sábado, 30 de janeiro de 2016

O vestido de casamento

Estou aqui meio gripada, meio cansada, mas com a cabeça revirando lembranças.

Eu me casei num longínquo 19 de setembro. Embrora já tivesse quase 29 anos, acho que guardava todos os sonhos da menina, da adolescente, da jovem muito jovem. Eu era (e sou) uma romântica incorrigível. 

Minha família estava bem de vida, mas não dava para imaginar uma festa grande, com jantar, música para dançar, e todas estas coisas que hoje as noivas não abrem mão. 

Num sábado, bem antes da data, lá fomos nós na famosa Rua São Caetano para escolher o vestido, que seria presente dos meu pais.

Olhamos várias vitrines, nada me encantava. Aí minha irmã teve a ideia: vamos entrar numa loja que pareça ter boas costureiras e bordadeiras, e vamos assuntar.

Entramos. Veio o figurinista nos atender. Expliquei cuidadosamente o que queria. Ele arregalou os olhos. Nada disso, disse, uma noiva de meia idade tem que se colocar no lugar. E começou a desenhar um vestido tipo tubo, justíssimo, com uma fenda enorme atrás , um drapeado na frente que terminava em um losango bordado em pedrarias. Na cabeça, um arremedo de chapéu, com flores e um discreto véuzinho cobrindo o rosto. 

Credo! Falei, deste jeito foi parecer avó do meu noivo! Ele perguntou: ele é mais novo que você? Sim, respondi, então arruma outro mais velho, aqui o seu vestido será este...

Lilia Maria

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Ponto final

 Lá onde jazia
O ponto final da linha,
Jazia o sonho findo,
Triste, mas lindo,
Como linda é toda a história
De um pequeno grande amor.
Já domino o tempo de chorar,
Pois lágrimas agora não vão adiantar,
Elas serviriam apenas para lavar
A alma, o coração, as lembranças,
Que para sempre hão ficar
Guardadas em meu coração.

Lilia Maria

Para Bruna

Olho a moça linda,
De sorriso doce e gentil,
E vejo ainda um bebê,
De olhos curiosos,
Buscando seus sonhos,...
Suas verdades,
Seu destino.
Não é fácil crescer,
Mas é inevitável.
Então vai minha pequena,
Vai ganhar o mundo,
Pois a caminhada é longa.
Que o seu caminho tenha muito brilho,
Pois o brilho ilumina a trilha
Que termina em júbilo.

Lilia Maria


Escrito para Bruna Scuracchio Fernandes, no dia do seu 17º aniversário.


 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Feliz Aniversário

É tão bonita esta menina,
Que nada precisa para enfeitar,
Ao contrário,
Ela enfeita,
O dia, a casa, qualquer lugar.
Que sua graça e simpatia,
Que encanta e contagia,...
Estejam sempre presentes,
Em seu sorriso,
Em seu olhar.

Lilia Maria


Para Drica Sampaio no dia do seu aniversário.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Boas lembranças

Meia noite,
O homem pelado passou,
A cidade esvaziou.
E nem era dia de lobisomem,
Não tinha lua cheia,.
Não tinha cachorro uivando,
Só a louca ventania,
Que a rua varria
E os meus olhos de ciscos enchia.
Saudades da juventude,
Da música da serenata,
Que me transformava em sonhadora,
Mesmo sem conseguir dormir.

Lilia Maria

Em tempo, na minha São Carlos querida, de repente a rua ficava vazia. Olhava o relógio espantada, pensando já ser madrugada. Qual o que, passava um pouco das dez. Sempre alguém brincava: o homem pelado acabou de passar.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nuvens

Que bando de carneirinhos é aquele
Que logo cedo apontou no céu?
Correm ao sabor do vento,
Enrolam, embolam,
Brincam, dão piruetas,
Encobrem o sol,
Escurecem,
E se transformam em água...
Que pena!
Eles eram tão fofinhos!


Lilia Maria

Quando eu era menina, e ficava olhando as nuvens no céu, exercitava muito a imaginação. Das pequenas nuvens fazia manadas e manadas de bichos, que se transformavam em pessoas, que acabavam virando paisagens, que se acabavam em chuvas torrenciais. Se era hora de brincar, ou se demorava muito a passar, de alguma forma ia para a rua desenhar o sol. Minha mãe dizia que era simpatia para chamar de volta a calmaria. Que saudades da minha infância!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Eu só queria ser feliz

 Nasci em uma casa pobre,
De regras rígidas,
Onde até conseguia brincar
Desde que fosse dentro do estabelecido.
Cresci, estudei,
Até virei celebridade,
Mas não era este o plano,
Eu só queria ser feliz.

E dentro da busca da felicidade,
Perdi meu príncipe encantado
Por ser meio covarde.
Ele se foi e a vida continuou,
Afinal não existe um só príncipe no mundo.
Outros vieram,
Mas apenas um realmente me encantou.
Ah! Como era bom ser feliz!

Segui a vida pensando,
Realmente acreditando,
Que aquilo era tudo que eu precisava,
Nada mais era preciso buscar.
Emburreci, acomodei, dormi.
Para mim aquela felicidade era muito,
Mas para o outro, era pouco,
Muito pouco.
Ele se foi e eu fiquei,
Pensando que o que eu queria
Era apenas ser feliz.


Refeita do susto,
Outros príncipes vieram.
Um era louco,
O outro tosco,
E de repente volta ao primeiro,
Mas não tem mais o encanto.
A duras penas percebi
Que não preciso de um príncipe,
Preciso apenas de mim.


Lilia Maria



 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Hoje eu sou lâmpada

Olho a lâmpada apagada,
Solitária, fria, infeliz.
E quando se aperta o interruptor,
Está pronta para luz emanar,
Aquecer, descortinar.
É amiga, companheira,
Prestativa, promissora.
E assim acesa,
Mesmo que de longe,
Participa
Da festa, do jantar, da calmaria.
É silenciosa, não reclama,
Clareia a sala, o quarto,
O banheiro, a cozinha.
Guarda segredos
Que jamais alguém ousou contar.
Um dia sua vida acaba,
Pobre lâmpada usada!
Sem pesar é descartada,
E outra toma o seu lugar.

Lilia Maria