sexta-feira, 27 de setembro de 2013

É assim

Bom dia para quem é do dia,
Boa tarde para quem é da tarde,
Boa noite para quem é da noite.
Ser feliz não tem hora,
Pode ser na aurora,
Antes do entardecer,
Depois do sol morrer,
Mas tem que deixar acontecer.
Ser feliz é uma ordem
Para quem quer viver.

Lilia Maria

Decepção

Era uma pessoa diferente,
Parecia até inocente
Diante de tanta podridão.
Estendeu sua mão,
Falou sem titubear:
Confia!
Dois passos depois,
Caio de joelhos
Num belo tropeção.
Não havia ninguém para me levantar.

Lilia Maria

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Gabolice

Vem menino
Que eu te ensino
Como é viver sem pressa,
Viver curtindo à beça
Cada sonho que vingar.

Lilia Maria

Criancice

Toc, toc, toc !
Ó de casa!
Abra porta pra mim
Que eu vim mesmo assim.
Mesmo sem ser convidada
Vou ficar aqui até o fim.

Lilia Maria



domingo, 15 de setembro de 2013

Somos maus atores

Não era preciso palco,
Nem plateia para aplaudir,
Cada papel era bem representado
Pelo ator que estava ali.
Um era o apaixonado,
O outro, o bem nascido,
Tinha um personagem tosco,
Que insistia em transgredir.
Palavras faladas,
Gestos estudados,
Uma farsa digna de Gil*.
Pena que no fim do primeiro ato
Descobriu-se que era de fato
A vida imitando a arte,
Um auto quase medieval,
Que por pouco não vira tragédia,
Tragédia da vida real.

Lilia Maria
*Gil Vicente

sábado, 14 de setembro de 2013

A cor e a flor

Se nasce uma violeta branca
No meio do meu jardim,
Mudo o nome da cor ou da flor
Para não ficar confusa assim?

Por que rosa vermelha é rosa
E não vermelha como sua cor?
Quero uma dúzia de amarelas,
E aí, qual seria a flor?

É melhor que fique assim
Pois senão tudo teria que mudar,
O lírio seria branco
E de branco teria muitas flores a chamar.

Lilia Maria

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Fragmentos

--I--

Quando a fome aperta,
A razão aparta.

--II--

Todo poeta é um sonhador,
De dia, alimenta-se da vida,
De noite, seu alimento é o amor.

--III--

O vento uiva como um lobo
Que chama a parceira em vão.
Será efeitos de agosto,
Ou delírios do coração?

--IV--

Quatro versos, uma estrofe,
Para fazer uma oração
Pedindo a Deus que perdoe
Aquele vendedor de ilusão.



Lilia Maria

Brasiliano

Não foi por mero acaso
Que um dia resolveu tentar,
Saiu da terra que foi seu berço
Para outras plagas alcançar.

Na mala levava esperança,
Vontade de prosperar.
No coração guardava saudade
Dos muitos a quem prometeu voltar.

Mal pisou no novo solo,
Sem medo de perecer,
Fincou sua bandeira de luta,
E nunca deixou se abater.

Misturou cores, sabores, saberes,
Perseguiu seus sonhos e metas,
Foi um cumpridor de deveres,
E finalmente cresceu e venceu.

Faz então da pátria amiga,
Seu quintal, seu torrão,
Seu pedaço dentro do mundo
Onde um dia ganhou seu pão.

Lilia Maria