segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sandices

Vou escrevendo sandices
Com o A que desce o escorregador
E se junta ao M da mão,
E o O que exclamo espantada.
Logo o R vem correndo.
Surge a palavra AMOR.
Vou dormir, pois já é tarde,
Meu tempo se esgotou.

Lilia Maria

Pensando

Brigo com o pensamento,
E ele, só por me afrontar,
Vai se expondo,
Sem dar trégua,
E surge escrito no papel.
Minhas mãos traiçoeiramente,
Não obedecem o meu comando,
E continuam a escrever,
Escrever,
Escrever...


Lilia Maria

domingo, 27 de dezembro de 2015

E vai rolando...

Se polígono tem aresta,
Minha vida parece um cubo,
Que em esfera quero transformar.
Lixa aqui,
Corta um pedaço ali,
Dá uma polidinha,
Um dia chego lá.
Serei como um seixo de rio,
Que de tanto rolar,
Ficou todo lisinho,
Bonito de se observar.

Lilia Maria

Volta pra Terra!

Tecia sonhos
Como quem tece um manto.
E o encanto era tanto
Que nem se dava conta
Que nada daquilo era real.

Vivia enamorada da lua,
Da terra nua,
Do sol brilhante,
Das árvores verdejantes
Que enfeitavam o verão.

No seu mundo perfeito
Não havia fome ou miséria,
Não tinha tristeza,
Tinha apenas bondade,
Verdade e compreensão.

Pobre cabeça leve,
Chegou a hora de despertar
E perceber que a vida não é assim.
Mas a vida é boa
Com seus problemas e decepções.

Vai, pessoa maluca!
Vai viver de verdade,
Vai enfrentar a realidade,
Para de sonhar acordada,
Que mesmo assim a vida vale a pena.

Lilia Maria

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

É Natal

 Que venha uma noite feliz,
Que venha o riso das crianças,
Grandes ou pequenas,
Lembrar que vida não é ruim
Quando a deixamos acontecer.

E ela acontece todos os dias,
Todas as horas,
A gente querendo ou não.
Então sejamos agradecidos
Pelas pequenas grandes alegrias
Que fazem valer a pena o viver.

Lilia Maria

domingo, 20 de dezembro de 2015

Estrelas cadentes

Estrelas cadentes
Que enfeitam a noite
E guardam mistérios,
Para onde vão levar meus desejos,
Para onde vão repousar?
Trabalhem, queridas!
Há muito a fazer
Para meu sonho realizar.

Lilia Maria

Arremate

 A peça está pronta.
Aí vem o alinhando,
Um pontinho aqui,
Uma preguinha ali,
Um toque de mestre
De exímias mãos.
Hora de exibir orgulhosa
O produto final.
Não importa o que seja,
Aos olhos do artesão
Sempre há o que ainda fazer.


Lilia Maria

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

É festa!

 De festa em festa,
O que me resta é comer,
Já que beber é segunda opção.

De festa em festa,
A roupa aperta,
E o espelho me mostre um balão.

Lilia Maria

domingo, 13 de dezembro de 2015

Aniversariando

Aniversariar é preciso,
Envelhecer não é preciso.

 Lilia Maria


E o dia do meu aniversário vai acabando. Um luz esmaecida se apaga e outra brilhante renova a fé, a esperança, a vida.
Aniversariar é preciso... sim é preciso, o tempo passa e inevitavelmente fazemos aniversário e é preciso, pois sempre ocorre no mesmo dia.
Mas envelhecer? É preciso? Não, não é necessário ficar velho, meio que jogado num canto, esperando a vida acabar. Há idosos de espírito mais jovem que muitos jovens por aí. Eles trabalham, passeiam, se divertem, se informam, se comunicam, amam e amam a vida do jeito que ela se apresenta. Estar vivo é uma dádiva e eles aproveitam cada segundo. Por outro lado, envelhecer não é preciso, pois nunca se sabe onde a velhice nos levará. De repente as pernas podem parar de caminhar, a lucidez nos trairá, o corpo não mais se consertará. Não é possível precisar quando nem como a vida findará.
Então, vamos ser feliz agora, no momento presente.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ausência

A ausência se faz presente,
Mesmo que presente fosse.
Não é o estar que determina
A presença real de alguém.
A matéria pode ser vista,
Mas a alma nem sempre o corpo habita.


Lilia Maria

Dia e noite

Enquanto o sol brilha
E sua luz faz trilha,
Flores desabrocham,
A natureza faz festa,
E a nós o que resta
É aplaudir o espetáculo da vida
Que acontece a cada manhã
E permanece até o entardecer.
E não acaba aí.
A lua descortina
A noite em mais um recital
Daquele grande coral
Que o acalanto embala o sono
E sonha.


Lilia Maria

Chico Buarque

O menino,
O homem,
O senhor,
Não importa a fase a retratar,
Há sempre a mesma centelha no olhar.
Olhar assustado,
Embaraçado,
Divertido,
A situação muda o modo,
Mas não muda e essência.
E entre saudades e reminiscências,
Vou bebendo cada segundo,
Do que ele deixa mostrar
De uma vida espetacular.
Poeta escritor ou cantor,
Não importa o próximo passo a dar,
Já sei que vou gostar.


Lilia Maria

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pensamento torto

Era tão ecologicamente incorreto,
Que tinha medo de desejar.
Era tão politicamente incorreto,
Que tinha medo de falar.
Era tão matematicamente incorreto,
Que tinha medo de calcular.
Era tão juridicamente incorreto,
Que tinha medo de julgar.
Era tão moralmente incorreto,
Que tinha medo de pensar.
Era tudo tão estupidamente incorreto,
Que nunca se ousou acertar.


Lilia Maria

Espaço público

 A janelas sempre abertas
Deixavam tudo entrar,
O sol, o vento, a poeira,
Perfume da chuva,
Algumas gotas de água,
Que mal dava para molhar.
Entrava o pernilongo,
A abelha,
A mariposa preta
Procurando onde pousar.
Entrava barulho,
Uma música longínqua,
Uma doce melodia a encantar.
E de tanto entrar tantas coisas,
Coisas que às vezes não se podia ver,
Virou quase espaço público,
Para aquilo que não se quer guardar.

Lilia Maria