quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Que calor!



Eu derreto,
Tu derretes,
Ele derrete também.
E neste calor de boca do inferno,
Juntos derretemos em tanto suor.
A roupa grudada,
Cabelo empapado,
Nem banho resolve o problema.
O jeito é esperar pela brisa da madrugada
E tentar dormir de cansada,
De tanto tentar se refrescar.
Êta calor de matar!

Lilia Maria

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Geometria apaixonada

Não tinha a perfeição do círculo,
Nem a singularidade do triângulo,
Mas era aquilo que eu amava
Nas minhas horas de aprendiz.

Não andava em linha reta,
Não tinha lados iguais,
Mas com toda simetria do belo
Tomava conta do meu olhar.

Quantos poemas adolescentes
Escrevi para esta figura,
Que morava nos meus sonhos
Até a idade madura.

Vou tecer uma teoria
Para explicar tanta adoração
Por um simples traço
Que tenho perto do coração.


Lilia Maria



domingo, 28 de outubro de 2012

Que fique como está



Enamorada em noite quente,
De límpido e claro luar,
Fecho a janela e o coração,
E espero a noite passar.
Tenho medo do que sinto,
Tenho medo do que choro,
Tenho medo das sombras
E do que a luz da lua pode mostrar.
Amanhã com sol alto
É mais fácil encarar a vida,
Buscar mais uma saída
Para o que não quero experimentar.

Lilia Maria

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Aos dentistas



Não há coisa mais gostosa
Do que ser brindado com um sorriso.
Um sorriso da criança
De olhos vivos e traquina
Ou daquele vovozinho gentil
Com seus dentes de resina.
Pode ser o sorriso da senhorinha
Que se esconde atrás do leque
Ou do senhor todo formal
Mas com jeito de moleque.
Não importa quem nos brinda,
E sim o sorriso cuidado
Pelas mão preciosas 
De um competente dentista.

Lilia Maria

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

E-vidência

Tem quem enxerga,
Mas não vê,
Tem que vê até demais,
Vê fantasma onde não tem,
Vê em tudo um pouco mais.

Lilia Maria

Rolos...

Vivo enrolada,
Pareço um caracol,
Mas um dia saio da casca
E ando em linha reta
Até atingir minha meta.


Lilia Maria

Melhor assim



Amor do passado
Resgatado no presente,
Apenas adormeceu,
Ficou latente.
E se finda mais uma vez
Dói mais do que dor de dente.
É uma dor pungente,
Dessas que machucam a gente,
Mas também é como a coceira gostosa
Que a gente quer ter só para sentir.
Para que esquecer
O que não quer ser esquecido?
Deixa ficar,
E do jeito que está,
Não fez diferença outrora,
Por que agora fará?

Lilia Maria

Escrita depois de uma breve conversa com o Eduardo Passarelli.
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amor da terceira idade

Não é épico
Nem clássico,
É apenas um poema estático,
Sem rima,
Sem métrica,
Sem muita estética,
Com uma pitada romântica,
Com uma pitada de humor,
Mas que foi feito com carinho,
Para falar do meu amor.
Ah! amor da terceira idade...
Tem da juventude, muita saudade,
Da infância, a ingenuidade,
Da vida, a maturidade
Para se entregar de verdade
E fazer o que tenho vontade.


Lilia Maria

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Entremeio



Entre a infância e a velhice
Coube tantas histórias
Que nem tem como contar.
Na juventude houve plágio
Dos romance de ficção,
Inverossímeis tramas,
Tramoias, atropelos,
Dignos dos filmes de ação.
Da mentira se fez verdade,
Do sonho a realidade,
Nem sempre fácil de aceitar.
O tempo voa,
A vida urge,
E o que sobra é a memória
De tudo que passou.
Somos linhas escritas
Na página branca
Do livro que findou.

Lilia Maria

Engodo



Vai assim
Em passos sorrateiros
Buscando sair sem acordar
A mãe, a avó e a tia
Que a sono solto
Dormiam na sala do solar.

Ganha a rua,
Ganha a liberdade
Que as sombras da noite garantiam,
Mas não ganha notoriedade,
Pois se fora de casa era um gigante,
No seu habitat
Não passava de um encurralado ratinho.

Lilia Maria