terça-feira, 22 de novembro de 2016

Em tempo

Esperei tanto
Que adormeci.
Sonhei,
Fui feliz.
Mas quando acordei...
Tudo nublado,
Envelheci.
Dá para me acordar
Antes que a chuva chegue
Para dizer que morri?


Lilia Maria

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Desencontro

Um fechou a boca,
O outro, os ouvidos.
Como se entender assim?

Lilia Maria

Lua de mel

Tem mel na lua?
As abelhas migraram
E foram fazer favo?
No tempo que a gente se amava,
E buscava em doces recantos...
Prazer para o corpo,
E alento para a alma,
O favo foi construido,
Mas o mel rareando.
Amor, vamos criar abelhas?

Lilia Maria

domingo, 20 de novembro de 2016

A vida continua

 Algo se partiu
Quando você partiu.
E a fenda deixada
Se transformou,
Ao longo do tempo,
Em uma bela cicatriz.

Como a gente se acostuma
Com aquilo que está sempre presente,
Hoje, ela não faz diferença,
Ela não dói,
Quase não consigo vê-la
Quando olho dentro de mim.

Mas, ainda há sonhos
Que sozinha vou realizar.
Estes, são diferentes
Dos sonhos de outrora,
São momentos de luz
Que fazem a vida continuar.

Sigo a carreira solo,
Em solo rico e fértil,
Como fértil é a imaginação,
Que constrói um mundo fantástico,
Sem saudades,
Daquilo que não vai voltar.

Lilia Maria

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Misterioso

Usava vestimentas pesadas,
Como se quisesse esconder
As marcas da vida,
Os resquícios da saudade,
Os espasmos de dor.
E na voz baixa e suave,
Tinha palavras perdidas
Dentro de um discurso de amor.
Deslizando na noite escura
Deixava um rastro de luz,
Como se fora um pirilampo
A procura de calor.
Foi embora como chegou,
Nada deixou,
Nada levou.

Lilia Maria

Então...

Morar em seus sonhos foi fácil,
Mas foi efêmero.
Então o sonho virou pesadelo,
E eu virei imortal.
Foi um desígnio de Deus
Que a vida vetou.


Lilia Maria

Esperando o sono chegar

Lençóis brancos,
Cama feita,
Parece esperar alguém,
Alguém que nunca vem.
A culpa é do sono,
Sono que ele não tem.


Lilia Maria

Centlha de Amor

Que de repente uma centelha de amor
Traga vida à sua vida
E ilumine as suas memórias.
Um sonho de infância,
Um amor adolescente,
Uma vitória conquistada,
Seja lá o que for,
Que um sorriso brote em seus lábios,
Como um sopro de esperança.


Lilia Maria

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Livro da vida

Ao escrevermos mais uma página no livro da vida,
podemos usar caneta com tinta permanente,
ou lápis grafite.
O lápis grafite, com o passar do tempo

vai esmaecendo, esmaecendo, esmaecendo...
Até que finalmente
não sobrar mais nenhum vestígio daquilo que foi escrito.
Já a tinta permanente, p

or mais tempo que passe,
cada palavra estará lá enquanto o livro existir. 

 Lilia Maria

sábado, 15 de outubro de 2016

Professor

O professor professa...
Sua fé,
Sua esperança,

Seus sonhos,
Seu saber.
Bendito seja
O professor fiel
Ao que acredita.

Lilia Maria

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Horário de Verão

Adianto o relógio mais uma vez,
Fico mais velha de repente,
Fico com sono e com fome,
Mas ainda não é hora.


E o dia fica longo,
O sol esquece de se por.
Dá tempo de fazer tanta coisa
Que às vezes me pergunto
Como pode o dia ter ficado grande
Se tudo começou quando ele encurtou?


Lilia Maria

Sempre vou te amar

Pelo tempo que passou,
Pelo tempo que virá,

Eu te amo

E sempre vou te amar.

Não importa a distância,
Ou a paciência que tenho
Quando fico a te esperar,
Eu te amo, 

E sempre vou te amar.

Lilia Maria

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Eu e eu...

Eu queria ser feliz,
E com o tempo percebi,
Que a felicidade não está no outro,
Ela vive em mim.
E aprendi também
Que o amor da minha vida
É quem me faz perceber
Que sou feliz comigo.


Lilia Maria

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Jogo do contente

Hoje acordei fazendo uma reflexão.
Passei a vida dizendo que não gostava ou não queria alguma coisa por sentir que era impossível tê-la ou obtê-la. Era fazer sempre o jogo do contente para não se sentir infeliz.
A vida passou e hoje acho que não sei muito do que gosto e muitas vezes quem sou... Que droga!


Lilia Maria

sábado, 6 de agosto de 2016

Brasil

Ah! Este Brasil lindo e trigueiro, este Brasil brasileiro! É terra de samba e pandeiro, de desorganização e improvisos, mas chega lá, e encanta.
Ah! Este Brasil brasileiro, este Brasil hospitaleiro, que acolhe com carinho e emoção.
Ah! Meu Brasil brasileiro, apesar de tudo, eu te amo de paixão...


Lilia Maria

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Para Andrea

Minha querida filha, hoje, quando você completa mais um ano de vida, eu queria deixar aqui uma mensagem linda, feito aquela que você me presenteou quando eu fiz 50 anos. Aí fiquei lembrando de momentos felizes. Quer momento mais feliz e ao mesmo tempo repleto de ansiedade do que conversar com a barriga? Então... Eu cantava pra você quando você ainda morava em mim. Eram momentos de encanto e prazer. Leãozinho e a Valsa para uma menininha eram as minhas preferidas, e acho que as suas também. Escolhi uma delas, porque mais do que nunca você é a minha menininha do coração que cresceu, amadureceu e hoje está prestes a começar definitivamente a sua família. Um beijo minha filha, e que Deus a ilumine.

Lilia Maria
https://youtu.be/gBe7KPyZ-fY

 

domingo, 24 de julho de 2016

Convite de casamento

Estou aqui, sozinha, mas namorando... Namorando o convite de casamento da minha filha. E quantas lembranças vou buscando nos porões da cachola!!! São imagens guardadas, conversas, risos, brincadeiras, situações... Quanta coisa boa.
Seja feliz minha filha! Nada me deixa mais realizada, mais vitoriosa, do que o brilho dos seus olhos quando você está com o Ricardo, quando vocês falam do futuro que planejam com tanto amor. É a parceria, a cumplicidade, a confiança que vejo em vocês que me dão certeza que vocês estão no caminho certo. Que Deus os abençoe sempre!


Lilia Maria
 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Quando o amor acontece

Quando o amor acontece
A alma se aquece
E o coração palpita.

Quando o amor acontece...
A vida enternece
E a tristeza se esvai.


Quando o amor acontece
Não importa o tempo,
Pois é sempre presente.

Quando o amor acontece
Olhamos sempre o espelho
No olhar de quem nos olha também.

Quando o amor acontece
Não somos mais estanques,
Mas sim a continuação do outro ser.

Quando a amor acontece
Tudo muda de rumo,
Tudo ganha cor e sabor.

O amor é um milagre divino,
É paz, é calmaria,
É alegria, é satisfação,

Lilia Maria

domingo, 29 de maio de 2016

Sintonia

Se penso em você,
E você pensa em mim,
Juntos pensamos longe,
E longe,
Não é tão distante assim.


Hoje não sinto seu cheiro,
Não vejo sua cor,
Mas percebo nossos corações pulsando
No mesmo compasso,
No mesmo prelúdio de amor.

Lilia Maria

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Cacos de uma vida

Era um quintal de cacos
Na casa dos meus pais.
Cada pedacinho tinha um formato,
Nada encaixava com nada,
Mas o cimento cinza os unia
De forma a ter um piso uniforme.
Às vezes me parecia
Que eles eram como a história
Das pessoas que ali viviam.


Lilia Maria

Estações

Uma luz leve e sutil
Acordou a manhã do seu sono,
Mas sobrou a letargia cansada
Da finda madrugada.
O sol nem raiou e já só pôs
Atrás das nuvens de frio.
É o outono chamando o inverno.
É tempo de recolher brilho
E preparar o júbilo da primavera,
Que mais cedo ou mais tarde,
Há de voltar à este palco.


Lilia Maria

domingo, 15 de maio de 2016

Instante

A vida é apenas um suspiro,
Um piscar de olhos,
Uma centelha.
E neste breve momento,
Cabe todos os sentimentos,
As emoções,
Uma trajetória.
A vida é uma contradição,
É tão rápida que não a vemos passar,
Mas é tão longa que vale uma história.


Lilia Maria

domingo, 8 de maio de 2016

Dia das mães

Porque tem um dia,
Dia igual aos outros dias,
Mas que é o encontro marcado
Para abraçar a mãe.
Mãe presente,
Mãe ausente,
Mãe próxima ou distante,
Mãe do ventre ou do coração,
Todas recebem o carinho,
Real ou virtual,
Dos filhos que Deus lhe confiou.
Feliz dia!


Lilia Maria

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Hino Nacional

E que mudem o Hino Nacional!
A madrastra mãe gentil,
Mas mesmo assim amada,
Salve, salve,
Brasil.


Lilia Maria

sábado, 16 de abril de 2016

Sei lá, então...

Revolução,
Revela ação,
Dia de cão.
Ilusão.
Tempo perdido,
Pensamento vão.
Evoluindo,
Muitas palavras,
Pouca significação.


Lilia Maria

sábado, 19 de março de 2016

Maria Fumaça

A Maria Fumaça ,
Que graça,
Anda meio rebolando,
Cantando e encantando
Quem está dentro...
E quem mora ao longo do trilho.


E ruge forte seu apito,
Se faz presente
Ao serpentear pela trilha.
Brilha e faz brilhar os olhos
De quem tem na memória
Alguma história feliz.

Lilia Maria

terça-feira, 8 de março de 2016

Avareza

Como um avarento
Que guarda todas as moedas que vê,
Ando economizando palavras.
Quem sabe quando elas forem muitas
E eu não tiver mais como guardar,
Acabo escrevendo um livro
Contanto quem sou.


Lilia Maria

De repente adormeci

Psiu! Não fale nada agora,
Preciso escutar o silêncio
Que canta uma canção de ninar.
Como eu queria dormir!
Sentir o sono chegando,
Os olhos devagar se fechando,
O corpo todo relaxando,
A paz invadindo a minh'alma.
Como eu queria zzzzzz...


Lilia Maria

quarta-feira, 2 de março de 2016

Eternidade

 Alô, alô eternidade!
É para aí que vai a amizade?
O amor?
Os sonhos?
A mentira e a verdade?
É na eternidade que mora a sabedoria?
Aquilo que vivi e nem queria?
Eternidade é como a casa da vó,
Um lugar de felicidade.
Então eternidade,
Guarda em seu seio meus amigos,
Cuida deles com carinho,
Que um dia chego aí.


Lilia Maria

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Livre arbítrio

 Mesmo sem saber
Temos arbítrio sobre o nosso ser.
Rir ou chorar é uma opção
Tanto quanto dizer sim ou não.
Optar às vezes é um querer,
Outras vezes, uma necessidade,
Mas mesmo assim, uma escolha
Entre a ilusão e a realidade.


Lilia Maria

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Atrasada

 Esperei tanto pelo nascer do sol,
Pelo dia clarear,
Pelo sono passar,
Pela manhã chegar,
Que de tanto esperar,
Acabei perdendo a hora,
E o tempo de despertar.


Lilia Maria

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O amor e a geometria

O amor, por garantia,
Fez sua própria geometria,
Que eu procuro compreender.


Ela não é Euclidiana,
Pois as paralelas se encontram,
Assim, de repente,
E nem é no infinito.
Pode ser em um dia bonito,
De sol de quente de verão,
Na rua, no bar, no portão,
Onde quer que possa
Uma história de amor nascer.

De dois pontos sobrepostos,
Outros  tantos vão nascer,
Um prole, uma família,
Em linhas retas ou curvas.
No mesmo plano são polígonos,
Ângulos, círculos,
Em outros, viram esferas,
Pirâmides, cones,
Figuras estapafúrdias,
Que não se tem como descrever,
Mas sempre convergem para a origem,
Seja lá onde viver.

O amor em sua geometria
Pode ter ou não solução,
Pode ser simples como cubo,
Ou complexo como a flecha que se atira
Esperando acertar o alvo
Bem no meio de um coração.

Lilia Maria

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Cadê

Cadê a letra que estava aqui?
Virou palavra.
Cadê a palavra que estava aqui?
Virou verso.
Cadê o verso que estava aqui?
Virou estrofe.
Cadê a estrofe que estava aqui?
Virou poema.
E o poema?

Cadê?
Era muito ruim e eu apaguei.


Lilia Maria

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Comi e nâo gostei

Só tem nó na garganta
Quem engole corda, lã,
Linhas e afins.
Quem engole sapo
Quando muito cria brejo,
E de lá,
De repente,
Saem cobras e lagartos.
É melhor esbravejar
Do que ser muito educado
E ficar comendo o que não deve.
Comida demais engorda.


Lilia Maria

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Partiu

 O olhar era triste,
Parecia cansado.
O sorriso pequeno
Não tinha a mesma alegria,
Mas não mostrava arrependimento
Do rumo tomado.
Amanhã tudo voltará ao normal,
A saudade, a lembrança,
Será apenas mais uma coisa
A fazer parte da rotina.
Vai lá menina!
O mundo continua seu.

Lilia Maria

Tempo de despedida

- Vou partir...
Partir?
O bolo?
A torta?
O pão?
Parta minha filha,
E me dê um pedaço também.
- Mãe! Vou partir!
Sim, parta e reparta
Com arte,
E fique com a melhor parte.
Mãe! Fui!
E eu fiquei aqui
Com vontade de comer...

Lilia Maria

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Nublado

 A cidade parece adormecida,
Envolta em lúgubre cinza
Que do céu despenca...
Em forma de garoa grossa e fria.

Lilia Maria

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Envelheci

 Julgo saber pouco
Da vida, do mundo, de mim.
Já não presto atenção nos caminhos,
Que se tornaram monótonos e sem brilho.
Já não olho o espelho,
Pois das marcas do tempo perdi a conta.
Tentei voltar a cantar,
Mas a voz que ouvi
Era rouca e sem apuro.
O tempo passou e eu nem vi,
Foi um piscar de olhos e
Eis-me aqui,
Fiapo de tristeza,
Dentro da constelação universal.


Lilia Maria

sábado, 30 de janeiro de 2016

O vestido de casamento

Estou aqui meio gripada, meio cansada, mas com a cabeça revirando lembranças.

Eu me casei num longínquo 19 de setembro. Embrora já tivesse quase 29 anos, acho que guardava todos os sonhos da menina, da adolescente, da jovem muito jovem. Eu era (e sou) uma romântica incorrigível. 

Minha família estava bem de vida, mas não dava para imaginar uma festa grande, com jantar, música para dançar, e todas estas coisas que hoje as noivas não abrem mão. 

Num sábado, bem antes da data, lá fomos nós na famosa Rua São Caetano para escolher o vestido, que seria presente dos meu pais.

Olhamos várias vitrines, nada me encantava. Aí minha irmã teve a ideia: vamos entrar numa loja que pareça ter boas costureiras e bordadeiras, e vamos assuntar.

Entramos. Veio o figurinista nos atender. Expliquei cuidadosamente o que queria. Ele arregalou os olhos. Nada disso, disse, uma noiva de meia idade tem que se colocar no lugar. E começou a desenhar um vestido tipo tubo, justíssimo, com uma fenda enorme atrás , um drapeado na frente que terminava em um losango bordado em pedrarias. Na cabeça, um arremedo de chapéu, com flores e um discreto véuzinho cobrindo o rosto. 

Credo! Falei, deste jeito foi parecer avó do meu noivo! Ele perguntou: ele é mais novo que você? Sim, respondi, então arruma outro mais velho, aqui o seu vestido será este...

Lilia Maria

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Ponto final

 Lá onde jazia
O ponto final da linha,
Jazia o sonho findo,
Triste, mas lindo,
Como linda é toda a história
De um pequeno grande amor.
Já domino o tempo de chorar,
Pois lágrimas agora não vão adiantar,
Elas serviriam apenas para lavar
A alma, o coração, as lembranças,
Que para sempre hão ficar
Guardadas em meu coração.

Lilia Maria

Para Bruna

Olho a moça linda,
De sorriso doce e gentil,
E vejo ainda um bebê,
De olhos curiosos,
Buscando seus sonhos,...
Suas verdades,
Seu destino.
Não é fácil crescer,
Mas é inevitável.
Então vai minha pequena,
Vai ganhar o mundo,
Pois a caminhada é longa.
Que o seu caminho tenha muito brilho,
Pois o brilho ilumina a trilha
Que termina em júbilo.

Lilia Maria


Escrito para Bruna Scuracchio Fernandes, no dia do seu 17º aniversário.


 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Feliz Aniversário

É tão bonita esta menina,
Que nada precisa para enfeitar,
Ao contrário,
Ela enfeita,
O dia, a casa, qualquer lugar.
Que sua graça e simpatia,
Que encanta e contagia,...
Estejam sempre presentes,
Em seu sorriso,
Em seu olhar.

Lilia Maria


Para Drica Sampaio no dia do seu aniversário.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Boas lembranças

Meia noite,
O homem pelado passou,
A cidade esvaziou.
E nem era dia de lobisomem,
Não tinha lua cheia,.
Não tinha cachorro uivando,
Só a louca ventania,
Que a rua varria
E os meus olhos de ciscos enchia.
Saudades da juventude,
Da música da serenata,
Que me transformava em sonhadora,
Mesmo sem conseguir dormir.

Lilia Maria

Em tempo, na minha São Carlos querida, de repente a rua ficava vazia. Olhava o relógio espantada, pensando já ser madrugada. Qual o que, passava um pouco das dez. Sempre alguém brincava: o homem pelado acabou de passar.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nuvens

Que bando de carneirinhos é aquele
Que logo cedo apontou no céu?
Correm ao sabor do vento,
Enrolam, embolam,
Brincam, dão piruetas,
Encobrem o sol,
Escurecem,
E se transformam em água...
Que pena!
Eles eram tão fofinhos!


Lilia Maria

Quando eu era menina, e ficava olhando as nuvens no céu, exercitava muito a imaginação. Das pequenas nuvens fazia manadas e manadas de bichos, que se transformavam em pessoas, que acabavam virando paisagens, que se acabavam em chuvas torrenciais. Se era hora de brincar, ou se demorava muito a passar, de alguma forma ia para a rua desenhar o sol. Minha mãe dizia que era simpatia para chamar de volta a calmaria. Que saudades da minha infância!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Eu só queria ser feliz

 Nasci em uma casa pobre,
De regras rígidas,
Onde até conseguia brincar
Desde que fosse dentro do estabelecido.
Cresci, estudei,
Até virei celebridade,
Mas não era este o plano,
Eu só queria ser feliz.

E dentro da busca da felicidade,
Perdi meu príncipe encantado
Por ser meio covarde.
Ele se foi e a vida continuou,
Afinal não existe um só príncipe no mundo.
Outros vieram,
Mas apenas um realmente me encantou.
Ah! Como era bom ser feliz!

Segui a vida pensando,
Realmente acreditando,
Que aquilo era tudo que eu precisava,
Nada mais era preciso buscar.
Emburreci, acomodei, dormi.
Para mim aquela felicidade era muito,
Mas para o outro, era pouco,
Muito pouco.
Ele se foi e eu fiquei,
Pensando que o que eu queria
Era apenas ser feliz.


Refeita do susto,
Outros príncipes vieram.
Um era louco,
O outro tosco,
E de repente volta ao primeiro,
Mas não tem mais o encanto.
A duras penas percebi
Que não preciso de um príncipe,
Preciso apenas de mim.


Lilia Maria



 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Hoje eu sou lâmpada

Olho a lâmpada apagada,
Solitária, fria, infeliz.
E quando se aperta o interruptor,
Está pronta para luz emanar,
Aquecer, descortinar.
É amiga, companheira,
Prestativa, promissora.
E assim acesa,
Mesmo que de longe,
Participa
Da festa, do jantar, da calmaria.
É silenciosa, não reclama,
Clareia a sala, o quarto,
O banheiro, a cozinha.
Guarda segredos
Que jamais alguém ousou contar.
Um dia sua vida acaba,
Pobre lâmpada usada!
Sem pesar é descartada,
E outra toma o seu lugar.

Lilia Maria