
Não era a água guardada
Nas nuvens que encobriam o céu.
Eram muito mais.
Eram as lágrimas de Deus.
Lágrimas de felicidade
Que fertilizavam a terra.
Lágrimas de emoção
Que levavam lembranças.
Lágrimas de decepção,
Que inundavam os rios.
Lágrimas, apenas lágrimas,
De um choro sem razão.
E o mundo se cobriu de flores.
E as calçadas ficaram limpas.
E os rios ficaram turvos.
E a vida continuou.
Assim eu também chorei,
Felicidade, emoção, decepção,
Motivos não faltaram,
Mas um dia as lágrimas secaram.


Lília Maria

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ser ou não ser

Não era um romance para ser lido,
Não era um filme para ser visto,
Não era um quadro pendurado na parede.
Era vida entre outras vidas,
Era cor, sabor, perfume de flor,
Era segredo daquela menina,
Era um suspiro de amor.
O que passou despercebido,
Para os que julgavam ser timidez,
Foi o medo de se mostrar,
De não ser aprovada,
E muito mais de não se aprovar.
Pobre vida escondida,
Pobre vida que vai acabar
Sem saber se na verdade
Viveu ou sobreviveu.


Lília Maria

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Poetizando XXIII

 Esta São Paulo umedecida,
Pela garoa intermitente,
Me faz sentir saudade
Do calor do cobertor.
Mas, se como a cidade,
Não dá para parar,
Vou colocar meu melhor casaco,
Um gorro e um cachecol,
E com os pés bem aquecidos,
Lá vou, até que contente,
Para o que o dia mandar.


Lilia Maria

domingo, 26 de abril de 2015

Vencendo um desafio

Nunca fui uma aluna brilhante, mas sempre estava entre os melhores.
Das matérias que ia aprendendo na escola, matemática era a que me deixava mais confortável. Não que eu não me dava bem com as outras, mas era a que eu achava mais fácil. No primário, além de aprender muito bem a fazer as quatro operações, sempre consegui entender e resolver problemas e os professores não exigiam mais do que isso. Fazer contas era detalhe, eu aprendi a fazer e pronto. Nenhuma professora falava porque tinha o tal do “vai um”, “empresta um”, “separa uma” e outras coisinhas que faziam parte da receita. Eu tinha muita vontade de saber, mas como na primeira tentativa de perguntar quase fui parar na diretoria, aceitei como verdade e pronto.
Terminando o 4º ano primário, prestei o exame de admissão ao ginásio. Fui aprovada e assim pulei o quinto ano, que já andava em extinção.
Sair do primário, onde eu tinha apenas uma professora o ano todo, para aquela loucura de quatro a cinco aulas diárias com professores diferentes, uma para cada matéria, parecia um grande desafio. Mas não foi tão difícil assim. Os professores eram ótimos e eu fui me saindo muito bem.
Duas matérias me encantavam: ciências e matemática. Mas uma que eu detestava: geografia. Como chegar numa prova e lembrar todos os afluentes na margem esquerda do rio Amazonas? Hoje eu me pergunto o que isso fez diferença em minha vida.
Com relação à matemática, descobri que era muito mais do que eu havia aprendido, e fui entendendo alguns “por quês”. A professora Maria Luiza era jovem, recém saída da Universidade, e veio trazendo para nós a novidade do momento: matemática moderna. Não que a matemática que eu havia aprendido até agora era velha, mas a forma de apresentar os conceitos, iniciando a construção do pensamento matemático baseado em teoria dos conjuntos, era revolucionária.
No ano seguinte tudo mudou. O professor Amaral era velho, com cara de bravo, mas todo mundo achava que ele era um ótimo professor, pois era dificílimo tirar uma nota maior que 5 nas provas. Ele nunca explicava o porque das coisas. Era regra e está acabado. Como aprender a resolver equação sem saber porque “muda de lado, inverte o sinal” ou “se está multiplicando, passa dividindo”? Era muita “mandracaria” para uma matéria só.
A partir daí, eu estava muito confusa, e assim fui seguindo e empurrando a matemática como a maioria dos colegas e porque não dizer, as pessoas do mundo.
Finalmente acabei o ginásio, e como eu queria muito estudar medicina, me inscrevi no curso científico. De cara meu pai me avisou que ele jamais apoiaria a ideia de ter uma filha médica, mas a escolha estava feita.
Com todas as dúvidas que eu tinha e com uma timidez que não me deixava perguntar nada para a professora, no final do ano fui reprovada. Quando eu fui buscar o resultado do exame, dona Arizia me aconselhou a pegar os meus antigos livros, e passar o resto das férias buscando respostas para as minhas dúvidas. Ela fez algumas observações sobre os pontos que eu deveria colocar mais atenção e me emprestou alguns livros que ela achava que poderiam ser úteis.
Eu estava frustrada, envergonhada, arrasada, mas me deixei abater. Segui rigorosamente os conselhos dela. De repente as coisas começaram a fazer sentido. Eu me sentia assim: eu tinha um grande novelo de lã e havia puxado um fio do meio. Estava tudo embaraçado e eu estava conseguindo desfazer os nós.
No ano seguinte, logo no primeiro dia de aula lancei um desafio: em matemática eu tiraria 10 ou 0, pois prova minha que não fosse o gabarito para correção eu não entregaria. Tirei 0 em uma e 10 em todas as outras.
No segundo colegial, dona Arizia me perguntou seu eu ainda iria “brincar de 10 ou 0”. Eu respondi que não, mas lancei um novo desafio: um dia saber mais matemática do que ela. Estava tomada a decisão, eu iria ser professora de matemática.
Terminando o colegial fui aprovada nos vestibulares da USP e da PUC. Optei pela USP. Lá fui aluna do professor Scipione di Piero Neto, que ao fim do curso me convidou para compor um grupo de autoria de livros didáticos.
Quando a série de livros foi lançada, separei uma coleção completa, envolvi em laços de fita e levei para dá-los de presente para a minha querida mestra.
Ao recebe-los, muito emocionada ela me abraçou e disse: desafio cumprido, agora cuide de mostrar aos seus alunos como é que se desenrola um novelo.
Como professora, sempre contava esta história aos meus alunos e me oferecia para ajudar aos que quisessem aprender a lidar com a matemática. Muitos aceitaram a oferta e dizem que foi comigo que aprenderam esta disciplina tão importante e tão mal compreendida.

 Lilia Maria

sábado, 25 de abril de 2015

Aquele homem

Aquele homem rabugento
Parece que não vê nada da vida,
Nem o que está a seus pés....
E como a barriga é grande
E seu ego também,
Só vê a si próprio,
E mais ninguém.
Pobre homem infeliz!


Lilia Maria

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Descobrimento

Descobriram o Brasil
E jogaram fora o cobertor.


Lilia Maria

Vou vivendo

Sigo a vida apaixonada,
Sou eterna enamorada
Do que passou,
Do que acontece,
Do que há por vir.
Sou amante da vida,
Do que foi bom,
Do que não foi bom também.

 Lília Maria

Loucuras

Se de louco
Todo mundo tem um pouco,
Deixa o pouco acontecer,
Pois a maior loucura nesta vida,
É tentar deixar de louco ser.


 Lília Maria

Poetizando XXII

Quando a alma fala,
A razão se cala.

Lília Maria

Tristeza faz parte

 Quando uma grande tristeza
Vem tomar conta dos nossos corações,
Não adianta palavras de consolo,
Não adianta abraços de consolo,
Não adianta...
A tristeza se instala,
Fica doendo, latejando,
E um dia se torna adormecida.
A alma que padece desse mal,
Eternamente entristecida,
Ainda sorri para a vida,
Pois sendo grande como deve ser,
Guarda espaço para o amor
E vê dia após dia
A fé e a esperança renascer.

 Lília Maria

Conformada

Mesmo não tendo todo tempo do mundo,
Devo esperar a vida acontecer.
Se der, vou saborear com prazer,
Se não der, não era para ser.
E assim a vida segue.

 Lília Maria

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Pensando palavras

 Falas apaixonadas,
Carregadas de emoção,
Precisam ser pesadas
Antes de serem despejadas
Como um dilúvio do coração.

Um pedido de desculpas
Jogado no meio de um palavrório,

Meio que na contramão,
As vezes soam de forma errada,
E vira quase que uma acusação.

Quando a página foi virada,
Não desvire não.
Começar uma nova escrita
Pode ser a melhor opção.

Sonhos já sonhados
Que viraram ilusão,
Podem voltar a fazer parte da pauta,
Mas em nova versão.

Lília Maria

sexta-feira, 17 de abril de 2015

No outono

 Mil tons de verde
Amarelecendo nos jardins,
Anunciam fim do ciclo,
Da exuberância do verão,
Do colorido meio primaveril.
Tudo fica quase triste,
Quase morto,
Quase sonolento,
E vai preparando um festivo retorno
No fim da próxima estação.

Lília Maria

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Despertando

Quando o sol bater em sua janela
Deixe que ele entre devagarinho,
Que ilumine cada cantinho
Da casa,
Da vida
Do coração.
Mas sol, assim como passarinhos,
Não gosta de prisão.
Deixe que ele vague livremente,
E desperte bons sentimentos adormecidos,
Esquecidos sem nenhuma razão.
Ah! Como isso é bom!

Lília Maria

terça-feira, 14 de abril de 2015

Poetizando XXI

Quando a fome aperta
E fica maior que a vontade de comer,
Qualquer coisa vira néctar,
Comida para os deuses satisfazer.

Lilia Maria

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Pensamentos tortos

Quem vai com muita sede ao pote, às vezes se sacia, às vezes morre afogado.

Quem com ferro fere, ferrou.

Quem não tem cão, caça sozinho.

Para cachorro sarnento, pulga é alento.

Lilia Maria


Ah sim... O último pensamento é derivado de uma fala constante da minha sogra, Da. Pepita:

Para cachorro sarnento, tudo é pulga.

 

Outono

O vento frio da manhã
Chega anunciando
Às árvores que ainda exibem frescor:
Vim buscar suas folhas,
Preparem-se para hibernar.
O outono acaba de chegar.

 Lilia Maria

segunda-feira, 6 de abril de 2015

No espelho

Parece que conheço aquela pessoa
Que se mostra postada à minha frente.
Tem o olhar um tanto apagado,
Os cabelos desbotados pelo tempo.
A boca murcha esboça um sorriso.
Linhas vincadas no rosto
São como mapas das memórias
Dos caminhos percorridos até então.
Conheço aquela expressão.
Não parece alguém que sofre
Por ver a vida passar,
Mas alguém que bebe os segundos
Como água fresca da fonte.
Quem é este ser perdido
Que ai postado em minha frente
Parece um outro eu?
Não sei se choro
Ou se solto um extensa gargalhada.
Não há nada mais bizarro
Que olhar-se logo cedo no espelho.


Lília Maria

segunda-feira, 23 de março de 2015

Um chapéu para duas cabeças



Amiga que é amiga
Não precisa pensar igual,
Mas o pensamento de uma
Completa o da outra.
As ideias,
Por mais malucas que sejam,
São sempre respeitadas.
Se deu certo, são festejadas,
Se deu errado,
Em vez do tradicional
- Eu não falei?-
Vem o abraço sincero
De conforto,
De apoio,
De solidariedade.

Amiga que é amiga,
Não precisa estar sempre por perto,
Mas não falta na hora da precisão,
Na hora de dividir alegria,
Na hora de chorar tristeza,
Na hora do luto,
Na comemoração.

E assim vamos nós.
E já que compartilhamos
Estas coisas normais
De pessoas normais,
Podemos então compartilhar
O mesmo velho chapéu
Num belo dia de sol.

Lilia Maria

Celisa querida, é assim que quero sempre estar perto de você, compartilhado as boas coisas que a vida nos traz. Sei que posso contar com você sempre, mas melhor se só forem doces e dias ensolarados, ne?
Feliz aniversário pra você e para aquele moço não tão moço, que um dia sumiu na poeira.
Beijo grande

Lilia



 

Sonhar

Acordar sem despertar
É a forma de manter
O leito aquecido
Para o último sonho perdido.

Adormecer
Vivendo um sonho
É como perpetuar o momento
Que não se quer esquecer.

Lília Maria

Para minha mãe

Do encanto infantil com a vida
À sensibilidade da mulher madura,
Hoje, dentro dela tem um pouco de tudo,
E nada se pode dar como perdido.
É do sorriso espontâneo durante o sono,
E do olhar perdido em pensamentos
Que vive a menina crescida
Dentro da senhora de vida quase exaurida.
Quanto cansaço se vê em seus gestos!
Quanta sabedoria há em suas poucas palavras!
A chama da vida não se apagará
Enquanto ela se sentir protegida
Pelo amor que cultivou por toda vida.


Lília Maria

segunda-feira, 9 de março de 2015

Olhos que veem o futuro...

... enxergam longe!
 

"Os olhos de quem vê o futuro têm distância, focam além do horizonte para enxergar mais de perto, o que não se enxerga mais. São redundantes ao cotidiano e aguçados às transformações, não se turvam ao tempo, contemporâneos da novidade, vanguarda do que ainda não existe.
Os olhos de quem vê o futuro nunca se cansam, ao contrário, ensinam, para que os outros também vejam.
Observe, aprenda, veja e um dia então ensine a ver; este é o melhor futuro que pode ser visto pelos olhos de quem vê o futuro."

 
Desconheço o autor.
 
========
Hoje eu estava procurando um material para montar um quadro de flores para enfeitar o quarto de hóspedes. Olha aqui, ali, acolá, e de repente encontrei um envelope com dezenas e dezenas de folhas A4 impressas. Eram e-mails trocados entre duas pessoas que se gostaram muito num passado mais distante ainda, que se reencontraram, e perceberam que o carinho, o respeito, a confiança, a amizade, estavam ali presentes 25 anos depois.
No entremeio de muita conversa e confidências, brincadeiras e reminiscências,  aparecem textos absolutamente lindos e dignos de serem lidos e relidos, pensados e repensados.
Este que aparece acima é um deles. Lembro-me bem onde ele foi colhido. Era um folheto recebido em uma feira de informática, com um olho enorme como marca d'agua, e este texto impresso ao centro. seja lá qual o produto vinculado, era certamente coisa do futuro, e com certeza algo que hoje, quase 14 anos após, já deve fazer parte do passado de alguma empresa.
O tempo anda passando muito depressa. Claro que fisicamente nada mudou (acho!), mas a velocidade com que as coisas acontecem nos dias atuais nos dão a sensação que cada segundo está cada vez menor.
Estamos acelerados! O efeito de tudo isto só poderá ser sentido daqui algumas gerações. Espero que seja algo para o bem e a prosperidade da humanidade.
 
Lilia Maria
 

domingo, 8 de março de 2015

Ser mulher

Firme como uma rocha,
Suave como uma brisa,
Maleável como o ouro,
Constante como a própria vida.

Ser mulher é ser esteio,
É buscar a perfeição,
É ter luz para iluminar
Os mandos do coração.

Mulher é amor,
É emoção, é razão,
É verso e prosa,
É magia, é canção

Bendita seja esta figura,
Que rege a vida com maestria,
Que tem algo de divino,
De sonho, de alegria.

Lilia Maria

Fui buscar este poema escrito há muito tempo para ser o texto comemorativo do "Dia Internacional da Mulher". Inspiração? Minhas amigas, mulheres guerreiras, que nunca se deixaram abater pelas adversidades que enfrentaram. Elas são exemplos de garra e determinação e muitas vezes me serviram de espelho quando tive que tomar as rédeas da minha própria vida. Um beijo enorme a todas!

Vida

Quanto tempo ainda tenho
Para cumprir minha missão de vida?
Será tempo suficiente
Ou terei que voltar aqui?
A resposta está nas mãos de Deus,
Mas se depender de mim,
Vou para não mais voltar.
E se for inevitável
Quero estar com meus amigos de sempre
Vivendo mais uma aventura.
A vida é um safári arriscado
Com belas paisagens,
Mas feras ferozes
Esperando a hora do jantar.


Lília Maria

quinta-feira, 5 de março de 2015

Não-adeus

Era um adeus provisório,
Um adeus de quem queria ficar,
Sem tempo de acabar.

Era adeus até que os braços
Chegariam para o abraço,
Que nunca iria findar.

Era um adeus em palavras
Ditas, mas não benditas,
Palavras que morrem no ar.

O tempo passou,
O adeus foi ficando,
Findando o tempo de voltar.

Sigo só na esperança
Do dia que, bem sei, não chegará,
O dia de reencontrar.

Lilia Maria



 

Palavras

 
Palavras são pequeninos seres
Que podem sobreviver sozinhas
Ou só fazem sentido
Quando outra encontra,
Ou faz parte de uma dupla,
De um grupo,
De grandes aglomerações.
 
Lilia Maria

Confidentes

Olho as paredes do meu quarto
E me pergunto, já sabendo a resposta,
Onde estão os meus segredos?
Nenhuma resposta...
Assim tenho certeza
Que estão bem guardados
Nas quatro paredes que me envolvem
E que devolvem o silêncio
Daquilo que não querem contar.

Lilia Maria

 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Eu-livro

Nunca ninguém está pronto.
Somos obras inacabadas
E cada capitulo escrito
Não permite revisão.
A morte cessa a escrita,
Mas o ponto final pode vir
No meio de uma explanação.
Ninguém escreve a última página
E espera o tempo acabar.
A vida vai passando,
Escrevemos sempre a penúltima página,
Pois a última será memória póstuma
Que alguém um dia contará.

Lilia Maria



 

domingo, 1 de março de 2015

Poesia

Escreve,
Risca,
Rabisca,
Apaga,
Pensa,
E volta a escrever.
Uma, duas, três,
Muitas palavras.
Uma ideia,
Alguma rima,
Cadência,
E muita emoção.
De repente nasceu poesia,

Filha da alma,
Irmã do coração.

Lilia Maria

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Despertar

 Acordei pensando tudo,
Acordei vivendo nada.
Não poderia ser simplesmente
E tão somente

Acordar?
Só quero uma dia simples,
Um raio de sol,
Um cheirinho de café,
Coragem para levantar,
E deixar o tempo passar.

Lilia Maria

Coisas da cidade

 A chuva que caiu
Lavando a calçada
E levando a terra,
Levou junto folhas mortas,
Restos de lixo,
Papéis escritos,
Coisas perdidas no chão.
Tudo rolou
E o bueiro tragou.
Logo depois veio a enchente.
A cidade ficou doente.

Lilia Maria

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Andando na chuva

O céu nublado anuncia
Que a água virá
Em grossas gotas de chuva.
Chuva, bendita chuva!
Molha a terra,
Lava a alma
Daquele que ousa esperar
No meio da rua, descalço,
Sem nada para se abrigar.
Chuva que lava a alma,
Lava o corpo,
Enche o copo,
Mata a sede de alguém.
Vou sair agora,
Que a chuva não tarda a chegar.
Preciso espantar os pensamentos
Que não me levam a nenhum lugar.


Lília Maria

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

No Carnaval

 Em dia de Colombina
Faz falta o apaixonado Pierrot,
A camélia do galho caída,
Peri e Ceci se beijando,
A paz da bandeira branca,
Confetes caídos ao chão.

O riso e a alegria
Dos palhaços saltitantes
Contagiam a multidão
Que ainda dança no salão.
Mas basta chegar quarta-feira
Para tudo voltar ao lugar.

Lilia Maria

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Divisão

 Invisível pode ser divisível
Em invisíveis partes também.
Divido amor real
Em pequeninos nacos,
Ou pedaços grandes como um trem.
Divido pontos em muitos pontos,
Ou um conto em capítulos de novela.
A luz se divide em cores,
E para o ano se pode escolher,
Estação, meses, dias,
Ou a critério de quem o quer fazer.
Para dividir é só conferir
A regra que se vai seguir.

Lilia Maria

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Razão e coração

Se a cabeça pensa,
E o coração executa,
Tudo certo,
Tudo bem,
Felicidade um dia vem.

Se a cabeça pensa,
E o coração não escuta,
Pode dar certo.
Pode ser bom,
Mas o resultado é loteria.

Lilia Maria

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cismando

Na terra das palmeiras,
Do canto do sabiá,
Fico aqui cismando à noite,
Rolando na cama
Pra lá, pra cá...
É quando penso que a vida
Poderia ser mais simples
E menos sofrida,
Mais curta
E mais curtida,
Mais minha
E menos invadida.
Não foi assim que calculei,
Mais foi assim que deixei ficar.
Azar!


Lilia Maria

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Coisa de criança

Quando adolescente, como todas as garotas da minha idade, eu tinha aquela paixão platônica idealizada, sonhada, contida, que guardava como um grande segredo só dividido com as melhores amigas.
Era muito comum naquela época escrevermos ou transcrevermos quadrinhas para declarar o amor que parecia nunca ter fim.
Procurando por uma carta no meio das inúmeras que guardo daquela época, encontrei algumas que compartilho aqui no blog. Autoria? Sabe Deus...
 
"Je t'aime em francês,
I love you em inglês,
Mas para dizer a verdade,
Eu te amo em português."
 
"Campo verde se alegra
Quando vê o sol nascer,
Assim se alegram os meus olhos
Quando chegam a te ver."
 
"Tanto acostumei meus olhos
A enamorarem-se dos seus,
Que de tanto confundi-los
Já nem sei quais são os meus."
 
"Que beijo é um terrível veneno,
Disseram os velhos sábios,
Pois então quero morrer
Do veneno dos seus lábios."
 
"Sonhei que o fogo gelava,
Sonhei que a neve ardia,
De tanto sonhar o impossível,
Sonhei que você me queria."
 
Lilia Maria
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mágoa

 Mágoa chorada,
É água passada.
Mágoa engolida,
É água represada.
Mágoa rebatida,
É água espirrada.
Mágoa esquecida,
É água parada.
Mágoa é água
Que aflora nos olhos,
Mas nasce no coração.


Lilia Maria

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Caminhada

Ousar novos caminhos
Não é critério,
É condição
Para quem quer ir mais longe
A cada passo na vida
.

Lilia Maria

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Emoção

 Nada mais faz sentido
Quando o novo vira antigo,
Quando o tudo vira nada,
Quando o nascente se faz poente.
Ah! Este mundo tão gigante
Que até parece infinito,
De repente fica pequeno
Para conter uma emoção.

Lilia Maria

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Busca insana

Passei a vida buscando,
Sei lá o que buscava,
O que tanto queria encontrar!
Mas sempre acreditava
Que era o que me faria feliz.
Olhava em cada canto da vida,
Olhos atentos ao mínimo sinal,
Perder por descuido
Por certo seria fatal.
Não, não mataria o corpo,
Mas a alma que deveria ser imortal.
Hoje eu sei,
Da experiência que vivi,
Que nunca irei encontrar,
Aquilo que não perdi.
A felicidade está aqui,
Aqui dentro de mim.

 Lilia Maria

Que pena!

Os olhos pareciam gulosos
Quando viam aquela boca.
Percorrem recantos conhecidos,
Enroscavam onde queria tocar.
Sentia saudades
Do gosto da pele,
Do cheiro
Do tempero
Que um dia sentiu.

Os olhos gulosos
Pediam mais,
E escutava assustado
O que dizia o coração.
Mais... Nunca mais!
Acabou-se o que era doce.
Se provou arregalou-se.
Se não provou não vai provar.
Fique quieta em seu lugar
E engula para não chorar.

Lilia Maria

Remando

Não chegue atrasado,
É tempo de remar,
Contra as ondas, contra o tempo,
Só não deixe a canoa virar.

Vem depressa, mas vem com calma,
O tempo passa e não vai parar,
Aproveita a onda que te leva,
Ao destino que busca chegar.

Aquilo que um dia foi,
Jamais o mesmo será,
A correnteza que o trouxe aqui,
O deixou e não voltará.

Toda água do rio,
Rola e se mistura ao mar,
O doce vira salgado,
É lágrima que vai chorar.

Lilia Maria


Não sei porque escrevi, nem quando e nem para quem, mas escrevi.
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nem um, nem outro

 Não há bem que sempre dure,
Dizem os pessimistas de plantão,
Mas também não há mal que se acabe,
É a opinião dos sempre otimistas.
Entre um e outro,
Prefiro não polemizar,
E vou vivendo o dia a dia,
Conforme Deus mandar.

 Lilia Maria

domingo, 25 de janeiro de 2015

Parabéns São Paulo

Antítese do nome,
Minha São Paulo em nada se apequena,
Nem no melhor, nem no pior.
Mas se há motivos de críticas,
Há motivos para se orgulhar
Desta cidade atrapalhada,
Muitas vezes mal cuidada,
Pelos de fora e pelos daqui.
Parabéns minha cidade,
Apenas parabéns posso dizer,
E declarar o imenso amor
Que hoje eu sinto por você.


Lilia Maria

sábado, 24 de janeiro de 2015

A carta que nunca enviei

Nunca se esqueça que você é um homem,
E eu, mulher.


Nunca se esqueça que
embora a gente viva em dois mundos diferentes,
já andamos por um mesmo caminho.

Nunca se esqueça que
o tempo abranda os sentimentos,
mas as lembranças continuam sempre conosco.

Nunca se esqueça que

acima de todas as mágoas,
existe o perdão.

Nunca se esqueça que
é egoísmo querer ser amado
sem dar amor.

Nunca se esqueça que
há sempre um sorriso amigo
para quem merece.

Nunca se esqueça que eu também sou,
além de mulher,
gente.

Lilia Maria

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Amor perfeito

O que foi feito
Do amor perfeito
Que um dia sonhei pra mim?
Virou flor, bela e formosa,
E foi morar noutro jardim?


 Lilia Maria

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fazendo música

Clave é  a chave
Que solta no pentagrama
As notas musicais.
Nos caminhos das cinco linhas,
Antes de encontrar uma colcheia,
Uma semibreve
Ou uma mínima,
Tenho que ter a clave,
Que nos conta o que tocar.
Depois vem o compasso
Que marca o passo
Que a música vai andar.
E vamos lá,
A historia vai começar.
Clave de sol
Para escutar o mi bemol.
Clave de fá
Faz a mão esquerda trabalhar.
Clave de dó
E vamos solfejar.
Música não é só partitura,
É canto,
É molejo,
É emoção,
É aventura.

Lilia Maria

Na minha época, música a gente aprendia na escola. Tinha orfeão, bandinha, coral, aula teórica, enfim, ninguém saída da escola sem saber minimamente como ler uma pauta musical. Claro que ninguém virava músico só com aqueles conhecimentos, mas já dava para saber alguma coisa nem que fosse para crescer o nível dos conhecimentos gerais.
A música sempre esteve presente na minha casa. Minha mãe tocou violino e depois harmônica. Eu queria aprender piano, mas só foi possível quando mudei para o bairro do Sumaré. Mas a hora de aprender este instrumento já havia passado.
Tentei aprender violão, mas acho que não tinha habilidade alguma. Mesmo assim conseguia fazer acompanhamento para cantar.
Cantar. Ah! Disto eu gostava!
Quando fui estudar em São Carlos achei um parceiro musical que gostava de cantar comigo. Foram duetos inesquecíveis em músicas do Chico, do Vinícius e Toquinho, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Milton Nascimento e por aí vai. Sempre agradeço a Deus por tem me dado um amigo tão precioso como o Mikka.
Hoje o meu violão anda esquecido e a minha voz já não é mais a mesma. Já não tenho o alcance e a afinação que tinha ao cantar, em dueto com o Mikka, "Sem fantasia" do Chico Buarque.
Há algum tempo, estava no Café Piu Piu assistindo o Rogério Santos e um menino, que não me lembro agora o nome, fazia parte do show . Ele cantou Chico como há muito não escutava. Quando acabou, perguntei se ele conhecia "Mulher, vou dizer quanto te amo". Ele disse que não e me pediu para cantarolar. Me empolguei. A voz até saiu cristalina como em tempos de outrora. Ele gostou tanto que me sugeriu que eu entrasse para um curso de canto.
Quem sabe um dia...




Azul neon

Luz fria,
Que mal alumia.
Tem o dom de me acalmar.
Por que será?

Se ainda fosse
Aquele verde vagalume
Que pisca, pisca,
E nunca sei onde está,
Eu diria que é o efeito surpresa
Que me faz rir divertida
Quando dá piruetas no ar.

Mas não!
Ela fica quietinha.
Emanando seu chamado
Como a luz de um doce olhar.

Lilia Maria




 

Rotina

Coisa que não se explica
E nem se justifica,
A gente deixa ficar
E aí vira rotina.

Virou rotina
A gente faz sem pensar
E quando se dá conta
É difícil mudar.

Lilia Maria


 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vai chover?

E lá estava a nuvenzinha...
Pequenina,
Graciosa,
Branquinha de algodão,
Dando cambalhotas no ar,
Feliz feito criança
Que acaba de acordar.
E foi crescendo,
Crescendo,
Cresceu...
Tomou conta do firmamento,
Escondeu os raios de sol,
Foi escurecendo,
Escurecendo,
Escureceu...
O dia virou noite,
Raios,
Trovões,
Chuva torrencial.
A nuvenzinha derreteu,
A natureza agradeceu,
E demos graças a Deus.


Lilia Maria


Está parecendo texto de livro infantil. De repente é uma ideia...

Muito pouco

Quando digo alguns,
Alguns são poucos, mas são.
Quando digo a maioria,
Maioria são muitos, mas não todos.
Alguns ou maioria não importa
Quando é muita quantidade
Para pouco ter
Ou quando é pouco
Para a muitos satisfazer.


Lilia Maria

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Fundo profundo

Fundo do poço,
Fundo do mar,
Fundo da caixa,
Sala do fundo,
Fundo do coração,
O que pode ser mais fundo,

E de repente mais profundo?

Guarda mistérios,
Se esconde a razão,
Sentimentos e sonhos,
Tormentos e ilusão.
No fundo do baú,
Fui buscar inspiração.

Lilia Maria

Dia Torto

O dia nasceu torto.
O sol não raiou,
A chuva caiu,
O ar esfriou,
O despertador não tocou,
Parou.
Acordei atrasada,
Estressada.
O carro não pegou,
A gasolina acabou,
E o dia que nasceu torto,
Mais torto ficou.

Aos trancos e barrancos,
As horas foram passando,
E o dia entortando.
O chefe faltou,
O almoço esfriou,
O computador não ligou,
A ponta do lápis quebrou,
Nem o café chegou.
O dia seguiu torto.

Voltei para casa,
Ônibus lotado
(Lembra, o carro quebrou...),
Meu dinheiro perdi,
Descer, quase não consegui.
Fiquei desolada.
Estou mais que cansada,
Não falta acontecer mais nada.

O dia começou torto...
Mas torto ele não vai terminar.
Nada vai me derrubar.
Um banho quente eu vou tomar,
Meu melhor pijama vou colocar.
No meu quarto vou me abrigar.
Minha cama está me esperando,
Meu travesseiro chamando,
Vou logo dormir e sonhar,
Que um lindo dia vai começar.

Lilia Maria

 
Este poema foi escrito em novembro de 2002. Lembro-me que mostrei para o Pedro, meu parceiro de trabalho. Ele deu muita risada. No dia seguinte, depois da jornada de trabalho, ele olhou sério para mim e falou:
- Você é bruxa? O que você escreveu ontem foi uma premonição.
Acreditem, tudo que está no poema aconteceu de verdade no dia seguinte.

Fim de tarde

Enfim o sol se foi...
Se escondeu no horizonte,
Guardou a alegria do dia.
E findou o entardecer
De forma elegante,
Fascinante,
Instigante,
Repousante.


E eu continuo calada.

Na calada da noite
Minha voz não se ouviu.
A lamúria,
O pranto,
O canto,
O riso.
Tudo empedrou na garganta.

E eu continuo encantada.


No entanto
O encanto
Que trago no coração,
Permanece enroscado,
Travado,
Guardado,
Trancado,
Com o cadeado da razão.

Lilia Maria


Eu estava na beira da represa Guarapiranga. O pôr do sol estava deslumbrante. Fiquei zanzando pra lá e pra cá. Eu tinha tanto para falar... Mas a voz não saia. Eu olhava encantada, ora para o sol que tingia de vermelho o horizonte, ora para aquele senhor meio sério, meio sisudo, meio preocupado com o rumo que as coisas tomavam.
Mais tarde ele confessou que quando se sentia apaixonado, boicotava o próprio coração.
Escrita em 2006.
 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Amor a segunda vista

 Se dissessem que eu iria viver
Aquela história maluca,
Mandaria internar no hospício
Aquele que ousou profetizar.
Era como voltar o tempo,
E fazer o que deveria ser feito,
Para colher frutos no futuro
Que agora era presente.
Não adiantou.
Não se reescreve a história
Daquilo que já passou.
Hoje sinto saudades
Do que nunca houve ou haverá.
Foram palavras ditas ao vento,
Foram cenas de animação,
Realidade fantasmagórica,
Que já nem sei se existiram
Ou eram frutos da imaginação.
O tempo passou,
Mas não a nova velha paixão.
Coisas do coração!

Lilia Maria

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Arqueiro rimador

Poeta pega a palavra
E faz dela a flecha,
Mira a rima e atira.
Se o alvo é certeiro,
Atinge o coração do leitor,
Encanta!
Está feita a poesia.


Lilia Maria


Poesia escrita para o meu ex-aluno-atual-amigo, poeta e cantor Rogerio Santos

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Solitariamente só

Vou fechar os olhos,
Respirar fundo,
E mergulhar.
A água parece fria,
Mas acalma meu corpo quente.
Vestida em vãos pensamentos,
Minha nudez diante do espelho
Mostra uma mulher serena,
Mostra o ventre que já habitado,
Mas vivendo solitária velhice.
Muitos levaram de mim,
Poucos deixaram em mim,
E o que sobrou,
Economizo.

 Lilia Maria

domingo, 4 de janeiro de 2015

Vivendo

Viver é uma arte,
Sonhar faz parte.
De sonho em sonho,
Toda arte à parte,
Vida real pode ser felicidade
Quando aceitamos a realidade
Com alegria e coragem.


Lilia Maria

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Tão longe, tão perto

Olhou para o céu
E viu a lua?
Eu olhei também.
E se vejo aqui
O que vês aí,
É porque estamos juntos
Para todo sempre
Amém.


Lili Maluquinha


Lili Maluquinha é o codinome da Lilia Maria apaixonada pelo passado que virou presente e de repente voltou ao passado. que volta e meia vira presente no coração. Este é o resumo de uma das belas histórias que insisto em guardar.

Linhagem

 Sou quem sou
Porque tenho esta história,
Porque são estes antepassados.
Se fosse outra história,
E outra família a minha,
Eu não seria esta que aqui está.
E se sou assim
É pelo que trago dentro de mim.

Lilia Maria

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Feliz 2015!

E na festa
A promessa
Do torto virar reta
E da reta entortar.
O gordo quer virar magro
E o magro quer engordar.
No meio da lambança,
Diante de muita comilança,
Não sobra nada no prato
Nem um gole na taça.
Agora é hora
De começar tudo outra vez.
Pia limpa,
Comida no fogo,
E vamos lá.
O ano só acaba de começar.


Lilia Maria