domingo, 28 de setembro de 2014

TéManhã

Preciso encontrar graça
Para viver o dia que mal começou.
Abro o jornal,
Ligo a televisão,
E nada! Nada me encanta,
Nada me faz vibrar.
A notícias parecem velhas,
Mesmo aquelas do que acaba de acontecer.
E se nada tem graça,
Vou passar o dia quietinha,
Como fazia quando era menininha,
E aguardava ansiosa
Ao colégio retornar.

Lilia Maria
 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

E depois da vida?

 Fico pensando na vida...
E depois dela,
Como será?...
Será que existe céu?
E inferno, será?
O céu é clarinho, fresquinho,
De anjos cantando,
E nuvens de algodão?
E o inferno?
É vermelho, abafado,
Pouca luz,
Mas quente como verão?
E o que leva a alma
Para um ou para outro?
É a vontade
Ou a quantidade de pecado?
Tem gente santa que prefere o calor...
Eu quero um pouco dos dois.
Pode ser?
Quem vai me responder?
Depois que eu morrer
Vamos ver no que que dá,
E se for bom,
Me ajeito por lá.


Lilia Maria

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Lua cheia

Fugia da lua
Correndo na rua,
Mas ela continuava ali,
Implacável,
Gorda e bela,
Lua cheia de plantão,
Iluminando mais que o lampião.


Lilia Maria

Tempos modernos

 Andei colhendo sorrisos,
Abraços e carinhos,...
Amigos que irão me acompanhar
Pelas alamedas floridas
E mesmo pelos espinhais,
Pois amigos são para todas as horas,
Em todos os tempos,
Ao vivo ou nas redes sociais.


Lilia Maria

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Criado-mudo

O criado-mudo,
Graças a Deus,
Não fala.
Guarda segredos na gaveta
E no tampo,
O que pode ser mostrado.
Mas se contasse tudo que viu
Na sua vida de anos
À cabeceira daquela cama,
Certamente causaria espanto
Com as histórias que guardou.
Não, não foram cenas de amor,
Mas noites de insônia choradas
Em momentos de pura dor.


Lilia Maria

Amor latente

O amor latente,
Lateja,
E vai se transformando
Lentamente
Em amor dormente...
Que dói sem ter razão.


O amor latente,
Insolente,
Insiste em permanecer,
Como se fora vitalício,
Mesmo que a princípio
Brincava de se esconde


Lilia Maria

domingo, 21 de setembro de 2014

Silêncio

Quanto silêncio nesta casa!
Parece uma igreja vazia
Depois da missa do dia,
De portas fechadas,
Sem luz,
Sem oração.

Quanto silêncio nesta casa!
Enquanto todos dormem
O sono dos bons
E dos justos,
Mantenho os olhos abertos
Cuidando do meu quinhão.

Quanto silêncio nesta casa!
E ao me ver assim sozinha
Tenho saudades da juventude,
Dos sonhos,
Das paixões perseguidas
Que alimentavam a ilusão.

Quanto silêncio nesta casa!
Já nem sei se tenho voz
Ou se emudeci,
Se as palavras esqueci,
Se continuo aqui
Enquanto a vida segue em vão.

Quanto silêncio nesta casa!
Preciso quebra-lo enquanto posso,
Preciso sair deste marasmo.
Que faço então?
Abro portas e janelas,
E ligo a televisão.

Ah! Este barulho!
Tem música,
Gente falando,
Carros buzinam na esquina,
E até me parece poesia
O barulho do avião.

Lilia Maria

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Tonterias

Parecia fanático
O amor lunático
Movido a paixão.

E em busca eclética
Na onda cibernética
Encontrou o coração.

Parecia tudo certo,
O caminho estava aberto
Ao encontro presencial.

E o amor que parecia imenso,
Tão forte e tão denso,
Sucumbiu nas águas do temporal.

Lilia Maria

domingo, 7 de setembro de 2014

Responda se puder

 Amor, via de mão dupla,
O meu, contramão,
Tenho amor, então?

Triste é o fim,
Seja lá do que for,
Estou triste, acabou?

Nasce e renasce,
Há luz sempre a brilhar,
Por que não quero enxergar?

Ficar sentada na estrada,
Esperando a vida passar,
Posso na vida embarcar?

Doce mistério da vida,
É o mundo a desbravar,
Alguém pode me ajudar?

Ganhar o jogo de virada
É o sonho do jogador,
Volto então a jogar?

Pergunta sem resposta
Sempre se pode fazer,
Alguém vai me responder?

Espelho, espelho meu,
Espelho que Deus me deu,
Existe alguém mais louca que eu?



Lilia Maria

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Pós-chuva

Piso molhado,
A luz refletida.
Depois da chuva
A rua parece ganhar vida.
Cores de fundem,
O brilho das poças
São como estrelas
Que caíram do céu
Para marcar um caminho.

Lilia Maria

Setembro

Quantos setembros já vivi
Debaixo deste céu azul
Ou com chuva e frio?
Quantas alegres primaveras
Passei aqui?
O tempo é nada
Quando se é feliz,

Lilia Maria