quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Data-kombi ao seu dispor


Estou escrevendo o trabalho final da disciplina Recursos Informacionais que estou cursando na ECA-USP. Já comecei o texto umas dez vezes, e não consigo engrenar. Está faltando paixão. Eu só funciono apaixonada pelo que faço. Mas as lembranças que vão surgindo fazem com que eu não desista. 

Agora me lembrei do data-Kombi. Alguém sabe o que é isso? 

No final dos anos 80 até os meados dos 90, não existia Internet. Rede era um luxo que nós, funcionários da prefeitura de São Paulo, só dispúnhamos para os computadores de grande porte e não era possível mandar arquivos por eles. Até tinha um serviço parecido com e-mail, mas era para recadinho, tipo Twiter, 140 toques e nada mais (não sei se era este o número de caracteres, mas sei que eram 2 ou três linhas). 

Na época eu era analista de desenvolvimento e viviam me pedindo para fazer algumas rotinas para coleta de dados. Outras vezes os dados eram preenchidos em tabelas do Excel pré-formatadas. Os prazos eram exíguos, tudo era sempre para ontem. Aí a gente usava e abusava do que a gente chamava carinhosamente de data-Kombi. 

O transporte de pessoas e malotes era normalmente feitos em peruas Kombi oficiais. Era precisar de dados e lá se iam elas carregando os programinhas ou as planilhas gravados num disquete. Na volta, lá vinha a Kombi trazendo os nossos disquetes de volta. 

Aí tínhamos que juntar, verificar, consertar o que não estava bom, e finalizar o trabalho, sempre a toque de caixa. Quantas e quantas vezes o disquete ia ou chagava e não era possível a leitura. E lá se ia a Kombi de novo... Velhos tempos! Bons tempos! 

Lilia Maria

Bom dia!

Acordei com o passarinho que canta
Todo dia debaixo da minha janela,
E encanta com seu trinar gorjeante,

Que parece me chamar para a vida,
Para ver quanto sol brilhante
Trabalhou desde a aurora,
Fazendo desabrochar as flores
Que a luz do luar preparou.

Lilia Maria

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Acordando cedo

Se amanheço muito inspirada,
Com vontade de fazer nada,
Fico na cama a sonhar,
Pois sonhar é o que vai me acordar.
Assim nasce a poesia,
De parto quase perfeito,
Escrevo de supetão,
E quase não vejo defeito.
Às vezes é poesia apaixonada,
Às vezes parece uma oração,
Mas o que é poetizar senão
Uma forma linda de se rezar?
Rezar pelos amigos de sempre,
Pelos amores novos e antigos.
Rezar pela vida vivida,
Pelas vitórias, pelos castigos.

Lilia Maria


Batalha do amor

Quem venceu a batalha do amor?
Aquele que se foi  bem depressa

Sem jamais olhar par trás,
Ou o que ficou por um tempo perdido
Mas nunca saiu do lugar?

Quem venceu a batalha do amor?
O que jogou tudo fora
Na esperança de não mais lembrar,
Ou aquele que guardou tudo,
Pois tudo é história a se contar?

Quem venceu a batalha do amor?
Aquele que se recolheu
E da vida se escondeu,
Ou aquele que seguiu em frente,
Pois a felicidade pode vir de repente?

Quem venceu a batalha do amor?
No amor há vencido e vencedor?

Lilia Maria

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Notas do coração

Não sei se este amor é antigo
Ou se antiga é apenas a dor.
Antiga dor de saudade,
Saudade daquele amor.

Era um amor tão sincero,
Tão guardado dentro do peito
Que superou as agruras do tempo,
Tempo que nunca findou.

E segue assim, companheiro,
Trazendo notas de inspiração
Que desfio em versos singelos,
Escritos com o coração.

Ah! A vida dos sentimentos!
Quem contesta esta paixão?

Viva e deixe viver,
O sonho, a saudade, a ilusão.

Lilia Maria

sábado, 23 de novembro de 2013

Tempo de paz

Chega um tempo
Que é preciso libertar emoções,
Abrir aquele baú trancado
No sótão das memórias
E viver cada uma,
Sem medo dos pudores
E de auto recriminações.

Chega um tempo
Que a vida é só agora,
Que o passado pede passagem,
Que o futuro é apenas o instante seguinte
Daquele que o relógio marcou.

Chega um tempo
Que a colheita é uma ordem,
Sob pena de perder de uma vez
O pouco que ainda restou
Daqueles risos inocentes,
Dos sonhos que ficaram a esperar
A hora de se realizar.

Chega um tempo
Que a felicidade é o que fica
Dos passos já caminhados,
Seja qual foi o rumo dado,
Seja qual foi o rincão alcançado
Para a vida terminar.


Lilia Maria

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Bom dia!

Boceja, espreguiça,
Acorda todos os músculos do corpo,
Pisca, pisca, pisca...
Pronto, já se foi o sono.
Uma xícara de café,
Um sorriso nos lábios, e...
Bom dia, vida!
Aqui vamos nós
Para a labuta diária.

Lilia Maria

domingo, 17 de novembro de 2013

Medindo a vida

Se a vida fosse medida em palmos,
Mãos médias eu queria ter,
Para que a vida não fosse tão breve
Que faltasse coisas a se fazer,
Mas que não fosse tão longa
Que eu cansasse de viver.

Lilia Maria


Amortalhado

Sim, eu amei um dia.
Amei e só eu sei quanto.
Para uns era amor sem fim,
Outros achavam que não era tanto.
Tanto quando era o encanto,
De ter um amor em mim,
Era a amargura de vê-lo definhar
Até  ao fim chegar.
Mais tarde descobri,
Entre espantada e satisfeita
Que o amor não morre nunca,
Apenas muda de estado,
Da fluidez do amor correspondido,
À aridez do amor semiesquecido.
E fica latente, latejante,
Lânguido, adormecido,
Num estado de catalepsia,
Que parece não mais voltar.
Está na hora deste amor doido
Encontrar seu berço de aconchego
E entre plumas e brancos lençóis,
Fechar os olhar e sossegar.


Lilia Maria

Solicitude

Ele dizia - desista,
Ela entendia - insista.
Era mais fácil resistir
Do que deixá-lo partir
E correr o risco
De não ter como voltar.
Se nas páginas escritas
Não se via uma saida
Era melhor escrever mais uma
E tentar a solução.
Chegou um tempo
Que não há mais palavras
Não há mais nada
Nem um sopro
Que faça bater o coração.
Tempo em vão,
Perdeu-se a magia,
Perdeu-se a ilusão.
Voltamos ao ponto de partida.
Hora de recomeçar a vida,
E encontrar alguma alegria
Nas revoada dos sonhos
Que como os pássaros retornam
Ao ninho onde nasceram.
Estou só,
Absolutamente só nesta empreitada.
Vou em busca do meu eu
Que há muito se perdeu.

Lilia Maria

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Solidão

Solidão fica mais fácil
Se deixar a porta aberta.
Se tem alguém para entrar,
Que entre sem bater.
Se tiver que ir embora,
É só dizer adeus.

Lilia Maria

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Esperando uma graça

Sexta-feira comum
Findando a semana comum
De um mês comum
Do ano da graça?
Nem de graça,
Nem sem graça...
Vou sentar lá na praça
E esperar o tempo passar.
Quem sabe neste esperar
A minha vida possa mudar?
Aí toda sexta feira vira paixão,
A semana se enche de cores,
O mês será de carnaval
De um ano excepcional.
Quem espera sempre alcança,
Três vezes salve a esperança.

Lilia Maria

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Atemporal

O tempo passa lá fora,
Mas dentro do ciberespaço
Continua tudo igual.
Lá não tem hora, tempo ou lugar,
Fronteiras que dividem,
Línguas que não se entende.
Lá tem sempre um espaço,
Um ponto de encontro virtual
Para poder abraçar os amigos.
Amigos de agora,
Amigos de outrora,
Amigos sempre presentes,
Mundo afora e em tempo real.
Quem sabe lá do outro lado da vida
Haja uma rede transideral...


Lilia Maria


Ponto

Quero um ponto,
Apenas um sinal.
Não quero o ponto final.
Quero um ponto de encontro,
Encontro de duas retas,
Duas vidas distintas
Que se cruzam de repente,
De forma distraída,
Que fique apenas marcado
No fundo do coração.

Lilia Maria