quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Apagando as luzes

E lá se vai o ano pra cucuia.
Que viveu, viveu,
Quem não viveu,
O tempo não vai voltar.
Não fez tudo que queria?
Paciência!
Se era importante, reprograme.
Faça o que é possível,
O impossível Deus perdoa.
Então perdoe-se
E viva!


Lilia Maria

Feliz 2015 para todos

Lampejo

Foi um amor comedido,
Não teve antes,
Não teve depois.
E morreu de morte matada,
No leito em que nasceu.
Foi um amor escondido,
Banido do coração
Num acesso de razão.
Não tinha motivo para ser,
Viver ou acontecer.
Foi um espasmo cerebral
Que o coração resgatou.
Assim começou,
Assim acabou.

 Lilia Maria

domingo, 28 de dezembro de 2014

Esconderijo

Atrás da porta
A folha morta,
Com sua haste torta,
Se esconde.
Vou lá ficar com ela,
Quem sabe assim,
Alguém esquece de mim.


Lilia Maria

Clique

Por um curto momento,
Eu curto.
É o silêncio,
É a natureza inanimada,
É a madrugada sem movimento.
Eu curto o vão momento,
Curto por certo,
Mas que cala fundo a alma.


Lilia Maria

sábado, 27 de dezembro de 2014

Sim ou não?

Não diga sim
Sem antes pensar não.
O não pode ser sábio,
O sim pode ser omisso.
O sim sem compromisso
É o não disfarçado.
É o lobo
Em terra de cordeiros.


Lilia Maria

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Boas Festas!

De repente a gente acorda Natal... Fica cheio de boa vontade e vontades. Queremos abraçar todo mundo, declarar o nosso eterno amor à vida, distribuir sorrisos, amizade, fraternidade...
E quando estamos já transbordados de amor por nós mesmo e pelo próximo, nos damos conta que o ano está acabando de verdade e nos pomos a fazer planos para o ano vindouro. Mais do que planos, fazemos promessas. Muitas vezes parece que no apagar das luzes do ano finado, um botão será apertado e tudo ficará zerado, iniciando assim, não só novos tempos, mas nova vida, novo ser.
Infelizmente não é bem assim. Devemos espalhar amor e fraternidade sim, mas ao longo da vida. Devemos fazer planos e promessas sim, mas sem esquecer aquilo que fomos e somos e os nossos limites.
Que neste Natal possamos abraçar de verdade aquele que está ao nosso lado e que no novo ano continuemos a caminhada que fizemos até aqui tentando corrigir o que for possível.
Paz, alegrias e sucesso a todos.
 
Lilia Maria

domingo, 14 de dezembro de 2014

Coração

E no meio da festa
O coração se enche de alegria
E contesta:
Que faço aqui dentro do peito
Se o que quero é dançar?
Minha dona fica quietinha,
Fica toda encolhidinha,
Rezando pra ninguém notar
A vontade de extravasar.

Lilia Maria

Obrigada!

A cada parabéns que recebi,
Um tantinho do velho otimismo se regenerou.
Assim, hoje sinto-me nova
E com vontade de caminhar a passos largos.
A vida está aí,
Posta à minha frente,
Como uma estrada, que apesar de tortuosa,
Guarda surpresas e encantos
Que precisam ser vividos apaixonadamente.
E vou em frente em busca da alegria de viver!
Não há idade para ser feliz,
A vida é o eterno presente
Que Deus nos confiou.

 Lilia Maria

Água

À terra nua,
Água é vida,
E inocência
Na pia batismal.

Lilia Maria

sábado, 13 de dezembro de 2014

Aniversariar

Mais um ano de vida,
Mais um ponto final.
O novo parágrafo que inicia
Pode ser a continuação da história,
Mas sempre será um capítulo inédito.
Mesmo no final da vida,
O livro é uma obra inacabada.

Lilia Maria

domingo, 7 de dezembro de 2014

Não é fácil não

Olhos iluminados de alegria
Focam o futuro.
É promissor, é encantador.
Mas não se enganem
Os que pensam ser fácil a missão.
Cada passo dado com arte,
Tem que ter precisão.
 Um tropeço inesperado,
Requer calma para voltar ao equilíbrio.
Quando se constrói uma história forte,
Não é sorte,
É superação.


Lilia Maria

Olhando a lua

A luz do luar não aquece,
Mas enternece o coração
Que cheio de saudade
Contempla a noite fria,
Tão fria quanto a pequena lágrima
Que rola dos olhos
Que contempla a lua cheia,
Bela e impassível,
Que ilumina o céu meio nublado.

 Lilia Maria

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Inspiração

Há dias que ela vem apenas me visitar.
Em outros, se estabelece e fica.
Às vezes chega faceira e leve.
Às vezes está tristinha,
É puro enfado.
Pode ficar dias ausente,
Mas é presente no subconsciente.
Linda amiga de todas as horas,
Muitas vezes procuro
E ela brinca de se esconder.

Lilia Maria

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Poesia

Poesia não se escreve apenas com palavras.
Ela pode estar presente em qualquer coisa
Desde que seja feita com prazer, carinho e emoção.
Poesia está em tudo que fazemos com o coração.
Ela pode estar em um gesto,
Um sorriso,
Um aceno,
Um simples aperto de mãos.
Ela pode estar escondida
Na mesa posta para uma refeição.
Às vezes ela está presente
No belo arranjo de flores
Que enfeitou o canto da sala.
Poesia está no que fazemos com alegria
Para causar alegria.

Lilia Maria

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ora pois!

No instante seguinte
O passado se fez presente.
Sempre.

Agora...
Por hora é viver
Sem medo de acontecer.

 O que vem pela frente
É surpresa, é depois,
Ora pois!

Lilia Maria


Primeiro eu escrevi os três primeiros versos, ia parar por aí. Mas as próximas palavras foram batendo à porta, entraram e se acomodaram. Acho que ainda tenho algo a completar. Vou esperar pelas novas palavras.

- fui questionada: como o passado se faz presente? Explico... No instante seguinte o passado está sempre presente. O presente aqui não é o tempo, mas a presença.

sábado, 8 de novembro de 2014

Viva morta

Sabe aquele raminho de sempre vivas
Que um dia vc ganhou?
Continuam vivas,
Mas sempre mortas,
Pois na colheita das flores
A seiva não mais regenera
O verde das folhas amarelas.


Lilia Maria

Dores

 Não há dores eternas
Nem no corpo
Nem na alma,
Muito menos no coração,
Tudo o tempo acalma
Com um analgésico à mão.


Este remédio milagroso,
Que nem sempre é de tomar,
Ás vezes se compra na farmácia,
Outras vezes, vem em forma de carinho,
Um abraço ou um beijinho,
Uma palavra de afeição.

 Lilia Maria

Memórias

Memórias,
Histórias,
Coisas pra se lembrar,
Fatos,
Fotos,...

Fitas,
Lembranças,
Aquilo que quero guardar.
Conto em contos,
Pensamentos,
Poesias,
Um pouco do que já passou.
Passou, mas ficou,
Restos do que eu sou.


Lilia Maria

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ilusão

Olhando de repente
Aquela fotografia,
Veio, por fim, a revelação,
Olhos tristes,
Um pecado,
Uma vontade de dizer não,
Mas a vontade é maior que a rezão?
Se havia um mal por conhecer,
Melhor não prolongar a espera,
Pois não há mal que não se acabe,
Diante do bem que vem para durar.

Lilia Maria

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

R.S.V.P

Responda!
Responda por favor,
Onde anda o brilho da lua
E do sol que brilhava na manhã?
Entre nuvens que não chovem,
Choram.
A água não lava
E leva o vapor.
Vai longe!
O vento sofra sorrateiro,
Maneiro.
Zomba do ar pesado.
Tem cheiro de poeira molhada,
Mas sem promessa de chuva.

Lilia Maria

domingo, 2 de novembro de 2014

Finados

Sobre a mesa posta,
Jaz soberano o pedaço de pizza,
Comido com gula e apreço,
Direto para a barriga gorda
Que guarda outras bobagens
Engolidas pelo prazer
De sentir-se farta.
Isto não é saborear,
É enganar o coração
Usando a comida como remédio
Para a falta de amor.
Volto ao velho bordão:
Quem me ama sou eu.
Jogo tudo no lixo,
E vou lavar o pé de alface
Para a próxima refeição.

Lilia Maria


domingo, 19 de outubro de 2014

Tudo novo de novo

 Guardamos e perdemos momentos ao longo da vida,
Mas ambos não voltarão.
Olhares, sorrisos, palavras ditas ou caladas,
Gestos de discórdia ou aprovação,
Nada será refeito ou revivido,
Pois em outro tempo tudo novo,
E o novo sempre é primeira edição.


Lilia Maria

Ciberecardo

Meu coração está dividido,
Mas mesmo assim, contente.
Uma parte ainda está aqui,
E a outra no outro continente.
Como sou entusiasta da cibernética,
E sei que hoje não há distância ou fronteira,
Fica tudo bem equacionado,
Regado com saudade ligeira
Que passa a cada recado
Recebido de alguma cibermaneira.


Lilia Maria

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Loop

 Se não chove,
Não tem água.
Se não tem água,
Não tem evaporação.
Sem evaporação
Não forma nuvem.
E sem nuvem,
Não chove.
Sem chuva,
Sem água.
Simples assim.

Lilia Maria

Professorar

Existe o verbo professorar?
Se não existe,
Acabo de inventar.
E assim vou dizer
Que com muita alegria,
Eu professorei um dia.


Lilia Maria

Aprendendo a ser professor

Aprendi a aprender.
Enquanto aprendia,
Aprendi a ensinar.
Ensinava aprendendo
O quanto se pode ganhar
 Na troca dos papéis
De mestre e aprendiz.
Quando a situação exigir.
E assim se fez o professor.

 Lilia Maria

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sou professora sim senhor!

Um dia alguém me ensinou a ler,
Escrever foi inevitável,
Aprendi a contar, somar,
Subtrair e multiplicar.
Quantos professores eu tive!
Incríveis, temidos,
Amados amigos,
Mas todos,
Absolutamente todos,
Me legaram algo de bom.

E foi tão bom o legado,
Que um dia me peguei
Brincando de ensinar.
E a brincadeira ficou séria!
Enveredei pela vida do magistério,
Pensando que poderia explicar
Alguma coisa a alguém.

Tem gente que nasce professor,
Outros aprendem com o tempo,
Mas quem segue por este caminho,
Bem ou mal,
Acaba cumprindo a missão.
E que missão!

Aos meus professores, obrigada!
Pela sua infinita paciência
De me ensinar mais uma vez,
Pela sua insistência
Quando eu quis desistir,
Pela sua fé em mim
Quando nem eu acreditava,
Pela sua compreensão
Quando não cumpri minhas tarefas.
E me desculpem
Por não ter dado o melhor que podia.

Lilia Maria



 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Recriança

Volto a ser criança
Quando me levanto do último tombo
Zombando do meu joelho ralado....

 Volto a ser criança
Quando brinco de olho no olho
E termino a contenda num abraço.

Volto a ser criança
Quando vejo o sol nascendo claro,
Mas iluminando o prenuncio da chuva.

Volto a ser criança
Quando me encho de esperança
E reinvento o sorriso.

Lilia Maria

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Falando de rádio - Gran finale


No dia 24 pp , o grupo da Estação Memória teve seu tão esperado encontro com os alunos da Termomecânica (CEFSA). Em pauta neste ano, as memórias do rádio. 
Ao final, como acontece todos os anos, e como bem disse a nossa coordenadora, Profa. Ivete Pieruccini, ousamos interpretar um pot-pourri de canções que marcaram época. Foram poucas, apenas quatro, mas o resultado foi muito bom.

Antes de iniciar a apresentação, a nossa colega Berenice Bizarro, leu o texto por ela produzido com revisão da colega Elzira Arantes. Além de algumas informação sobre o radio no Brasil, o texto falava das músicas que seriam interpretadas. 




Segue o texto na integra:


O rádio teve muitos pais, até  UM BRASILEIRO: o gaú Padre Roberto Landell, que fez em São Paulo, em 1893, uma transmissão da voz humana via telégrafo – da Avenida Paulista até Santana. Contudo, foi o italiano Marconi quem registrou a patente sobre o rádio, em1896, ficando mundialmente conhecido como seu inventor.
O rádio no Brasil teve sua época de ouro entre 1930 e 1940, como único meio de oferecer informação e entretenimento – com notícias, divulgação de músicas, transmissões de futebol, programas humorísticos e muito mais. Entre as músicas nacionais e estrangeiras, sobressaíam as marchinhas de carnaval, cujo sucesso resultava em prêmios para seus autores e cantores. "Linda Morena" foi composta por Lamartine Babo, em 1932. No ano seguinte Braguinha, outro grande compositor deu a divertida resposta com a marchinha "Linda Lourinha". Eles brincavam com uma suposta e simpática rivalidade entre loiras e morenas. Até se dizia: "os homens preferem as loiras, mas se casam com as morenas!". Ambos compuseram muitas outras marchinhas de carnaval e juntos criaram “As cantoras do rádio”, em 1936, que se transformou em verdadeiro hino das cantoras cujo trabalho era divulgado principalmente pelo rádio. 

Lamartine, bem humorado e brincalhão, trabalhou no rádio e é autor de muitas marchinhas, tendo feito também os hinos de vários clubes de futebol, como Botafogo, América-RJ, Vasco, Flamengo e Fluminense. Braguinha, conhecido também como João de Barro, adotou esses pseudônimos para não usar o nome da família, que seu pai não queria ver associado ao ambiente da música popular, muito mal visto na época. Entre suas muitas produções, a marchinha “Chiquita bacana”, de 1949, foi imortalizada pela sensacional Carmen Miranda.

Teorema de Pitágoras

Eram dois simples catetos azuis
Olhando a hipotenusa amarela.
Ela era bela,
Brilhante como um raio de sol.
E se sentia rainha
No triângulo que a continha.
De repente um se desdobra 
Forma um quadrado perfeito.
E diz ao outro com precisão:
Forme o seu quadrado também
Que juntos seremos igual a ela.
Assim, soma dos quadrados dos catetos
Ficou igual ao quadrado da hipotenusa
Sem nenhuma contestação.

Lilia Maria

domingo, 28 de setembro de 2014

TéManhã

Preciso encontrar graça
Para viver o dia que mal começou.
Abro o jornal,
Ligo a televisão,
E nada! Nada me encanta,
Nada me faz vibrar.
A notícias parecem velhas,
Mesmo aquelas do que acaba de acontecer.
E se nada tem graça,
Vou passar o dia quietinha,
Como fazia quando era menininha,
E aguardava ansiosa
Ao colégio retornar.

Lilia Maria
 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

E depois da vida?

 Fico pensando na vida...
E depois dela,
Como será?...
Será que existe céu?
E inferno, será?
O céu é clarinho, fresquinho,
De anjos cantando,
E nuvens de algodão?
E o inferno?
É vermelho, abafado,
Pouca luz,
Mas quente como verão?
E o que leva a alma
Para um ou para outro?
É a vontade
Ou a quantidade de pecado?
Tem gente santa que prefere o calor...
Eu quero um pouco dos dois.
Pode ser?
Quem vai me responder?
Depois que eu morrer
Vamos ver no que que dá,
E se for bom,
Me ajeito por lá.


Lilia Maria

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Lua cheia

Fugia da lua
Correndo na rua,
Mas ela continuava ali,
Implacável,
Gorda e bela,
Lua cheia de plantão,
Iluminando mais que o lampião.


Lilia Maria

Tempos modernos

 Andei colhendo sorrisos,
Abraços e carinhos,...
Amigos que irão me acompanhar
Pelas alamedas floridas
E mesmo pelos espinhais,
Pois amigos são para todas as horas,
Em todos os tempos,
Ao vivo ou nas redes sociais.


Lilia Maria

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Criado-mudo

O criado-mudo,
Graças a Deus,
Não fala.
Guarda segredos na gaveta
E no tampo,
O que pode ser mostrado.
Mas se contasse tudo que viu
Na sua vida de anos
À cabeceira daquela cama,
Certamente causaria espanto
Com as histórias que guardou.
Não, não foram cenas de amor,
Mas noites de insônia choradas
Em momentos de pura dor.


Lilia Maria

Amor latente

O amor latente,
Lateja,
E vai se transformando
Lentamente
Em amor dormente...
Que dói sem ter razão.


O amor latente,
Insolente,
Insiste em permanecer,
Como se fora vitalício,
Mesmo que a princípio
Brincava de se esconde


Lilia Maria

domingo, 21 de setembro de 2014

Silêncio

Quanto silêncio nesta casa!
Parece uma igreja vazia
Depois da missa do dia,
De portas fechadas,
Sem luz,
Sem oração.

Quanto silêncio nesta casa!
Enquanto todos dormem
O sono dos bons
E dos justos,
Mantenho os olhos abertos
Cuidando do meu quinhão.

Quanto silêncio nesta casa!
E ao me ver assim sozinha
Tenho saudades da juventude,
Dos sonhos,
Das paixões perseguidas
Que alimentavam a ilusão.

Quanto silêncio nesta casa!
Já nem sei se tenho voz
Ou se emudeci,
Se as palavras esqueci,
Se continuo aqui
Enquanto a vida segue em vão.

Quanto silêncio nesta casa!
Preciso quebra-lo enquanto posso,
Preciso sair deste marasmo.
Que faço então?
Abro portas e janelas,
E ligo a televisão.

Ah! Este barulho!
Tem música,
Gente falando,
Carros buzinam na esquina,
E até me parece poesia
O barulho do avião.

Lilia Maria

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Tonterias

Parecia fanático
O amor lunático
Movido a paixão.

E em busca eclética
Na onda cibernética
Encontrou o coração.

Parecia tudo certo,
O caminho estava aberto
Ao encontro presencial.

E o amor que parecia imenso,
Tão forte e tão denso,
Sucumbiu nas águas do temporal.

Lilia Maria

domingo, 7 de setembro de 2014

Responda se puder

 Amor, via de mão dupla,
O meu, contramão,
Tenho amor, então?

Triste é o fim,
Seja lá do que for,
Estou triste, acabou?

Nasce e renasce,
Há luz sempre a brilhar,
Por que não quero enxergar?

Ficar sentada na estrada,
Esperando a vida passar,
Posso na vida embarcar?

Doce mistério da vida,
É o mundo a desbravar,
Alguém pode me ajudar?

Ganhar o jogo de virada
É o sonho do jogador,
Volto então a jogar?

Pergunta sem resposta
Sempre se pode fazer,
Alguém vai me responder?

Espelho, espelho meu,
Espelho que Deus me deu,
Existe alguém mais louca que eu?



Lilia Maria

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Pós-chuva

Piso molhado,
A luz refletida.
Depois da chuva
A rua parece ganhar vida.
Cores de fundem,
O brilho das poças
São como estrelas
Que caíram do céu
Para marcar um caminho.

Lilia Maria

Setembro

Quantos setembros já vivi
Debaixo deste céu azul
Ou com chuva e frio?
Quantas alegres primaveras
Passei aqui?
O tempo é nada
Quando se é feliz,

Lilia Maria

sábado, 30 de agosto de 2014

Marcas do tempo

 Cheguei em casa,...
Olhei no espelho,
Tinha uma ruguinha aqui,
Outra ali, mas tia?
Podia ser pior,
Podia ser vovó.
Hoje as rugas são incontáveis,
Todas guardam histórias,
Histórias de uma vida,
De paixões vividas ou reprimidas,
De momentos de angustia ou de prazer,
Mas todos vividos intensamente.
Felicidade não tem idade,
É um modo de viver.
E se tenho marcas do tempo,
É porque o tempo passou
E eu continuo aqui.

Lilia Maria

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Tropeço

Quando um pé
Tropeça no outro
No meio do caminhar
A gente cai de joelhos
Sem chance de se equilibrar.
Dói, como dói
Esta queda estabanada,
Dói a dor da batida,
Dói a risada de quem viu
E muitas vezes nem vem ajudar.

Lilia Maria

Epitafio

Aqui jaz meu coração inibido
Pelo medo de sofrer,
Pelo medo de amar.
Está vazio,
Pobre coitado,
E nem pode mais sonhar,
Pois o sonho foi inútil,
Foi água rolando morro abaixo,
Se juntando ao mar da tristeza,
Tristeza por não saber recomeçar.

Lilia Maria

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Calculando palabras

Estou aqui no trânsito parada,
Mas a cabeça a funcionar,
E quando a cabeça funciona,
Me ponho a matematicar.
Pega o alfabeto
E vamos escrever
Palavras com sentido
E que se consegue ler.
Toda consoante precisa de vogal,
Duas, só em caso especial,
Letra sozinha pode ser palavra
Dependendo da situação.
Junta regra e contra regras,
E vamos calcular
Quantas palavras existem
Para que eu possa me expressar?
Sei lá...
É melhor prestar atenção
Que a fila voltou a andar.
 
Lilia Maria

Cenas da Cidade II

Olha que bela estrela
Vejo ao longe
Bem na linha do horizonte!
E cintila contente,
Parece até cantar,
Vem saudar a noite gostosa
Que acaba de começar.
Ei! Penso assustada,
Estrela muda de lugar?
Presto atenção mais um pouco,
E fico consternada
Ao finalmente constatar
Que a minha estrela feliz
Era apenas um avião
E seu elegante navegar.
 
Lilia Maria

Cenas da Cidade - I

O reflexo azul
Projetado na parede branca
Que vejo atrás do muro
Sentencia:
Aqui mora uma piscina.
Engulo o pensamento
Morrendo de calor.

 Lilia Maria

 

Mudança

Muda, não fala,
Muda a prosa,
Refaz o verso,
Muda o rumo
Desta conversa boba,
Fica muda e muda
Definitivamente a vida.


Lilia Maria

Escrevendo poesia

A meta do eu poeta
É juntar letras e letrinhas,
Palavras e palavrinhas,
Tudo no mesmo caldeirão,
Com uma pitada de humor
E muito, muito amor.


Lilia Maria

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Dia de festa

Num dia de festa,
A festa sem dia, adia
A vontade de correr,
De desobedecer
A ordem natural das coisas.

Dia de festa não se questiona
O amigo sumido,
A lembrança sem sentido,
A vontade de abraçar
Todo mundo que encontrar.

Dia de festa é tudo
De bom e de mal,
Estranho e normal,
Mas a festa é alento
Para dias melhores que virão.

Lilia Maria

terça-feira, 29 de julho de 2014

Bom dia!

Acordo sorriso,
Brisa de hálito puro,
Brilho do dia nascendo
Alegria a despertar.
Nada a falar,
Apenas deixa ficar,
Ser e estar,
A felicidade a respirar.


Lilia Maria

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sol nascente

A cada manhã iluminada
A vida se renova,
A esperança renasce,
O amor transborda
Em um coração calejado,
Mas limpo de sentimentos daninhos.
Eu sou só alegria
Por estar viva,...
Eu sou só vontade
De velhos campos percorrer
E ter novos olhares
Para tudo que já vi um dia.
A vida se renova
A cada despertar.

Lilia Maria

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Viva o sol!

E agora com vocês, o sol!
Aparece ele entre as cortinas de nuvens,
Meio tímido,
Meio apagadinho,
Mas vem dizer bom dia
Para a plateia com o espera ansiosa.
O velho sorri satisfeito,
A jovem pisca os olhos encantada,
A mãe alegremente beija seus rebentos,
O homem sóbrio arruma a gravata....
Era a atração que faltava
Para espantar a tristeza
Que preenchia corações.
Não importa que ele ficará na coxia,
Não importa que seu brilho está ofuscado,
Importa é que ele é presente
E traz vida em sua luz.

Lilia Maria

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Neymar Jr.

Fazia com a bola
Graça
E com raça
A alegria do torcedor.
Agora assistirá de camarote
A esquadra
Fazer seu trote
E ganhar com inspiração
Jogadas que o craque sonhou.

Lilia Maria

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Consequências

 Hoje eu sei a duras penas,
Que não precisava escutar
Tantas palavras ocas
De uma boca
Que eu só queria beijar.
Beijo bom, confesso,
Mas ficou cara a brincadeira
De viver a tardia adolescência
Que agora não quer findar.

Lilia Maria

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Um pouquinho de mim

 Nasci na cidade de São Paulo no dia 13 de dezembro de 1952. Fui batizada Lilia Maria, nome herdado de minhas avós. Dona Lilia foi uma mulher de valor, trabalhou muito quando jovem e na terceira idade acomodou-se. Era extremamente vaidosa, briguenta, curiosa e muito sociável. Já a vovó Maria era uma mulher muito tranquila, sábia, dedicada à família, exímia cozinheira, simples e descomplicada. Tenho um pouco de cada uma delas, mas não sei se o que elas tinham de melhor. 

Quando alguém me pergunta qual a minha ascendência, respondo sem pestanejar: italiana, sou puramente italiana. E sou. Tanto meu pai quanto minha mãe são netos de italianos natos. São quatro famílias (Melani, Scuracchio, Castiglione e Faccio) que tiveram suas sagas na busca de melhores horizontes aqui no Brasil no final do século XIX.

Meus pais eram de diferentes cidades do interior paulista. Ele, Breno Faccio, nasceu em Ribeirão Preto em 1924, mas em 1941 veio com a família para a capital paulista e aqui montaram uma oficina mecânica na região central da cidade. Ela, Lygia Scuracchio, nasceu em Terra Roxa em 1931, mas foi criada em São Carlos. Foi lá que eles se conheceram em 1949 quando meu pai passava alguns dias na casa dos seus tios, moradores daquela cidade. Depois de apenas 7 meses estavam casados. Hoje, ainda vivos, já completaram 64 anos de união. Meu pai diz sempre que o segredo de tão longa convivência é a paciência para esperar a paixão acontecer diversas vezes durante toda vida. Eles tiveram 3 filhos dos quais eu sou a do meio. 

Tive uma infância e adolescência tranquila e a minha maior alegria eram as férias na casa dos meus avós maternos. Lá eu me sentia livre e feliz e isto foi determinante na hora de prestar meu primeiro vestibular. Eu queria cursar medicina, mas meu pai não permitia. Depois de ter sido reprovada em matemática, decidi que iria ser professora desta matéria. Fui aprovada para o Campus da USP de São Carlos. Logo no início descobri que a modalidade do curso oferecido que não era bem o que eu queria, pois lá só havia Ciências da Computação e eu não tinha afinidade nenhuma com aquelas máquinas infernais. Eu tinha então duas opções: vir para São Paulo para fazer licenciatura ou pedir transferência para engenharia. Acabei voltando para casa e praticamente comecei tudo de novo.

No ano seguinte prestei um novo vestibular e desta vez fui aprovada para a Escola de Educação Física, também na USP. Quando eu estava no último ano dos dois cursos, optei por acabar primeiro a Matemática e tranquei matrícula no outro com o firme propósito de terminar no ano seguinte, mas nunca mais voltei.

Uma vez formada, fui trabalhar com o Professor Scipione di Piero Neto, um renomado autor de livros didáticos, hoje já falecido. Ele foi meu mestre, meu espelho, minha inspiração. Através dele eu aprendi a amar de fato a matemática. Entre as coisas que com ele aprendi, há uma que eu sempre falava para os meus alunos e aqui vou deixar registrada:
Matemática não se aprende por inspiração e sim por transpiração. Enquanto não se usar muito papel, lápis e borracha para se fazer e refazer exercícios, nada será aprendido.
 Dizem que o ser humano se realiza depois de plantar pelo menos uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Se isto é verdade, então já cumpri minha missão, e com folga. Foram muitas árvores plantadas, dez livros publicados e duas filhas incríveis.

Fui professora de matemática, de física, de desenho geométrico e de informática. Acabei me tornando Analista de Sistemas especializada em informatização de acervos e em geotecnologias. 

Em 2008 me aposentei e para não enferrujar os neurônios fui fazer mestrado em Engenharia da Informação na Universidade Federal do ABC. Não gostaria de parar por aí, então um doutorado ainda faz parte dos meus planos. 

Irrequieta por natureza, estou sempre buscando coisas novas para "enfeitar" a minha vida. Passeio entre cálculos e teoremas, mas transito calmamente pela paixão em escrever e os trabalhos manuais. Muitos acham estranho que uma pessoa tão da área de exatas possa se dedicar tarefas tão “humanistas”. É justamente este paradoxo que me mantém viva. E assim eu vou. E assim eu sou.


Lilia Maria

 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Memórias do radio

Quando recebi a proposta de falar sobre minhas recordações que estivessem diretamente ligadas ao rádio, prontamente retruquei: nenhuma, nasci junto com a televisão. Comecei a escutar o meu grupo contar suas histórias, dei muitos palpites, mas continuei firme no meu discurso. Definitivamente o rádio não tinha grande significado para mim.

Depois, voltando para casa, entrei dentro do carro e ao ligar o contato, a voz do Milton Nascimento cantando “Canção da América” me fez parar e pensar: gente! O rádio não é passado, ele está aqui! Ele fez e ainda faz parte da minha vida. Claro que a TV é muito mais presente, mas quem me faz companhia nas horas do trânsito intenso? Não é a Rádio Sulamérica Trânsito que me diz porque eu estou já meia hora parada no congestionamento? Quem me faz rir com os esquetes engraçados da MIX? Quero ouvir um pouco de notícias? Lá estou eu com a CBN no ar. 

Aí as histórias começaram a pipocar. Muitas não foram por mim vividas, mas são as lembranças do meu pai, como por exemplo, quando ele ainda garoto ajudou um tal engenheiro Juca a montar a PRA-7 de Ribeirão Preto. Ou quando ele montou o seu primeiro radio de Galena

Nos muito antigamente, rádio era a peça principal da decoração de muitas salas. Eram enormes, feitos com válvulas. Exalavam muito calor. Lembro-me bem daquele que existia na casa dos meus avós na cidade de São Carlos. Eu era bem pequena e lá não havia torre de retransmissão de TV. Nas férias eles recebiam os netos. Era uma barulheira só de crianças saudáveis brincando o tempo todo. Mas tínhamos que parar na hora do noticiário. A solução que o vovô encontrou foi encher uma folha de papel de contas. Tínhamos que efetuá-las antes de voltar a brincar. Era o tempo exato para que ele ouvisse as notícias do dia. E foi assim que eu desenvolvi a minha habilidade com números.

As válvulas um dia deram lugar aos transistores e assim surgiram os rádios portáteis. Este era o sonho de 10 entre 10 pessoas no início da década de 60. Rádio portátil era tudo de bom. Funcionava à pilha, dava para levar dentro do bolso e colocar debaixo do travesseiro para ouvir música na hora de dormir. Eu fiquei muito feliz quando ganhei o meu de presente de Natal em 1966. Era lindinho, todo cor de rosa, com uma capa de couro clarinho e cabia na palma da minha mão. Virou meu companheiro inseparável. 
 
Nos meados dos anos 60, quando a Jovem Guarda chegou pra valer, além dos programas de televisão, quase todos os ídolos tinham um programa na Jovem Pan (que era apenas a radio Panamericana de nova roupagem). Eu adorava. Eram cartas respondidas, eram músicas tocadas, histórias de parcerias, enfim era o meu mundinho ali, ao meu alcance, sem ter que pedir ordem para os meus pais para ligar o rádio ou a televisão. 


Lembro-me bem da voz do Roberto Carlos, do seu risinho inconfundível, reclamando mais uma vez da Candinha (que fazia um programa de fofocas na mesma rádio). Lembro-me dele falando dos seu amigos inseparáveis, o Erasmo Carlos e a Wanderléa, das músicas da Martinha, Trio Esperança, Wanderlei Cardoso, Vanusa, Antonio Marcos, das suas próprias e de outros tantos, cujas letras eu tentava copiar para transcrever para o meu caderno de canções.
Tempos bons! Incríveis! Inesquecíveis.


 
Lilia Maria

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Maré mansa

Chega o dia
Que até a maré mansa
Resolve se revoltar.
A ondas sobe,
Inclina a crista,
E quem olha ao longe,
Sai correndo
Com medo de se afogar.
Mas é só um minutinho,
Uma forma de contestar,
Pois vai chegando à praia,
E a espuma se desfaz.

Lilia Maria

Moto perpetuo

O dia chegou de mansinho,
Friozinho,
Nevoento,
Tristinho,
Mas raiou como sempre.
E mesmo com o sol ausente,
Flores desabrocharam,
Frutos amadureceram.
Não importa o que acontece,
A vida é moto perpetuo,
E sempre há de continuar.

Lilia Maria



 

Contradança

Quando passa o passo
No meio da dança,
Se passa rápido
A perna trança.

Seja no meio da valsa,
Do bolero,
Ou chá-chá-chá,
Tem-se que ter cuidado
Para o passo não errar,
Para seguir bem no ritmo,
Para no pé não pisar.

Mas se algo acontece,
A dança não pode parar,
Segure bem no parceiro,
Disfarce o tombo,
Levado ou perdido,
E volte a dançar.

Lilia Maria

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Se... Então...

Se a vida prega uma peça,
Se no caminho há um buraco,
Se o sapato do pé se perdeu,
Se de repente escureceu,
Se a fome apertou,
Se o frio congelou,
Se o trem saiu do trilho,
Use a imaginação,...
Improvisos fazem parte da vida.

Lilia Maria

Imagem

O homem atrás do nariz,
De olhos cansados
E sorriso desmaiado,
Parece que perdeu a coragem
De buscar novas escoras.


Lilia Maria

Feliz jogada

Salta na rede
E como um colibri
Paira no ar,

Estuda o adversário,
Desce o braço,
E num lance calculado,
É mais um ponto a computar.
Perfeito.
Volta ao solo tranquilo
 Pulsos ao ar.
A torcida vibra,
Comemora,
É mais uma vitória a alcançar.


Lilia Maria

Sem retoque

Sem retoque,
Nenhum toque,
Nenhuma sílaba fora do lugar,
Sai a palavra dita
De forma explicita
Nesta forma de se expressar.
É poesia esta bendita,
Às vezes quase uma oração,
É elegia que a alma habita
E regurgita sem pensar.
Assim nasce a trova
Como um prova
Que palavras escritas
Com pena aguda e fria tinta
Na capa negra da noite
Fazem parte da constelação
Que enfeita, ilumina e acolhe
Pensamentos que nunca são em vão.


Lilia Maria

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Memórias do rádio

Quando recebi a proposta de falar sobre minhas recordações que estivessem diretamente ligadas ao rádio, prontamente retruquei: nenhuma, nasci junto com a televisão. Comecei a escutar o meu grupo contar suas histórias, dei muitos palpites, mas continuei firme no meu discurso. Definitivamente o rádio não tinha grande significado para mim.
Depois, voltando para casa, entrei dentro do carro e ao ligar o contato, a voz do Milton Nascimento cantando “Canção da América” me fez parar e pensar: gente! O rádio não é passado, ele está aqui! Ele fez e ainda faz parte da minha vida. Claro que a TV é muito mais presente, mas quem me faz companhia nas horas do trânsito intenso? Não é a Rádio Sulamérica Trânsito que me diz porque eu estou já meia hora parada no congestionamento? Quem me faz rir com os esquetes engraçados da MIX? Quero ouvir um pouco de notícias? Lá estou eu com a CBN no ar.
Aí as histórias começaram a pipocar. Muitas não foram por mim vividas, mas são as lembranças do meu pai, como por exemplo, quando ele ainda garoto ajudou um tal engenheiro Juca a montar a PRA-7 de Ribeirão Preto. Ou quando ele montou o seu primeiro rádio de Galena.
Nos muito antigamente, rádio era a peça principal da decoração de muitas salas. Eram enormes, feitos com válvulas. Exalavam muito calor. Lembro-me bem daquele que existia na casa dos meus avós na cidade de São Carlos. Eu era bem pequena e lá não havia torre de retransmissão de TV. Nas férias eles recebiam os netos. Era uma barulheira só de crianças saudáveis brincando o tempo todo. Mas tínhamos que parar na hora do noticiário. A solução que o vovô encontrou foi encher uma folha de papel de contas. Tínhamos que efetuá-las antes de voltar a brincar. Era o tempo exato para que ele ouvisse as notícias do dia. E foi assim que eu desenvolvi a minha habilidade com números.
As válvulas um dia deram lugar aos transistores e assim surgiram os rádios portáteis. Este era o sonho de 10 entre 10 pessoas no início da década de 60. Rádio portátil era tudo de bom. Funcionava à pilha, dava para levar dentro do bolso e colocar debaixo do travesseiro para ouvir música na hora de dormir. Eu fiquei muito feliz quando ganhei o meu de presente de Natal em 1966. Era lindinho, todo cor de rosa, com uma capa de couro clarinho e cabia na palma da minha mão. Virou meu companheiro inseparável.
Nos meados dos anos 60, quando a Jovem Guarda chegou pra valer, além dos programas de televisão, quase todos os ídolos tinham um programa na Jovem Pan (que era apenas a radio Panamericana de nova roupagem). Eu adorava. Eram cartas respondidas, eram músicas tocadas, histórias de parcerias, enfim era o meu mundinho ali, ao meu alcance, sem ter que pedir ordem para os meus pais para ligar o rádio ou a televisão.
Lembro-me bem da voz do Roberto Carlos, do seu risinho inconfundível, reclamando mais uma vez da Candinha (que fazia um programa de fofocas na mesma rádio). Lembro-me dele falando dos seu amigos inseparáveis, o Erasmo Carlos e a Wanderléa, das músicas da Martinha, Trio Esperança, Wanderlei Cardoso, Vanusa, Antonio Marcos, das suas próprias e de outros tantos, cujas letras eu tentava copiar para transcrever para o meu caderno de canções.
Tempos bons! Incríveis! Inesquecíveis.
 
Lilia Maria

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Tempo e movimento

Dentro da Matemática nada me encantou mais do que estudar alguns paradoxos. Até hoje eles me fazem pensar, viajar, voar. Eu voo alto! Matemática sempre me inspira. Ela é a minha pinga, meu norte, meu pão.
Mas vamos ver os paradoxos que eram os maiores alvos do meu encanto. Claro que vou contar uma historinha para exemplificá-los.
Imagine aquele arqueiro que protagonizou o momento mágico da Olimpíada de Barcelona, acendendo a pira olímpica disparando uma fecha incandesceste em direção a ela. Será que ele realmente conseguiu acendê-la? Muita gente diz que não, que tudo não passou de uma grande encenação, etc., etc.
Se analisarmos a situação, podemos pensar que, para atingir o alvo, a flecha deve passar pelo ponto que determina a metade da distância entre o arco e o alvo. Assim que a flecha atinja este ponto, ela terá que atingir o ponto que determina a metade da distância entre o ponto anterior e o alvo. Sucessivamente, a flecha sempre deverá vencer a metade do ponto onde se encontra e o alvo. Desta forma sempre haverá uma “metade” de distância a percorrer, portanto o alvo nunca será atingido.
Podemos partir também de outra hipótese, esta com relação ao tempo. O tempo é uma sucessão de instantes, certo? Se olharmos a flecha em cada instante, como se estivéssemos fotografando, dentro de cada instante ela estará parada, certo? Se ela está parada em cada instante, então ela não se movimenta, e se ela não se movimenta, não atinge o alvo.
Meio maluco, n’é?
O doidinho que pensava estas coisas era o filósofo grego, Zenon, nascido na cidade de Eléia e que viveu entre 490 e 430 A.C.
 
Lilia Maria
 
Este texto foi escrito há muito tempo. Hoje ele foi editado e repostado.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ressonando

Se a noite é mal dormida
E o dia já vai começar,
Guarda o fim de sono no bolso
E se apresse para trabalhar.
Lá pelo fim da manhã,
Quando o bolso começa a incomodar,
Feche os olhos devagar,
Crie coragem,
E zaz,
Atire o danado no lixo,
Tome um copo d'água gelada,
E volte à lida do dia,
Pois não é hora de sonecar.

Lilia Maria

Contabilidade

Faz de conta que a conta é certa
Sem contar o que mais aperta
É o medo de errar.
Se o acerto é o que falta
Para a vida continuar,
Faz de conta que a conta é certa
E volte a caminhar.
Tudo é sempre relativo,
Depende do referencial,
O seu erro pode ser acerto
Na hora do juízo final.

Lilia Maria

sábado, 19 de abril de 2014

Sobe...

Deslizei numa poesia
Em forma de escorregador.
Fui colhendo cada verso
E agora subo de elevador.
Vou contente,
Mas sem pressa,
Como a fumaça leve,
Que flutua ao sabor do vento,
E vai se desmanchando aos poucos
Deixando no ar
Um rastro de perfume
Daquelas palavras benditas
Que de uma só vez
Cativa o corpo
E purifica a alma.
Palavras com poder,
Palavras de prazer
De viver,
De sonhar,
De amar
Em pretérito perfeito.
Assim foi feito,
E eis-me aqui,
No alto do meu amor.

Lilia Maria


Amanheci lento um poema do Rogério Santos no Facebook:



___
Escorregador
ROGERIO SANTOS

é

e só
é céu
o brilho
encantador
nos teus olhos
que vejo ao longe
qual faróis na fronte
que curva no entretanto
feito em luz, silêncio e som
rumo urgente degrau de poesia
flor do campo minado em sabores
onde és fruta temporã cintila impune
e um escorregador de palavras nos une
empresto meus versos para o nosso tombo
se tudo vira pó viro areia que assim seja em voz
poeta sem sentido quebrado vidro moído estilhaçado e atroz

___

Adorei... Grande poeta, grande amigo!
 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Páscoa

Em tempo de renovação,
Seja a palavra de ordem "perdão".

Perdão pela mágoa engolida,
Pela emoção reprimida,
Pela felicidade perdida,
Pela caminhada sofrida.

Perdão pelo beijo apressado,
Pelo amor acabado,
Pelo sonho frustrado,
Pelo coração fechado.

Perdão pela palavra não dita,
Pela atenção não dada,
Pela verdade ignorada,
Pela batalha não vencida.

Perdão pela meta não cumprida,
Pelo tempo esgotado,
Pela fé renegada,
Pelo que não foi perdoado.


Perdão...




Lilia Maria

Escrevi esta mensagem de Páscoa há alguns anos para os meus amigos e companheiros de jornada. Hoje renovo a publicação desejando a todos que cada um consiga perceber que a vida só se renova quando sabemos o que temos que passar a limpo, e o fazemos. Que Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Memória

Histórias vividas,
Queridas,
Guardadas,
Escondidas,
Perdidas,...
Memórias...
Uma foto,
Uma carta,
Uma flor,
Um pequeno objeto,
Seja lá o que for,
Tem sabor de saudade,
Tem cheiro de amor.


Lilia Maria
 

O fato e o ato

Olho mais uma vez para aquele homem
Que outrora era o esteio,
A fortaleza.
Os cabelos estão ralos,
A vida também.
Os olhos azuis ainda têm luz,
Mas olham o infinito
Com um tom aflito
De quem continuar com coragem.
Tem sede,
Tem fome,
Tem vontade de viver,
Mas viver dói mais
Do que parece suportar.
Quero ser solidária
Mesmo sabendo que é batalha perdida,
Pois a morte sempre supera a vida
Em seus instantes finais


Lilia Maria

Estava lendo na revista Serafina uma matéria sobre Gilberto Gil. Um trecho chamou minha atenção:
"A morte é depois que eu deixar de respirar. Morrer é aqui. Morrer é ato, morte é fato", Pensei em meu pai, em suas lamentações, em suas dores. Ele vive um dilema. Quer viver, é fato, mas não aceita a vida limitada que leva agora, quer viver como outrora, parecendo dono de seu destino, do seu mundo. Mas meu pai, somos donos do que?

terça-feira, 8 de abril de 2014

Insonia

Madrugada sem sono,
Sem sonhos,
Sem sossego,
Sem vontade de chorar.
Só quero vomitar
Os sapos que engoli
Vida afora,
Noite adentro.



Lilia Maria

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Notificando


O dia acabou,
A noite despencou,
O friozinho chegou,
E eu estou aqui,
Sobrevivi.
Enganam-se os que pensam
Que de repente entristeci.
Também não estou contente.
Ando apenas carente de mim.
Não me reconheço
Neste papel de espectadora da vida.
Sou ação e emoção,
Tudo junto e misturado.

 Lilia Maria

quarta-feira, 26 de março de 2014

Buracos são infinitos

 Se aquele buraco na terra
Um dia se consertar,
Por mais árdua que seja a tarefa,
Um dia terminará.
Mas se ao contrário disto,
O buraco se queira cavar,
Quanto mais terra se tira,
Mais é preciso tirar.


Lilia Maria

terça-feira, 25 de março de 2014

Fim de caso

 A chama do fósforo apaga.
Sai o lume, fica a brasa.
E da brasa vem o pretume
Da madeira feito carvão.
Assim morre uma paixão.


Lilia Maria

domingo, 23 de março de 2014

Outono

Ou tom
De cor rimando com dor,
Do céu cinza chuvoso,...
Sem sol, sem brilho,
Ou tom
Do som dolente da chuva
Batucando nas poças d'agua
E nos telhados já muito molhados.


Vejo a tristeza e a alegria brindando
A chegada da revoada de folhas
E as velhas flores que caem
Para em frutos se transformar.
É a natureza preparando a vida
Que na longínqua primavera
Irá novamente desabrochar.

Lilia Maria

quarta-feira, 12 de março de 2014

Tempo de renovação

Enquanto lá fora
Tem uma ventania completa,
Aqui dentro é um ventinho bobo
Que mal varre a poeira do chão.
Hoje queria tudo ao contrário,
Que dentro de mim passasse um furacão
Enquanto eu tivesse caminhando
Com a brisa me refrescando.

Lilia Maria

terça-feira, 11 de março de 2014

Estrela cadente

Uma estrela cadente aparecia
Toda noite depois do jantar,
E ficava esperando a hora
De poder despencar.
Caia rapidamente,
Deixava seu rastro de luz,
E ia dormir placidamente
No berço mais bonito
Que a Via Láctea preparou.
Então sonhava com o pedido
Que seu observador mais apaixonado
Apressadamente formulou.
Ah, se ela pudesse atender!
Não haveria tanta saudade
Morando num coração solitário
Que um dia tanto amou.

Lilia Maria

segunda-feira, 10 de março de 2014

Nuvem

Aquela nuvenzinha
Que vejo emoldurada pela minha janela,
Mais parece um carneirinho
De lã branquinha,
Levezinha,
Encaracolada como os cabelos do anjo
Que me fez orar solenemente
Ajoelhada à beira do altar.

Lilia Maria

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Amar

Amar é verbo simples,
De fácil conjugação,
Eu te amo se tu me amas,...
Se não me amas,
Alguém amou
Ou me amará então.


 Amar, palavra pequena
De grande significação,
Mas cabe com muita largueza
Dentro de dois corações.

Lilia Maria

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Poetizando XXI

Estou na boa,
Rindo à toa,
Mas é rir para não chorar
E esperar a vida se acalmar.

Lilia Maria

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Estou triste, e daí?

Mais triste do que viver triste,
É não ter tristeza alguma
Para chorar ou esquecer.
Quem nunca chorou, não viveu.

Lilia Maria
 

Todo mundo chora um dia

O bebê chorava de fome,
A criança, seu brinquedo quebrado,
O adolescente nem sabia por que,
Mas o choro não conseguia conter.

O jovem chorava a oportunidade perdida,
A mulher, a emoção incontida,
O idoso tinha tantos motivos,
Mas acabara de se esquecer.

Não há no mundo quem ateste
Que nenhuma lágrima derramou,
Pois nem que seja pelo cisco bandido,
Um dia os olhos molhou.

Lilia Maria

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ao trabalhador

O sol nasce sonolento
Atrás da massa ereta de concreto,
E acorda a cidade semimorta
Para mais um dia de labuta.
É a luta insana e diária
Para ganhar um honesto pão.
Corre lá trabalhador,
Vá bater o seu cartão.
Não pare para pensar na vida,
Na validade de tanta corrida,
No sonho que ficou para trás.
Olhe para frente,
Enfrente seu destino
Sem lamúria ou desatino,
Sua hora há de chegar
Quando você menos esperar.
Trabalhe com alegria
Porque só assim a sua aura brilha,
E faz seu caminho iluminar.

 Lilia Maria

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Fantasmas

De todo modo
É medo
De um dia virar mito,
Apenas um dito
Popular e aflito
De dizer
Deixa-me viver.


E se o medo
Não vai embora
É melhor aprender
Com ele conviver.
Fantasmas existem
Na mente que os cria.


 Lilia Maria

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

E um anjo se calou...

Quando um anjo cala
Seu canto de oração,
Outro em seu lugar entoa
Uma prece, uma canção.
Não há silencio total
Para quem ouve com o coração.

Lilia Maria

Hoje um anjo se calou. Bernardette foi fazer parte do coral divino que entoam hinos de louvor ao Criador. Que Deus a recebe em seus braços de Pai protetor.

Finalizando

Se de repente
Meu tempo se acabasse agora,
Não levaria tristeza,
Nem deixaria saudade.
Findaria feito a chama da vela
Que cumpre seu papel
E termina no tempo certo
Mesmo que este tempo seja breu.


Lilia Maria

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Página virada

Naquela página do livro da vida
Há linhas e entrelinhas,
Parágrafos e parênteses,
Interrogações e exclamações.
Meu sujeito sem predicados
Foi deixado de lado
Quando o aposto o explicou.
Não era um amor roubado,
Mas um sonho que não vingou.

Lilia Maria
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Goteira

Da chuva ficou a goteira
Brincando de tamborilar na vidraça.
Tem ritmo esta dança
Que não cansa,
Só me faz adormecer.

Lilia Maria

Fotomontagem

Olhos de vidro,
Tez de matéria plástica,
É isso que vejo estampado
Na foto do meu amor.
Um dia ele existiu?...
Não, foi apenas o sonho
Que um dia gostei de ter.

Lilia Maria

Um dia ainda acabo de escrever...

Mutante


Quem sou eu agora?
A mesma pessoa de outrora?
A cor dos olhos não mudou,...
Apenas a luz se apagou.
Hoje eles parecem vazios...
Aí está este olhar
Que a alma está a espelhar.
O corpo está presente,
Mas o pensamento não.


 Lilia Maria

domingo, 12 de janeiro de 2014

Não há idade para amar

Quando eu era jovem me encantava vendo meus avós, após mais de meio século de convivência, mostrarem que a chama ainda continuava acesa. Sonhei com isto a vida toda. Era este o final de vida que eu planejava. E, se não fosse para ser assim eu não queria nem ao menos me casar um dia.
Muitas vezes, conversando com uma das minhas tias, eu ficava meio reticente quando ela dizia que depois de um certo tempo, o que sobra dentro de um casamento, não é mais a paixão, o fogo, a necessidade, é a ternura, o carinho, a amizade, o respeito.
Quando me casei, conversando sobre vida a dois, lembro-me que fizemos um pacto: vamos fazer um casamento diferente, onde o amor vai ser solidificado dia após dia.
Não sei dizer quanto tempo durou este propósito. Lembro-me apenas de um dia escutar escutar que eu já era uma velha e ainda queria namorar como minha filha adolescente.
Dia após dia, o meu lado mulher foi ficando esquecido, adormecido, reprimido até que finalmente o casamento acabou e eu acreditei que todos os meus sonhos de amor e romance estavam sepultados.
Sempre que percebia alguém chegando, querendo despertar os sentimentos adormecidos, logo vinha a cobrança – você não é mais adolescente, você não tem direto a isto.
Um dia eu me rebelei contra mim mesmo: - não tenho direto? Por quê? Tenho mais do que direito, tenho obrigação de ser feliz. Amor não tem idade. Tudo é questão de estado de espírito, e o meu espírito me diz que eu estou pronta para me apaixonar novamente. Mas, antes de qualquer coisa é preciso me apaixonar por mim e pela vida. Foi a hora da virada. Passei a olhar em todas as direções e, principalmente, olhar para mim mesma.
A nova paixão aconteceu. Eu me lembro de estar tão feliz que as pessoas comentavam do novo brilho do olhar, da luz que eu estava irradiando, do ar sonhador que eu havia assumido. Voltei a cantar, a tocar violão, a escrever poemas, a sorrir por qualquer bobagem, a sentir aquele friozinho na barriga quando meu telefone tocava. Foi muito intenso, mas infelizmente durou pouco, não porque eu me desencantei, mas sim porque ele não soube lidar com os próprios sentimentos.
Muitas amigas, que acompanharam toda a história, viviam me dizendo que não havia valido a pena, que o preço que eu estava pagando era muito alto. Eu sempre respondia e digo até hoje que valeu (e ainda vale) cada segundo, pois nada como o amor para a gente se sentir viva.
Para encerrar, o que eu posso dizer é que para viver um amor é preciso deixar que ele aconteça... 

E “que seja eterno enquanto dure”!

Lilia Maria

Escrito há laguns anos, ainda está valendo...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Para minha mãe

Cabelos de algodão,
Faces vincadas da vida,
Olhar perdido em sonhos,
Boca de sorriso desmaiado.
Não foi sempre assim,
Tinha pele de cetim,
Viço da juventude nos olhos,
Sorriso doce e pueril.
Guardou histórias,
Muitas memórias,
Coisas que a ninguém contou,
Mas que retoma seus devaneios,
Quando dormita sentada no sofá.
Foi faceira,
Foi guerreira,
E hoje enfrenta sozinha
Sombras que lhe restou.
Minha pobre menina velha,
Mãe querida,
Vou niná-la em meus pensamentos
Pelo tempo que me restar,
Pois em minha saudade
Sua imagem nunca se apagará.


Lilia Maria

Hoje minha mãe completa 83 anos de vida. Foi uma mulher corajosa. Deixou a casa dos pais com 19 anos quando se casou com o meu pai há quase 64 anos. Sua vida não foi fácil, mas confiou em seu parceiro, que nem sempre foi muito parceiro. Até hoje, apesar da sua debilidade, ainda tenta cuidar dele com carinho. Beijos pra você D. Lyginha!!!! Que Deus a guarde e conserve.
 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Em tempo

Passo a passo,
Num andar trôpego,
Entrecortado,
Em pausas titubeantes,
Segue o seu caminho certo
Até o final da vida
Que por certo um dia termina.
Aqui nada é eterno,
Nem o céu,
Nem o inferno.

Lilia Maria

Depois do Natal

Acaba o Natal,
Vem Carnaval!
Vem alegria,...
Fantasia,
Folia,
Euforia,
Brincadeiras,
Traquinagens...
E de repente
Tudo volta ao seu lugar.


Lilia Maria
 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Compromisso

Uns pecam por excesso,
Outros pela falta,
Mas o pecado mesmo
Está na omissão.
O omisso não tem compromisso,
Não se expõe,
E acha que assim
Não perde o viço.

Lilia Maria

Ensolarado

O sol acordou cedo e veio me chamar:
Vamos brincar?
E eu que não sou boba nem nada,...
 Mesmo sendo o fim da madrugada
Tratei de me apressar.
Vai que a chuva venha atrapalhar!


No meio de castelos de areia,
Das ondas brancas do mar,
Volto aos tempos de criança,
E aí a inspiração foi embora
Por conta que alguém falou
Que a tarde ia chover...


Lilia Maria

No meio do poema, Eduardo Passarelli anuncia chuva e lava a inspiração.
Sem problemas, um dia ela volta... sempre volta...


 
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

(Re)Começo

Tudo aquilo que chega ao fim
Antes teve que ter um começo,
Cada coisa tem seu preço,
Mas nem sempre o dinheiro paga.

 Lilia Maria

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vagalume

Fui dormir vagalume
Antes da noite chegar,
Agora estou meio apagada
Esperando o sol brilhar.
E chove atrás da vidraça,
Molha a terra,
Lava a rua.
Quem sabe acordo vagalume,
Lume aceso,
Brilho em alta,
E conto a todo mundo,
Quanto o amor me faz falta.

Lilia Maria