sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Insensatez

Restos de fuligem
Da fornalha,
Poças d´água
Da tormenta
Que o fogo apagou.
Foi tudo que restou
Do tempo que passou.
Ah! lembranças de uma vida!
Rascunho do sonho que não vingou.
Hoje ainda sinto dor,
Há sombras de dúvidas onde haviam certezas,
Há um amor que não findou.


Lilia Maria

Poetizando (VIII)

Na noite quente
A conversa amena
Não diz nada
Que possa valer à pena.
Conversa de amigas
Solidárias na vida,
Solidárias na solidão.

Lilia Maria

Escrito para Sandra Cardoso em um postal. Era dia 21 de fevereiro de 2012 numa mesa do Fran´s café.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fotonovelas


Quem viveu a adolescência entre os anos 60 e 70 não pode dizer que nunca viu (ou leu) uma fotonovela. Os meninos podem até ter passado ao largo desta tendência, mas as meninas não.
Na minha casa estas publicações não entravam, meus pais achavam que era muita cultura inútil, que dava muitos maus exemplos, que era baboseira e por aí vai, mas a minha mãe se deliciava nas férias em São Carlos lendo a coleção da minha tia. Claro que lia escondida da gente, e eu, ainda menina, questionava por que tanto mistério. Questionava, mas não falava. Não me era dado este direito.
Enfim, lá pelos meus 13 ou 14 anos, finalmente consegui matar a curiosidade. Passei um mês de janeiro inteiro (em São Carlos, claro) lendo Capricho, Sétimo Céu, Contigo, Grande Hotel, Super Novelas e outras que já não me recordo o nome. Quase todas as produções eram italianas. :Michella Roc era a minha atriz preferida. Os atores eram lindos: Gianfrando de Angeli, Franco Gaspari... Não me lembro muito os nomes, mas os rostos ainda guardo na memória.
Lembro de passar horas sonhando com aqueles romances que iniciavam impossíveis e que sempre acabavam tendo um final feliz. Era isso que eu queria: um final feliz ao lado daquele menino que me fazia sonhar. Eram sonhos belos, puros, castos, algo como andar de mãos dadas entre flores, troca de juras de amor, beijos ingênuos, abraços incipientes e nada mais. E nem podia haver. Como sonhar com um beijo mais caloroso ou um abraço mais apertado se eu nunca havia experimentado?
Houve uma época que eu comecei a ler as histórias trocando os nomes dos personagens principais. Nós dois éramos os protagonistas. Quantos suspiros... Acho que eu era uma boba romântica incorrigível. Nunca tive coragem suficiente para me aproximar e quando o fiz, ou foi no momento errado e de forma errada. Acontece.
Acho que hoje eu gostaria muito de ler uma dessas velhas histórias. Se a vida não endureceu muito o meu coração, voltaria a me emocionar e sonhar com o “felizes para sempre”.

Lilia Maria

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Poetizando (VII)


Penso
Logo existo,
Invisto,
Insisto,
Persisto,
E não desisto.
Sou chata...

Lilia Maria

Poetizando (VI)

Quem canta
Os males espanta,

A platéia encanta,
Entoa um mantra
Ou uma oração santa,
Que faz bem à alma...
Até que desafina...

Lilia Maria

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pequeninho


Vem amorzinho
Bem rapidinho
Tomar um cafezinho
Docinho,
Quentinho,
Gostosinho,
Mas feito com o coração.

Lilia Maria

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Poetizando (V)


Quando a cabeça não pensa
O corpo padece,
A boca emudece,
O coração enlouquece,
A alma entristece,
O sol escurece,
A paixão fenece,
O amor não esquece.

Lilia Maria

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Duas contas


Duas contas contam
A história do meu cantar.
Na noite escura, iluminam
Os sonhos que eu sonhar.
Duas contas, duas pedras preciosas,
Quem eu insisto em guardar.

Lilia Maria

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Estressada


Não é lixo
Nem luxo
Nem capricho
Querer notificação.
Não há luxo
No lixo
Que virou esta relação.
Se demora mais um pouco
Pego sua fotografia
E guardo na cesta-seção

Lilia Maria

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pensamento do dia - 05/02

Estou aqui tomando sol na varanda e pensando. Não é justo. Um bebê sem dobrinhas não tem graça e invariavelmente a mãe vira alvo de críticas. Aí o bebê cresce, amadurece, envelhece e acaba ganhando dobrinhas e então vira alvo da autocritica.
 Lilia Maria

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fatalidade

No fim dos tempos,
Quando o peso da vida
A coluna entorta,
Tudo que era exclamação
Vira ponto de interrogação.


Lilia Maria

Historia sem fim

Nas sombras fantasmagóricas
Da noite escura como breu,
Uma sombra caminha lenta,
Mas a passos largos,
Como se o corpo só tivesse pernas.
Sem pressa, desliza suavemente,
Mas com precisão.
Para onde vai com tanta vontade?
Do outro lado há uma luz cálida
De braços abertos para abrigá-la.

Lilia Maria