domingo, 12 de janeiro de 2014

Não há idade para amar

Quando eu era jovem me encantava vendo meus avós, após mais de meio século de convivência, mostrarem que a chama ainda continuava acesa. Sonhei com isto a vida toda. Era este o final de vida que eu planejava. E, se não fosse para ser assim eu não queria nem ao menos me casar um dia.
Muitas vezes, conversando com uma das minhas tias, eu ficava meio reticente quando ela dizia que depois de um certo tempo, o que sobra dentro de um casamento, não é mais a paixão, o fogo, a necessidade, é a ternura, o carinho, a amizade, o respeito.
Quando me casei, conversando sobre vida a dois, lembro-me que fizemos um pacto: vamos fazer um casamento diferente, onde o amor vai ser solidificado dia após dia.
Não sei dizer quanto tempo durou este propósito. Lembro-me apenas de um dia escutar escutar que eu já era uma velha e ainda queria namorar como minha filha adolescente.
Dia após dia, o meu lado mulher foi ficando esquecido, adormecido, reprimido até que finalmente o casamento acabou e eu acreditei que todos os meus sonhos de amor e romance estavam sepultados.
Sempre que percebia alguém chegando, querendo despertar os sentimentos adormecidos, logo vinha a cobrança – você não é mais adolescente, você não tem direto a isto.
Um dia eu me rebelei contra mim mesmo: - não tenho direto? Por quê? Tenho mais do que direito, tenho obrigação de ser feliz. Amor não tem idade. Tudo é questão de estado de espírito, e o meu espírito me diz que eu estou pronta para me apaixonar novamente. Mas, antes de qualquer coisa é preciso me apaixonar por mim e pela vida. Foi a hora da virada. Passei a olhar em todas as direções e, principalmente, olhar para mim mesma.
A nova paixão aconteceu. Eu me lembro de estar tão feliz que as pessoas comentavam do novo brilho do olhar, da luz que eu estava irradiando, do ar sonhador que eu havia assumido. Voltei a cantar, a tocar violão, a escrever poemas, a sorrir por qualquer bobagem, a sentir aquele friozinho na barriga quando meu telefone tocava. Foi muito intenso, mas infelizmente durou pouco, não porque eu me desencantei, mas sim porque ele não soube lidar com os próprios sentimentos.
Muitas amigas, que acompanharam toda a história, viviam me dizendo que não havia valido a pena, que o preço que eu estava pagando era muito alto. Eu sempre respondia e digo até hoje que valeu (e ainda vale) cada segundo, pois nada como o amor para a gente se sentir viva.
Para encerrar, o que eu posso dizer é que para viver um amor é preciso deixar que ele aconteça... 

E “que seja eterno enquanto dure”!

Lilia Maria

Escrito há laguns anos, ainda está valendo...

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