sábado, 28 de julho de 2012

Coração

E aqui fica um pouco de tudo...
Um pouco das histórias pueris,
Dos namoros de longe,
Das grandes paixões...

E aqui eu guardo cada abraço,
Longos, rapidinhos,
Abertados, frouxos,
Um laço, um lance...

E guardo beijos inesquecíveis
No rosto, na testa,
Nos cabelos, nos lábios,
E onde mais for a imaginação.

E guardo olhares perdidos,
Frases ditas na hora certa,
Sorrisos largos ou furtivos,
Coisas que eu não abro mão.

Aqui guardo amigos,
Guardo amores,
Pois tudo que me faz bem
Cabe dentro do meu coração


Lilia Maria

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Devagar se vai ao longe

Quem busca o infinito
Termina sempre aflito
Por não conseguir chegar.
Mas caminha, companheiro!
Coloque o infinito à sua frente,
Agregue a distância percorrida
Ao destino a alcançar.
Mesmo que não chegue nunca,
Nunca fica sendo o lugar.

Lilia Maria

Coração machucado

Um remendo aqui,
Um curativo ali,
E a gente vai vivendo
Sem aprender a lição.


Pobre coração!
De tropeço em tropeço
Continua batendo,
Mas apanhando da ilusão.


Sangra, chora,
Adormece cansado
E acorda apaixonado
Para a próxima edição.


Lilia Maria



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aureos tempos

Não me refero mais aos tempos da nossa infância ou juventude como velhos tempos. Foram anos de ouro! Anos que andamos na corda bamba entre os ensinamentos dos antigos e a nova consciência que vinha surgindo. Andamos entre a hipocrisia de uma sociedade que condenava o nosso livre pensar, mas que fizeram na calada da noite tudo aquilo que expúnhamos no nosso jeito, muitas vezes até ingênuo, de ver a vida.

Batalhamos por mudanças. Mudamos. Vencemos e fomos vencidos. Comemoramos, e muitas vezes com um gosto amargo, os nossos passos em busca da liberdade, da individualidade e das nossas crenças.

Crescemos, assumimos riscos, e pautamos as nossas vidas pelos valores que fomos filtrando ao longo do tempo. Hoje, desnudos dos preconceitos e da falsa moral que tentaram nos impingir, temos a certeza que a transição ainda não acabou. Somos atores desta história. Mesmo como coadjuvantes, damos sustentação a esta juventude que muitas vezes parece perdida diante de um mundo cada vez mais receptivo aos novos movimentos.

Lilia Maria

 Revisto e repostado

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vale presente


O sapato da princesa
Tinha que ter rara beleza,
Pois bela era a menina
Que ele aquecia os pés.

Escolha ao seu gosto
E eu a presentearei,
Pois você foi também um presente
Que eu ganhei de Deus.

Sua mãe

Amanhã, dia 25 de julho, é aniversário da minha filha.
Como ele me pediu um sapato de presente e eu não tive tempo de comprar, escrevi o vale presente.
Vale presente é uma ideia dela.
O vale que eu mais gostei daqueles que ela distribuiu foi o "Vale uma Valsa" para o seu padrinho de batismo. Ele foi presenteado no dia do aniversário dela e a valsa seria dançada no baile de formatura do 3. colegial.
Esta é a minha Andreinha, cheia das surpresas.
Beijos minha filha! Que Deus a abençoe sempre.

Lilia Maria

Beijo soprado

Beijo soprado,
No ar apanhado,
Como se apanha um pensamento.
Beijo guardado
Como tempos felizes,
Como horas roubadas,
Como juras trocadas,
Num arquivo do computador.
Escuto o beijo soprado
Mais uma vez...
Mas do outro lado
Não há interlocutor.

Lilia Maria

Eu amo o ciberespaço...
Se um dia me mudar deste mundo, é pra lá que eu vou...

domingo, 22 de julho de 2012

Pão! Êta trem bão...

Fresquinho, 
Quentinho,
Com manteiga
Ou pão com pão.
Tem coisa melhor?
Descobri que tem,
Mas não vou contar.
Quem quer saber
Vai ter que advinhar...
Ou experimentar...
Pão com queijo,
Pão e um beijo,
Pão com geléia,
Pão delícia,
Pão de minuto,
Da hora boa
Do fim da tarde.
Sem pressa de ir embora,
Sem pressa de terminar.
Vem que a fornada está saindo,
Vem que o café está quentinho,
É só chegar 
E ficar.
Servido????


Lilia Maria

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Acupuntura


Me espeta,
Me pica,
Belisca
E aperta.

Me sangra,
Me suga,
Me queima
E eu, quieta.

Tudo para obter alivio
Dos males que vão
Na alma e no corpo,
A tristeza,
A insonia,
As dores
Os rancores.

E depois que acaba a sessão,
Carregando agulhas
No corpo e no bolso,
Volto para casa segura
Que continuo com a acupuntura.

Lilia Maria

Escrita em 25/11/2005 para Dra. Monica Perez, acupunturista, entre outras coisas.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Gostar não é amar


Olhando pelo mesmo ângulo
Fica tudo proporcional,
Fica tudo semelhante,
E semelhante não é igual.
À medida que busco um elo
Para ligar meu mundo ao paralelo,
Parece que alguma coisa não quer encaixar
E me perco na perpendicular.
Não sei se é um círculo
Ou uma simples circunferência
Que me falta para chegar
Ao centro deste problema
Que me faz pensar e repensar.
Repenso gestos e palavras,
Repenso a forma de gostar.

Lilia Maria

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Vivendo


No meio de muita fala,
Das contas que faço e conto,
Aparece meu mundo em escala
Pedindo mais atenção.
Um em duzentos milhões
É a razão do que procuro.
Lembrar e esquecer,
Dia após dia,
Até de amor morrer.

Lilia Maria

domingo, 8 de julho de 2012

Matematicar (I)

Nas retas
Traçam-se metas
Certas,
Corretas,
Até tropeçar na transversal.
Aí fica tudo proporcional.

Lilia Maria

E vamos matematicar...

sábado, 7 de julho de 2012

Apaixonadamente


Eram conversas puras.
Pueris,
Quase infantis,
Juvenis.
Tinham graças,
Gracejos,
Lampejos de amor,
Esperanças,
Promessas,
E realidade.
Tinham paixão,
Excitação,
Vontade de nunca dizer não.
Eram sonhos tímidos,
Encantadores,
Escancarados,
Desencontrados,
Exuberantes,
Apaixonantes.
Nada foi perdido,
Nem o tempo de viver
Os amores do alvorecer.

Lilia  Maria

Criador e criatura

Poesia é arte
E faz parte
Do mundo da criação.
Poeta é o artesão
Que reúne palavras
Que brotam no coração.

Poesia é rima
Ou o termo que combina
Com a idéia
Que da mente do poeta brotou.
Poeta é gente boa,
Poeta é gente linda
Que espalha emoção

E me faz pensar no que sou.

Poesia alimenta a alma,
Acalma o espírito,
Para a canção da vida, dá o tom.
Poesia é um sonho bom.
Poeta é sonhador,
Poeta é encantador,

Poeta é mais que gente,
Poeta é amor.

Poesia é o pensamento
Que o poeta não guardou.
Poeta não faz segredo
Daquilo que pensou.


Lilia Maria & Rô Martins

Poesia escrita a quatro mãos em março de 2011 e editada hoje. 
Ela nasceu de uma conversa entre nós. 
Papo inspirado, 
Cheio de significado, 
Cheio de cor .
Olha que isso vai virar poesia também... rs...



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Qualquer bobagem

Para de dizer
O que eu posso
Ou não posso fazer.
Para de açoitar minhas palavras.
Se te fazem mal,
Não leia.
Pensamentos e sentimentos
São livres,
Cada um tem os seus.
Não tenho culpa
Da mordaça que carregas.
Não tenho culpa
Se tens um ditador.

Lilia Maria

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cantiga Antiga

Eu fiz uma cantiga bem antiga pra você
Pensando que você fosse gostar
Voltar no nosso tempo de crianças
Quando a gente ainda brincava
Eu puxava as suas tranças
Só pra ver você zangar
Você zangava e me chamava
De boboca perna torta
Perna torta é a vó...
Eu fiz uma cantiga muito antiga pra você
Tentando só fazer você lembrar
Que eu era o menino calças curtas
De cabelo arrepiado
Que queria ser soldado
Do primeiro batalhão
E ganhar mais de 1 milhão
E a gente se casar
Eu fiz esta cantiga tão antiga.
Tão antiga que você
Nem vai lembrar...
(Silvio Cesar / Sylvan Paezzo)

Hoje acordei saudosista...
Olhei o violão encostado na parede do meu quarto e lembrei desta música. Se alguém mais lembrar vai denunciar a idade... (rs) Sei que ela foi gravada em 1968.
Mas as lembranças que ela me traz são muito mais antigas (embora eu tenha começado a usar tranças quando entrei na Universidade – até então eu era obrigada a cortar os cabelos porque meu pai dizia que meu cabelo era igual ao de uma espiga de milho – simpático, n’é?)
Lembrei de férias passadas em São Carlos, na casa da minha avó, início da adolescência, as brincadeiras de rua logo depois do jantar, quando os mais velhos estavam entretidos com os telejornais e as novelas.
Tudo começava com queimada e mãe da rua. A turma ia chegando, olhares compridos eram trocados, o pessoal ia se ajeitando, e quando começava a bater o cansaço de tanto correr alguém sempre tinha a brilhante idéia: - vamos brincar de namoro no escuro? Nos dias atuais esta brincadeira poderia ter outro significado, mas na época... Hoje os nossos filhos diriam que éramos uns bobocas...
A brincadeira era mais ou menos assim: Tinha um “animador”, o “premiado” e os outros eram os possíveis escolhidos. O “animador” vendava os olhos do “premiado” e seguia apontando para os “possíveis escolhidos” perguntado: - quer este? A resposta era sim ou não. Quando o premiado escolhia alguém, o “animador” perguntava: Beijo, abraço ou aperto de mão? Era aí que a coisa ficava engraçada. Um menino tendo que beijar um menino era hilário. Aconteciam mil palhaçadas. Mas se o beijo tivesse que ser entre um casal... Nossa! Batia a timidez... Claro que ninguém beijava ninguém... Mas a vontade era grande. Que pena! Agora só resta a saudade.

Enquanto estava escrevendo este "post" não pude deixar de pensar na minha prima Silvana, parceira de muitas histórias, com quem eu dividi todos os pequenos grandes segredos até a juventude. 
Pensei também no meu soldado sério e sisudo que sonhava comigo enquanto eu sonhava com ele. E se ele não fez uma cantiga antiga para mim, certamente eu fiz uma cantiga antiga para ele.

Lilia Maria

Maria Rita e Serafim


Toc, toc, toc... Ei, ó de casa! Você está aí? Abre a porta para mim... Aqui fora está frio e chove muito. Preciso me abrigar, me secar, me aquecer... Não adianta. Acho que você adormeceu... Cansou de me esperar... Eu disse que iria demorar, mas você disse que eu poderia chegar a qualquer momento. Eu vim... E agora? Abre a porta para mim...
Pobre Serafim. Tinha vindo de longe! Caminhou muitas léguas e não esmoreceu diante de nenhuma dificuldade. Enfrentou o sol escaldante, a noite escura, a chuva fria, o vento. E faria tudo outra vez se soubesse que chegaria ao seu destino são e salvo.
Mas onde estava Maria Rita?
Maria Rita, moça bonita, que encantou Serafim com sua voz melodiosa, seu olhar doce, seu riso tranquilo. Para ele, ela fora uma promessa de dias melhores e mais felizes. Quanto ele precisava daquele alento! Sua vida não havia sido fácil, mas agora conseguia vislumbrar dias de alegria ao lado da mulher amada. Ah! Maria Rita! Por onde anda você.
Cansado de esperar a porta se abrir, dormiu ali mesmo, encolhido como um feto a espera da bolsa se romper.
Os primeiros raios da manhã veio acordá-lo. Sentia o corpo dormente, a cabeça pesada, os olhos cansados.
De repente o cheiro de pão quente e do café despertou a sua fome. Aguçou os ouvidos. Vozes! Conversavam... Aí a porta se abriu e dois olhos surpresos olhavam para ele.
Quem é você estranho viajante? Quem ou o que procuras?
Procuro a fada mais bela, a dona dos meus dias futuros, a mãe dos meus filhos, a mulher da minha vida...
Corre moço, se fores depressa ainda é tempo de alcançar Maria Rita no meio do caminho. Ela foi procurar um certo Serafim.
Saiu correndo afobado e só parou quando viu a sua Maria Rita de braços abertos esperando por ele.
E assim termina esta história, com mais um final feliz. Quem me dera eu pudesse ter um final feliz também...

Lilia Maria

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Navegando


Roda a roda.
Entre o diâmetro e a corda.
Fica um barco a vela
E eu vou navegar.
Nas águas do oceano,
Pacífico ou Atlântico,
Não importa,
O importante é ir ao mar.
Saio das marolas,
Estendo a bujarrona,
E o mundo vou ganhar.
Se eu dia eu retornar
A gente pode se encontrar.
Depois de um abraço forte
Voltaremos a conversar.
Falaremos do futuro,
O passado acabou de passar.


Lilia Maria

domingo, 1 de julho de 2012

Perdida entre as ciências exatas e humanas

Se pedirem a um técnico para descrever a água, dentro do seu raciocínio cartesiano, descreve o líquido como uma reação química e chega aos elementos básicos, que individualmente não são água. Fim. Este é o limite. A água foi descrita de forma incontestável.
Mas se o mesmo for pedido a um pensador, este não olha o líquido em si, mas o imagina contido em um recipiente e questiona a sua origem sem, contudo, olhar para a água. Como tudo depende de onde viemos, o que chama sua atenção é o fato de que estamos envolvidos pela água por dentro e por fora. Chega, então, à conclusão de que a água é onipresente, mas como só Deus é onipresente (lógica de primeira ordem) então a água é Deus. Parece obvio que isto não tem fim... Ou tem, só que a água acabará esquecida no meio do caminho.
Em geral, tudo aquilo que acaba sendo explicado com uma bela equação matemática toma ares de verdade irrefutável.

Este texto foi adaptado (quase compilado) de um e-mail recebido do colega de turma da pós-graduação e amigo Sidney Castro.