quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ao trabalhador

O sol nasce sonolento
Atrás da massa ereta de concreto,
E acorda a cidade semimorta
Para mais um dia de labuta.
É a luta insana e diária
Para ganhar um honesto pão.
Corre lá trabalhador,
Vá bater o seu cartão.
Não pare para pensar na vida,
Na validade de tanta corrida,
No sonho que ficou para trás.
Olhe para frente,
Enfrente seu destino
Sem lamúria ou desatino,
Sua hora há de chegar
Quando você menos esperar.
Trabalhe com alegria
Porque só assim a sua aura brilha,
E faz seu caminho iluminar.

 Lilia Maria

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Fantasmas

De todo modo
É medo
De um dia virar mito,
Apenas um dito
Popular e aflito
De dizer
Deixa-me viver.


E se o medo
Não vai embora
É melhor aprender
Com ele conviver.
Fantasmas existem
Na mente que os cria.


 Lilia Maria

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

E um anjo se calou...

Quando um anjo cala
Seu canto de oração,
Outro em seu lugar entoa
Uma prece, uma canção.
Não há silencio total
Para quem ouve com o coração.

Lilia Maria

Hoje um anjo se calou. Bernardette foi fazer parte do coral divino que entoam hinos de louvor ao Criador. Que Deus a recebe em seus braços de Pai protetor.

Finalizando

Se de repente
Meu tempo se acabasse agora,
Não levaria tristeza,
Nem deixaria saudade.
Findaria feito a chama da vela
Que cumpre seu papel
E termina no tempo certo
Mesmo que este tempo seja breu.


Lilia Maria

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Página virada

Naquela página do livro da vida
Há linhas e entrelinhas,
Parágrafos e parênteses,
Interrogações e exclamações.
Meu sujeito sem predicados
Foi deixado de lado
Quando o aposto o explicou.
Não era um amor roubado,
Mas um sonho que não vingou.

Lilia Maria
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Goteira

Da chuva ficou a goteira
Brincando de tamborilar na vidraça.
Tem ritmo esta dança
Que não cansa,
Só me faz adormecer.

Lilia Maria

Fotomontagem

Olhos de vidro,
Tez de matéria plástica,
É isso que vejo estampado
Na foto do meu amor.
Um dia ele existiu?...
Não, foi apenas o sonho
Que um dia gostei de ter.

Lilia Maria

Um dia ainda acabo de escrever...

Mutante


Quem sou eu agora?
A mesma pessoa de outrora?
A cor dos olhos não mudou,...
Apenas a luz se apagou.
Hoje eles parecem vazios...
Aí está este olhar
Que a alma está a espelhar.
O corpo está presente,
Mas o pensamento não.


 Lilia Maria

domingo, 12 de janeiro de 2014

Não há idade para amar

Quando eu era jovem me encantava vendo meus avós, após mais de meio século de convivência, mostrarem que a chama ainda continuava acesa. Sonhei com isto a vida toda. Era este o final de vida que eu planejava. E, se não fosse para ser assim eu não queria nem ao menos me casar um dia.
Muitas vezes, conversando com uma das minhas tias, eu ficava meio reticente quando ela dizia que depois de um certo tempo, o que sobra dentro de um casamento, não é mais a paixão, o fogo, a necessidade, é a ternura, o carinho, a amizade, o respeito.
Quando me casei, conversando sobre vida a dois, lembro-me que fizemos um pacto: vamos fazer um casamento diferente, onde o amor vai ser solidificado dia após dia.
Não sei dizer quanto tempo durou este propósito. Lembro-me apenas de um dia escutar escutar que eu já era uma velha e ainda queria namorar como minha filha adolescente.
Dia após dia, o meu lado mulher foi ficando esquecido, adormecido, reprimido até que finalmente o casamento acabou e eu acreditei que todos os meus sonhos de amor e romance estavam sepultados.
Sempre que percebia alguém chegando, querendo despertar os sentimentos adormecidos, logo vinha a cobrança – você não é mais adolescente, você não tem direto a isto.
Um dia eu me rebelei contra mim mesmo: - não tenho direto? Por quê? Tenho mais do que direito, tenho obrigação de ser feliz. Amor não tem idade. Tudo é questão de estado de espírito, e o meu espírito me diz que eu estou pronta para me apaixonar novamente. Mas, antes de qualquer coisa é preciso me apaixonar por mim e pela vida. Foi a hora da virada. Passei a olhar em todas as direções e, principalmente, olhar para mim mesma.
A nova paixão aconteceu. Eu me lembro de estar tão feliz que as pessoas comentavam do novo brilho do olhar, da luz que eu estava irradiando, do ar sonhador que eu havia assumido. Voltei a cantar, a tocar violão, a escrever poemas, a sorrir por qualquer bobagem, a sentir aquele friozinho na barriga quando meu telefone tocava. Foi muito intenso, mas infelizmente durou pouco, não porque eu me desencantei, mas sim porque ele não soube lidar com os próprios sentimentos.
Muitas amigas, que acompanharam toda a história, viviam me dizendo que não havia valido a pena, que o preço que eu estava pagando era muito alto. Eu sempre respondia e digo até hoje que valeu (e ainda vale) cada segundo, pois nada como o amor para a gente se sentir viva.
Para encerrar, o que eu posso dizer é que para viver um amor é preciso deixar que ele aconteça... 

E “que seja eterno enquanto dure”!

Lilia Maria

Escrito há laguns anos, ainda está valendo...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Para minha mãe

Cabelos de algodão,
Faces vincadas da vida,
Olhar perdido em sonhos,
Boca de sorriso desmaiado.
Não foi sempre assim,
Tinha pele de cetim,
Viço da juventude nos olhos,
Sorriso doce e pueril.
Guardou histórias,
Muitas memórias,
Coisas que a ninguém contou,
Mas que retoma seus devaneios,
Quando dormita sentada no sofá.
Foi faceira,
Foi guerreira,
E hoje enfrenta sozinha
Sombras que lhe restou.
Minha pobre menina velha,
Mãe querida,
Vou niná-la em meus pensamentos
Pelo tempo que me restar,
Pois em minha saudade
Sua imagem nunca se apagará.


Lilia Maria

Hoje minha mãe completa 83 anos de vida. Foi uma mulher corajosa. Deixou a casa dos pais com 19 anos quando se casou com o meu pai há quase 64 anos. Sua vida não foi fácil, mas confiou em seu parceiro, que nem sempre foi muito parceiro. Até hoje, apesar da sua debilidade, ainda tenta cuidar dele com carinho. Beijos pra você D. Lyginha!!!! Que Deus a guarde e conserve.
 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Em tempo

Passo a passo,
Num andar trôpego,
Entrecortado,
Em pausas titubeantes,
Segue o seu caminho certo
Até o final da vida
Que por certo um dia termina.
Aqui nada é eterno,
Nem o céu,
Nem o inferno.

Lilia Maria

Depois do Natal

Acaba o Natal,
Vem Carnaval!
Vem alegria,...
Fantasia,
Folia,
Euforia,
Brincadeiras,
Traquinagens...
E de repente
Tudo volta ao seu lugar.


Lilia Maria
 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Compromisso

Uns pecam por excesso,
Outros pela falta,
Mas o pecado mesmo
Está na omissão.
O omisso não tem compromisso,
Não se expõe,
E acha que assim
Não perde o viço.

Lilia Maria

Ensolarado

O sol acordou cedo e veio me chamar:
Vamos brincar?
E eu que não sou boba nem nada,...
 Mesmo sendo o fim da madrugada
Tratei de me apressar.
Vai que a chuva venha atrapalhar!


No meio de castelos de areia,
Das ondas brancas do mar,
Volto aos tempos de criança,
E aí a inspiração foi embora
Por conta que alguém falou
Que a tarde ia chover...


Lilia Maria

No meio do poema, Eduardo Passarelli anuncia chuva e lava a inspiração.
Sem problemas, um dia ela volta... sempre volta...


 
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

(Re)Começo

Tudo aquilo que chega ao fim
Antes teve que ter um começo,
Cada coisa tem seu preço,
Mas nem sempre o dinheiro paga.

 Lilia Maria

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vagalume

Fui dormir vagalume
Antes da noite chegar,
Agora estou meio apagada
Esperando o sol brilhar.
E chove atrás da vidraça,
Molha a terra,
Lava a rua.
Quem sabe acordo vagalume,
Lume aceso,
Brilho em alta,
E conto a todo mundo,
Quanto o amor me faz falta.

Lilia Maria