quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Despertar

 Acordei pensando tudo,
Acordei vivendo nada.
Não poderia ser simplesmente
E tão somente

Acordar?
Só quero uma dia simples,
Um raio de sol,
Um cheirinho de café,
Coragem para levantar,
E deixar o tempo passar.

Lilia Maria

Coisas da cidade

 A chuva que caiu
Lavando a calçada
E levando a terra,
Levou junto folhas mortas,
Restos de lixo,
Papéis escritos,
Coisas perdidas no chão.
Tudo rolou
E o bueiro tragou.
Logo depois veio a enchente.
A cidade ficou doente.

Lilia Maria

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Andando na chuva

O céu nublado anuncia
Que a água virá
Em grossas gotas de chuva.
Chuva, bendita chuva!
Molha a terra,
Lava a alma
Daquele que ousa esperar
No meio da rua, descalço,
Sem nada para se abrigar.
Chuva que lava a alma,
Lava o corpo,
Enche o copo,
Mata a sede de alguém.
Vou sair agora,
Que a chuva não tarda a chegar.
Preciso espantar os pensamentos
Que não me levam a nenhum lugar.


Lília Maria

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

No Carnaval

 Em dia de Colombina
Faz falta o apaixonado Pierrot,
A camélia do galho caída,
Peri e Ceci se beijando,
A paz da bandeira branca,
Confetes caídos ao chão.

O riso e a alegria
Dos palhaços saltitantes
Contagiam a multidão
Que ainda dança no salão.
Mas basta chegar quarta-feira
Para tudo voltar ao lugar.

Lilia Maria

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Divisão

 Invisível pode ser divisível
Em invisíveis partes também.
Divido amor real
Em pequeninos nacos,
Ou pedaços grandes como um trem.
Divido pontos em muitos pontos,
Ou um conto em capítulos de novela.
A luz se divide em cores,
E para o ano se pode escolher,
Estação, meses, dias,
Ou a critério de quem o quer fazer.
Para dividir é só conferir
A regra que se vai seguir.

Lilia Maria

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Razão e coração

Se a cabeça pensa,
E o coração executa,
Tudo certo,
Tudo bem,
Felicidade um dia vem.

Se a cabeça pensa,
E o coração não escuta,
Pode dar certo.
Pode ser bom,
Mas o resultado é loteria.

Lilia Maria

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cismando

Na terra das palmeiras,
Do canto do sabiá,
Fico aqui cismando à noite,
Rolando na cama
Pra lá, pra cá...
É quando penso que a vida
Poderia ser mais simples
E menos sofrida,
Mais curta
E mais curtida,
Mais minha
E menos invadida.
Não foi assim que calculei,
Mais foi assim que deixei ficar.
Azar!


Lilia Maria

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Coisa de criança

Quando adolescente, como todas as garotas da minha idade, eu tinha aquela paixão platônica idealizada, sonhada, contida, que guardava como um grande segredo só dividido com as melhores amigas.
Era muito comum naquela época escrevermos ou transcrevermos quadrinhas para declarar o amor que parecia nunca ter fim.
Procurando por uma carta no meio das inúmeras que guardo daquela época, encontrei algumas que compartilho aqui no blog. Autoria? Sabe Deus...
 
"Je t'aime em francês,
I love you em inglês,
Mas para dizer a verdade,
Eu te amo em português."
 
"Campo verde se alegra
Quando vê o sol nascer,
Assim se alegram os meus olhos
Quando chegam a te ver."
 
"Tanto acostumei meus olhos
A enamorarem-se dos seus,
Que de tanto confundi-los
Já nem sei quais são os meus."
 
"Que beijo é um terrível veneno,
Disseram os velhos sábios,
Pois então quero morrer
Do veneno dos seus lábios."
 
"Sonhei que o fogo gelava,
Sonhei que a neve ardia,
De tanto sonhar o impossível,
Sonhei que você me queria."
 
Lilia Maria
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mágoa

 Mágoa chorada,
É água passada.
Mágoa engolida,
É água represada.
Mágoa rebatida,
É água espirrada.
Mágoa esquecida,
É água parada.
Mágoa é água
Que aflora nos olhos,
Mas nasce no coração.


Lilia Maria

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Caminhada

Ousar novos caminhos
Não é critério,
É condição
Para quem quer ir mais longe
A cada passo na vida
.

Lilia Maria

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Emoção

 Nada mais faz sentido
Quando o novo vira antigo,
Quando o tudo vira nada,
Quando o nascente se faz poente.
Ah! Este mundo tão gigante
Que até parece infinito,
De repente fica pequeno
Para conter uma emoção.

Lilia Maria