segunda-feira, 30 de abril de 2012

Desconsolo


Aquele homem ali
Nunca foi palhaço de circo,
Mas ria e fazia rir
Como se estivesse no picadeiro.
E escondia na gargalhada,
Que vinha fácil a qualquer palavra,
Um soluço forte e grotesco
De quem guarda dores
No corpo e no coração.
Quem o vê todo risonho
Não sabe que por detrás dos óculos,
Um olhar quase sem luz,
Traz as marcas da saudade,
Do que ele já foi um dia.
Aquele homem ali
É o retrato de uma vida
Que passou despercebida
Por entre os dedos da mão.


Lilia Maria

sábado, 28 de abril de 2012

Põe matemática nisso!

E faz que faz conta,
E conta que conta faz.
Não é a conta que conta,
É o resultado que satisfaz.

Lilia Maria

Estudando matemática com a minha prima do coração...
Boa sorte Silvanita! Que a prova seja fácil... Bejim...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Vem para o trem


Trem que não sobe a serra,
Não fica parado na estação.
Se for trem paulista,
Volta pra casa de fasto,
Não fica parado na pista,
Não fica correndo no pasto.
Se for trem mineiro,
Não sei não.
A máquina fica fumegando,
Está cheia de carvão.
Trem que é trem
Não dá passagem de graça
Vai lá comprar o bilhete
Na lotérica da praça.
E reze para o seu trem
Sair sempre na hora,
Pois se a partida atrasa
A vida acaba indo embora.

Lilia Maria

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Matematicando

Somar amizades,
Multiplicar amor,
Dividir alegrias,
Subtrair a dor.
Que matemática é esta
Que a vida me ensinou?

Radicalizar,
Potencializar,
Integralmente
Derivar,
Daqui e de lá,
É só matematicar.

Lógica?
Nenhuma.

Me perdi nas operações
Que fui aprendendo
Enquanto via o tempo passar. 


Lilia Maria

Mestre e aprendiz


“Quando o discípulo está pronto o mestre aparece.”
Já tive muitos mestres na vida. Uns vieram antes da hora, mas tiveram paciência e esperaram que eu amadurecesse para aprender, outros estiveram comigo no momento exato. Os que vieram depois da hora, avaliaram e corrigiram rumos, o que não deixa de ser um aprendizado.
Não há nesta vida quem se aproxime de nós e não deixe a sua marca, seja ela boa ou ruim. Às vezes basta um olhar, um sorriso, ou a simples presença.
Há marcas que ficam impregnadas como tatuagens ou cicatrizes perenes, outras são tão leves e imperceptíveis que o tempo se encarrega de esmaecer e apagar. Há marcas, que mesmo definitivas, procuramos formas de disfarça-las ou atenuá-las, outras nos são tão caras que procuramos perpetuá-las.
Mestres aparecem, trazem seus ensinamentos, provocam verdadeiras revoluções nas nossas almas e desaparecem quando o discípulo completa o aprendizado.
Muitas vezes o mestre se torna discípulo de seu discípulo e, se é sábio fica feliz com isso, pois quando o discípulo se torna mestre a sua missão está completa.
Já fui mestre e aprendiz. Hoje sou mestre e aprendiz. Amanhã serei mestre e aprendiz. Todo mestre de verdade é aprendiz, pois não há nada que se ensine nesta vida que não se traduza em novas ideias e conhecimentos.
Quando o discípulo está pronto o mestre aparece, e quando o discípulo está pronto o mestre desaparece e dá lugar ao aprendiz.

Lilia Maria

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cotidiano


Pulo da cama cedo...
Direto para o chuveiro!
Ah! Os sonhos que sonhei...
Só água fria para esquecer
E acalmar o corpo e a alma...

Vamos lá!
O dia apenas começou,
Preciso parar de pensar...
Tesão quando não vinga
Tende a virar obsessão!

Convite para jantar,
Coração bate a mil...
Hoje mudo de rumo...
Preciso me controlar...
Quem sabe o sinal vai chegar...

Disfarço o enfado com assuntos banais...
Nada, nem uma palavra mais íntima...
Nem um olhar mais abrasador...
Pareço mais um amigo do peito,
Desta forma não vai ter jeito.

O tempo passa,
Meio sem graça,
Sobra o beijinho do fim...
Rapidinho, sequinho, angelical...
Não faz mal...

Na cama sozinha de novo,
Sou dona da situação,
O sonho é meu, aqui eu mando...
Amanhã vou acordar
E com a água fria recomeçar... 


Lilia Maria



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Poetas

Poetas deliram,
Criam a realidade,
Se iludem,
Se flagelam.
Mistificam,

Se inspiram,
Transpiram prazer
De escrever,
De contar,
De romancear.
Se transvertem em cores,
Se entregam a amores,
Vãos,
Perdidos,
Sofridos.
Sentem,
Pressentem,
Choram,
O momento perdido,
A palavra não dita,
O sonho não vivido.
E se escondem
Atrás do verso,
Do sorriso,
Da vida.
E renascem das cinzas,
Buscam emoções,
Se acalmam,
Põe os pés no chão,
Suspiram,
E começam tudo outra vez.

Lilia Maria

No fundo do coração

A alma que canta,
Os males espanta!
Amigo feliz,
Que traz alegria
Para mim  todo dia.
E um mundo de paz,
Um sono tranqüilo,
Um toque de cor
Na face corada,
Meio encabulada,
De pensar o que penso,
De sentir o que sinto.

É para você o amor
Que veio de graça,
Sem mais nem por que,
Que não pede nada,
Não sufoca,
Não cobra,
E fica assim,
Pulsando no peito,
Guardando o calor,
Do abraço bem dado,
Do beijo roubado,
Do carinho,
Do sabor
De estar apaixonada
Por ti,
Pela vida,
Pelo meu existir.

E assim deve ser.
Selado pra sempre,
Curtido,
Cultivado,
Diferente de tudo,
Apartado de tudo,
Coisa minha
Que com ninguém vou dividir.
Não cedo,
Não troco
Esta emoção,
Que mora há tempos
No fundo do coração.


Lilia Maria

Meio da semana



Tem gente que acha que quinta-feira 
É o meio da semana,
Tem gente que acha 

Que quarta é que é.
Eu não acho nada,
Mas sei que tem gente
Que é uma quinta-feira (ou quarta-feira) na vida.
Claro que existe aquela pessoa
Que acha que eu sou a quarta e a quinta,
Mas eu prefiro pensar
Que posso ser a semana toda de alguém.

Lilia Maria

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Será?


A vida é engraçada,
Parece que tudo vai bem.
De repente, um tropeço...
E tudo se põe a perder.

Nos envolvemos em enganos,
Falamos coisas sem pensar,
Ferimos, somos feridos,
E, finalmente nos esquivamos
Daquilo que parece
Ser a pedra do caminho.

Por vezes acertamos,
Seguimos em frente,
Sem medo de errar.
Por vezes, lá na frente,
Nos sentimos perdidos
E temos vontade de fazer o tempo voltar.
Não dá...
A barreira é intransponível...
Será? 


Lilia Maria

Obra divina


A flor apaixonada
Recebeu, muito encantada,
O pólen que significava perpetuação da vida,
Trazido nas asas coloridas
O irrequieto colibri.
Assim foi emprenhada
E ficou agradecida
Por estar preparando as sementes
Que na primavera seguinte,
Cumprindo um ciclo sagrado,
Outras flores iriam gerar.
Flores com o mesmo perfume,
Com as mesmas cores,
Com o mesmo encanto,
Com o mesmo eterno amor
Com o qual cumpre seu destino
Neste mundo comandado por Deus.

Lilia Maria


Assim como entre os humanos, as plantas precisam do toque, do contato, de um grão que se funde a outro, para que possam reproduzir-se e manter-se vivas.
"As flores que desabrocham na primavera foram geradas no inverno."
Sempre haverá uma primavera depois de um inverno, basta saber esperar o tempo passar.

sábado, 14 de abril de 2012

Algorítmo

Tudo começa num olhar.
Olhar matreiro, risonho,
De quem quer experimentar.
Cauteloso...

Depois vem a fala.
Fala macia, manhosa,
De quem quer conquistar.
Charmoso...

Mais tarde vem o tocar.
Toque sensível, preciso,
De quem quer acariciar.
Gostoso...

Finalmente chega o beijar.
Beijo doce, quente,
De quem quer um pouco mais.
Sedutor...

Lilia Maria

Algoritmo da conquista? Pode ser. Quem chega até o beijo tem chance de ir além, mas apenas chance, pois o resto não é compulsório.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Beijo Roubado

Lábios se tocam,
Levemente, gentilmente,
Se entreabrem,
Suspiram.

Ah! Língua atrevida!
Se insinua,
Invade,
Convida,
E aprofunda
E recolhe,
E chama.

Uma doce dança,
Uma troca,
Um prazer,
Um delírio,
Um devaneio.


Lilia Maria

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Carência


Onde estão os meus sonhos?
Esquecidos,
Esmaecidos,
Desvanecidos,
Mortos?

Para onde foram as confidências
Que davam alento
À esperança,
Aos devaneios,
Ao amor?

Quando sinto as areias da vida
Escorrerem entre meus dedos,
Tenho vontade de fechá-los
E estancar o sangramento,
Mas me sinto paralisada.

Se os sonhos morreram,
Eu estou viva.
Se as esperanças se foram,
Novos tempos vão chegar.
Não tenho pressa,
A eternidade se alcança devagar.

Lilia Maria

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Na reta


Um olhar apaixonado
Segue o outro em linha reta
Para mais perto sempre estar.
Mas se numa curva do destino
O olhar se desviar
Outro mais próximo
Pode vir a encontrar.

Lilia Maria

Matematicamente falando


Entre seu ponto e o meu ponto
Sempre existe um ponto médio
Que um dia ainda vou calcular...
Pego a régua e o compasso,
Próximo passo é traçar a mediatriz...
Ou a bissetriz dependendo do universo
Dos pontos a se considerar.



Lilia Maria

Geometrizando


Nunca fiz parte do círculo ou da circunferência,
Mas gravito em torno de um centro muito peculiar.
Tão peculiar como o ponto que represento,
Que nunca fez parte, mas não deixou de gravitar.
Uma situação tão estranha e tão sem explicação
Já virou um paradoxo na teoria que escrevi
Justificando o amor que não esqueci.


Lilia Maria
 

Geometria é uma das partes mais belas da Matemática. Seja classica ou as não euclidianas , a análítica, a plana ou a espacial, Geometria sempre será uma das minhas grandes paixões, daí ser fonte de inspiração.

domingo, 8 de abril de 2012

Oração (II)


Meu anjo que me guarda
Enxuga cada uma das lágrimas
Que me rolam pela face.
Não me abandone nesta hora
Em que o cansaço vence a determinação.
Não peço dó nem pena,
Peço apenas justiça,
Pois quem vem ver o que sobrou
Daquele sorriso moribundo
Não sabem das culpas
Que ainda julgo ter.

Lilia Maria

Eternidade


Este encontro perfeito
Vem se repetindo
Desde o tempo imemorial,
Pois o espaço que ocupa
Não é no coração
Onde o amor pode ser efêmero,
Mas na alma
Esta sim, imortal.

Lilia Maria