domingo, 29 de dezembro de 2013

Viva!

Acorda senhora dormida,
Acorda que a vida aí está.
Desce do sonho,...
Do salto,
Das lamúrias,
Caminhe descalça,
Desnuda,
Desprevenida.
Caminhe com fé
E muita coragem
Sobre tudo que deve ficar
Guardado no sótão
E no coração.
Viva!

Lilia Maria

sábado, 28 de dezembro de 2013

Vou vivendo

De repente a fantasia,
Um êxtase, uma alegria.
E eu aqui, esperando
Pelo sol que há de nascer.

Ah! Vestais do tempo,
O que foi que deu errado?
 A vida parece parada
Neste silêncio profundo.

Tem estrela quem souber enxergar,
Tem a graça quem quiser alcançar.
E lá vou eu nesta grande viagem
Com toda a minha fé e coragem.

De olhos abertos vou enfrentando a vida.
Vida! Corrida, sofrida...
Não tenho tempo pra pensar,
Meu lema agora é retomar.

Onde foi mesmo que parei?
Onde foi mesmo que me perdi?
Parei? Perdi?
Temo dizer que não.

Só acaba o que chega ao fim.
Aí de mim!



Lilia Maria


Escrito há tempos, cabe no momento presente.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Oração de Natal


Que neste Natal nasça em cada coração
Pequenos sentimentos e grande felicidade.
Que venha a inocência
Trazer transparência nas atitudes.
Que venha o carinho,
Para cativar novos e velhos amigos.
Que venha a gratidão
Valorizar pequenos e grandes gestos.
Que venha a confiança
Para caminhar juntos e com segurança.
Que venha o perdão
Nos redimir das más atitudes e pensamentos.
Que seja o amor
Guardião das nossas vidas.

Lilia Maria

domingo, 22 de dezembro de 2013

Pensando no Ano Novo


2014 já vai chegar,
Quero ter muito a comemorar,
Que a paz esteja sempre presente,
Que a boa vontade não chegue a faltar.

Que se tenha muitos sorrisos a distribuir, 
E braços que não se cansem de abraçar.
Que haja muita festa para se divertir,
E muita conversa para se gastar.

Que não faltem amigos para compartilhar
Os sonhos que se sonhar,
As surpresas que a vida reservar,
As vitórias que se conquistar.

Amor e saúde não devo esquecer,
Entre os votos que estou a proclamar.
Que 2013 termine com um suspiro,
Que 2014 nasça para brilhar!  

Lilia Maria

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Saudade do "Lerdinho"

Aqui estou eu meio que brigando com o Windows 8. O pobre coitado do Chicão III não tem  nada a ver com isso, mas acabo esbravejando com ele. Toda a situação me remete a uma antiga história.
No final do ano de 2002 eu trabalhava no antigo NAE 4. Tinha uma equipe muito boa. Além de gerenciar a rede, dar suporte aos usuários, fazer todo tipo de serviços de microinformática, ainda tínhamos a incumbência de resolver os problemas de demanda escolar.
Na época os nossos micros eram tipo Pentiun2 fabricados pela Novadata. Estavam velhinhos, desatualizados, lerdinhos, mas cumpriam bravamente suas tarefas.
Um dia fomos surpreendidos com a notícia que iríamos receber em breve novos computadores de última geração, muito mais rápidos, com programas mais avançados e muito mais recursos.
Foi uma longa espera. Quando chegaram, a surpresa foi tanta que mereceu até este poema:

Saudade do "Lerdinho"

Me falaram que era o máximo,
Micro turbo,
Última geração.
Pentiun quatro,
Todo “plug and play”...
O luxo do luxo,
Pós moderno pra valer.

Vou feliz trabalhar,
Todas as minhas tarefas
Finalmente vou fazer,
Se depender da propaganda,
Problemas não mais vou ter,
Ele é a solução,
De tudo que já reclamei.

É chegado então o dia
Da grande inauguração,
Festa!
Todo mundo à minha volta,
Pra super máquina conhecer.

Liguei... Suspense...
Ai, ai, ai...
Cinco minutos para a partida dar...
Depois do “plug”,
Me restou o “prey”.
Meia hora depois começa a funcionar...
Que surpresa...
Ganhei um “lentium”...
Quatro... pra ser um pouco “melhor”...

E o Turbo, onde ficou?
Turbo...lento,
Responde a voz da razão.
Deus!
Quero o meu antigo micro de volta!
Ele é a minha salvação!

Lilia Maria
13/02/2003
Uma justa homenagem ao Novadata Pentiun2 que me acompanhou nos últimos quatro anos.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Maria Só

Maria Só somaria
Se o resultado fosse bom.
Só Maria Só, sozinha
Nas garras do vilão.
Fica Maria Só
Na sua solidão.
O tempo passa Maria!
Só fica só
Quem esquece
A chave do coração.
Abre a porta Maria,
Acabou o tempo de depuração.
Que o sol entre,
Que o vento varra
Os restos das cinzas
Que sobraram no porão.
Maria Só sozinha
Sonha de olhos abertos
Com seu mundo de ilusão.


Lilia Maria

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Encontro marcado

Pão, pão,
Beijo, beijo,
Pão e beijo
É pão de queijo
Tão mineirinho,
Tão caboclinho,
Que até deu vontade
De tomar seu café.
Espera que já estou chegando
Com muita saudade na algibeira,
Com um gostar imenso no peito,
Com vontade de sentar e ficar.
Tem prosa demais 
Para a gente gastar.
E quando o assunto acabar,
Pego a estrada de volta,
Vivo mais um tanto de vida,
Guardo as notícias da terra
Até a gente se encontrar.

Lilia Maria

Pra Selma Botelho, uma pessoa querida que voltei a encontrar.

Viva a vida!

Viva a vida!
Vida que hoje saúdo com um viva
Que se confunde com o verbo viver.
Não importa qual a interpretação,
Pois corretas as duas formas são.
Saudemos a vida então 

E vivamos com satisfação.

Lilia Maria

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Saudação: Bom dia

Um bom dia começa assim,
Café quentinho,
Pão com manteiga na chapa,
Suco de laranja fresquinho,
A metade da maçã,
Um sorriso brincando no rosto,
Um beijo estalado,
Da palma da mão soprado,
Um abraço apertado,
A promessa do amanhã.

Lilia Maria

Saudação: Boas vindas

Bata na porta e entre,
Entre sem nem mesmo bater,
Tem espaço de sobra na sala,
No quarto, na cozinha, no corredor.
Não importa onde você se instala,
Se na bagagem trouxer alegria
E vontade de vencer.

Lilia Maria

domingo, 1 de dezembro de 2013

Brinde

Brindo com um verso torto,
Meio roto, amarrotado, carcomido,
O amor no coração abduzido
Para nunca mais ser devolvido.

Lilia Maria

Matematicar

Um dia há muito tempo,
Matemática me dispus a ensinar,
E não é que bem no meio da aula
Aprendi a poetizar?
Palavra + palavra = verso,
Verso + verso = estrofe,
O conjunto de estrofes é poesia
Que se pode cantar e encantar.
Muitos aprenderam comigo
O X da questão procurar,
Mas a vida ensinou, com certeza,
A forma de se expressar.
E põe poesia na conta
E conta para quem cantar,
Que poesia é só matemática
Que um dia tentei ensinar.

Lilia Maria

Inspiração

Na rede nasce poema
Com cara de vira-lata,
Começa no post do dono
Termina em mãos que o embala.
Toma forma em um verso
E muda o rumo em outro.
Ideias se fundem, confundem,
A mistura sempre é muito boa,
Inovam pensamentos,
Trasbordam inspiração.
Pegue pedaços de lua,
Da luz que resta do sol,
Mosaicos do tempo espelhado
Na alma do poeta errante,
Junte tudo, alinhave,
E está pronta a criação.


Lilia Maria

Dois poetas (Rogério Santos e Paulo D'Auria) escreveram a quatro mãos. Uma ideia inspira outra...

luar de prata foi-se
nos olhos da última namorada
hoje o cachorro vira-noites
chutando a lua de lata.
(Paulo D'Auria)
foice aluada alameda
nos olhos das nuvens que restam
um choro já não represa
meu uivo de vira-lata
(Rogerio Santos)
a lua foice
corta a noite
e as mágoas
(Paulo D'Auria)
estrelas e estilhaços
pés descalços
na calçada
(Rogerio Santos)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Data-kombi ao seu dispor


Estou escrevendo o trabalho final da disciplina Recursos Informacionais que estou cursando na ECA-USP. Já comecei o texto umas dez vezes, e não consigo engrenar. Está faltando paixão. Eu só funciono apaixonada pelo que faço. Mas as lembranças que vão surgindo fazem com que eu não desista. 

Agora me lembrei do data-Kombi. Alguém sabe o que é isso? 

No final dos anos 80 até os meados dos 90, não existia Internet. Rede era um luxo que nós, funcionários da prefeitura de São Paulo, só dispúnhamos para os computadores de grande porte e não era possível mandar arquivos por eles. Até tinha um serviço parecido com e-mail, mas era para recadinho, tipo Twiter, 140 toques e nada mais (não sei se era este o número de caracteres, mas sei que eram 2 ou três linhas). 

Na época eu era analista de desenvolvimento e viviam me pedindo para fazer algumas rotinas para coleta de dados. Outras vezes os dados eram preenchidos em tabelas do Excel pré-formatadas. Os prazos eram exíguos, tudo era sempre para ontem. Aí a gente usava e abusava do que a gente chamava carinhosamente de data-Kombi. 

O transporte de pessoas e malotes era normalmente feitos em peruas Kombi oficiais. Era precisar de dados e lá se iam elas carregando os programinhas ou as planilhas gravados num disquete. Na volta, lá vinha a Kombi trazendo os nossos disquetes de volta. 

Aí tínhamos que juntar, verificar, consertar o que não estava bom, e finalizar o trabalho, sempre a toque de caixa. Quantas e quantas vezes o disquete ia ou chagava e não era possível a leitura. E lá se ia a Kombi de novo... Velhos tempos! Bons tempos! 

Lilia Maria

Bom dia!

Acordei com o passarinho que canta
Todo dia debaixo da minha janela,
E encanta com seu trinar gorjeante,

Que parece me chamar para a vida,
Para ver quanto sol brilhante
Trabalhou desde a aurora,
Fazendo desabrochar as flores
Que a luz do luar preparou.

Lilia Maria

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Acordando cedo

Se amanheço muito inspirada,
Com vontade de fazer nada,
Fico na cama a sonhar,
Pois sonhar é o que vai me acordar.
Assim nasce a poesia,
De parto quase perfeito,
Escrevo de supetão,
E quase não vejo defeito.
Às vezes é poesia apaixonada,
Às vezes parece uma oração,
Mas o que é poetizar senão
Uma forma linda de se rezar?
Rezar pelos amigos de sempre,
Pelos amores novos e antigos.
Rezar pela vida vivida,
Pelas vitórias, pelos castigos.

Lilia Maria


Batalha do amor

Quem venceu a batalha do amor?
Aquele que se foi  bem depressa

Sem jamais olhar par trás,
Ou o que ficou por um tempo perdido
Mas nunca saiu do lugar?

Quem venceu a batalha do amor?
O que jogou tudo fora
Na esperança de não mais lembrar,
Ou aquele que guardou tudo,
Pois tudo é história a se contar?

Quem venceu a batalha do amor?
Aquele que se recolheu
E da vida se escondeu,
Ou aquele que seguiu em frente,
Pois a felicidade pode vir de repente?

Quem venceu a batalha do amor?
No amor há vencido e vencedor?

Lilia Maria

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Notas do coração

Não sei se este amor é antigo
Ou se antiga é apenas a dor.
Antiga dor de saudade,
Saudade daquele amor.

Era um amor tão sincero,
Tão guardado dentro do peito
Que superou as agruras do tempo,
Tempo que nunca findou.

E segue assim, companheiro,
Trazendo notas de inspiração
Que desfio em versos singelos,
Escritos com o coração.

Ah! A vida dos sentimentos!
Quem contesta esta paixão?

Viva e deixe viver,
O sonho, a saudade, a ilusão.

Lilia Maria

sábado, 23 de novembro de 2013

Tempo de paz

Chega um tempo
Que é preciso libertar emoções,
Abrir aquele baú trancado
No sótão das memórias
E viver cada uma,
Sem medo dos pudores
E de auto recriminações.

Chega um tempo
Que a vida é só agora,
Que o passado pede passagem,
Que o futuro é apenas o instante seguinte
Daquele que o relógio marcou.

Chega um tempo
Que a colheita é uma ordem,
Sob pena de perder de uma vez
O pouco que ainda restou
Daqueles risos inocentes,
Dos sonhos que ficaram a esperar
A hora de se realizar.

Chega um tempo
Que a felicidade é o que fica
Dos passos já caminhados,
Seja qual foi o rumo dado,
Seja qual foi o rincão alcançado
Para a vida terminar.


Lilia Maria

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Bom dia!

Boceja, espreguiça,
Acorda todos os músculos do corpo,
Pisca, pisca, pisca...
Pronto, já se foi o sono.
Uma xícara de café,
Um sorriso nos lábios, e...
Bom dia, vida!
Aqui vamos nós
Para a labuta diária.

Lilia Maria

domingo, 17 de novembro de 2013

Medindo a vida

Se a vida fosse medida em palmos,
Mãos médias eu queria ter,
Para que a vida não fosse tão breve
Que faltasse coisas a se fazer,
Mas que não fosse tão longa
Que eu cansasse de viver.

Lilia Maria


Amortalhado

Sim, eu amei um dia.
Amei e só eu sei quanto.
Para uns era amor sem fim,
Outros achavam que não era tanto.
Tanto quando era o encanto,
De ter um amor em mim,
Era a amargura de vê-lo definhar
Até  ao fim chegar.
Mais tarde descobri,
Entre espantada e satisfeita
Que o amor não morre nunca,
Apenas muda de estado,
Da fluidez do amor correspondido,
À aridez do amor semiesquecido.
E fica latente, latejante,
Lânguido, adormecido,
Num estado de catalepsia,
Que parece não mais voltar.
Está na hora deste amor doido
Encontrar seu berço de aconchego
E entre plumas e brancos lençóis,
Fechar os olhar e sossegar.


Lilia Maria

Solicitude

Ele dizia - desista,
Ela entendia - insista.
Era mais fácil resistir
Do que deixá-lo partir
E correr o risco
De não ter como voltar.
Se nas páginas escritas
Não se via uma saida
Era melhor escrever mais uma
E tentar a solução.
Chegou um tempo
Que não há mais palavras
Não há mais nada
Nem um sopro
Que faça bater o coração.
Tempo em vão,
Perdeu-se a magia,
Perdeu-se a ilusão.
Voltamos ao ponto de partida.
Hora de recomeçar a vida,
E encontrar alguma alegria
Nas revoada dos sonhos
Que como os pássaros retornam
Ao ninho onde nasceram.
Estou só,
Absolutamente só nesta empreitada.
Vou em busca do meu eu
Que há muito se perdeu.

Lilia Maria

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Solidão

Solidão fica mais fácil
Se deixar a porta aberta.
Se tem alguém para entrar,
Que entre sem bater.
Se tiver que ir embora,
É só dizer adeus.

Lilia Maria

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Esperando uma graça

Sexta-feira comum
Findando a semana comum
De um mês comum
Do ano da graça?
Nem de graça,
Nem sem graça...
Vou sentar lá na praça
E esperar o tempo passar.
Quem sabe neste esperar
A minha vida possa mudar?
Aí toda sexta feira vira paixão,
A semana se enche de cores,
O mês será de carnaval
De um ano excepcional.
Quem espera sempre alcança,
Três vezes salve a esperança.

Lilia Maria

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Atemporal

O tempo passa lá fora,
Mas dentro do ciberespaço
Continua tudo igual.
Lá não tem hora, tempo ou lugar,
Fronteiras que dividem,
Línguas que não se entende.
Lá tem sempre um espaço,
Um ponto de encontro virtual
Para poder abraçar os amigos.
Amigos de agora,
Amigos de outrora,
Amigos sempre presentes,
Mundo afora e em tempo real.
Quem sabe lá do outro lado da vida
Haja uma rede transideral...


Lilia Maria


Ponto

Quero um ponto,
Apenas um sinal.
Não quero o ponto final.
Quero um ponto de encontro,
Encontro de duas retas,
Duas vidas distintas
Que se cruzam de repente,
De forma distraída,
Que fique apenas marcado
No fundo do coração.

Lilia Maria

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Epigrafe

Tinha uma frase no parágrafo,
Um parágrafo dentro da página,
Uma página dentro do livro.
Mas não fosse aquela frase,
O parágrafo não teria sentido,
A página não seria importante
Dentro daquele livro.
Assim é também a vida.

Lilia Maria


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Felizes para sempre

Felizes para sempre
Era um nome de filme
Ou então o grande final
De todo conto de fadas.
Mas se sempre fosse o segundo
Que durou o beijo de amor,
Esta seria a frase perfeita
Para encerrar o romance
Que um dia se sonhou.


Lilia Maria


Quando eu era adolescente, vi este filme. E como eu era (e sou) uma romântica apaixonada, sai do cinema encantada. Nunca vi Sophia Loren mais linda! Ela vestida de camponesa italiana, com aquela pele trigueira, me fez pensar como eu era sem graça dentro da minha brancura sem cura. Mas tudo bem... Afinal o meu Rodrigo (nome do príncipe vivido por Omar Sharif) também não era um morenaço, mas eu trocaria tudo por um sorriso daqueles olhos d'água. Coisas do coração.
Um bom filme para se ver numa tarde de chuva.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Tempos passados

Apaixonada outra vez...
Era isso que assustava.
Outrora era apenas uma lembrança,
Agora era real,
Fatal.
Eram fragmentos adormecidos
Que emergiam das sombras
E se transformavam em peças
Que se encaixavam perfeitamente
No quebra cabeças da vida.
Não há como negar,
O que é guardado em folhas de sândalo,
Volta sempre para assombrar.

Lilia Maria

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O melhor capítulo da novela

Ontem senti minha alma lavada e enxaguada ao assistir o capítulo da novela “Viver a Vida”. Que delícia ver o casal de velhinhos namorando. Que delícia ver a D. Bernarda entrando em casa no dia seguinte, feliz da vida e assumindo que a noite tinha sido boa e que tudo tinha funcionado perfeitamente.


Conheço muitos jovens que acham absolutamente ridículo que pessoas idosas mostrem que ainda podem se apaixonar, como se o amor fosse exclusividade deles. Dizer que pessoas de mais idade sentem falta de sexo, para alguns é desvio de comportamento. 


Há mulheres que depois de certa idade simplesmente dão graças a Deus que os seus parceiros procurem outra, desde que não se apaixonem e queiram assumir um novo relacionamento. 

Tudo isso é puro preconceito, e preconceito que eles mesmos, os homens mais velhos criam. Não foi à toa que um dia escutei de um desses “seres iluminados” que se os amigos soubessem que ele estava apaixonado por uma mulher de mais de cinquenta anos, iriam rir dele.

Depois do capítulo de ontem da novela, espero que os senhores da terceira idade olhem para nós, mulheres também da terceira idade, e descubram que ainda temos os nossos encantos e temos direito a amar, a fazer amor com calma e carinho, com respeito e vontade, que somos carentes e querentes de fantasias e sonhos que possam nos manter vivas.

Lilia Maria

Ah! Sim... Antes que eu me esqueça, aos jovens, que um dia também envelhecerão: amor não tem idade pois o coração nunca envelhece.

Hoje

Hoje é o amanhã de ontem.
Hoje é o ontem do amanhã.
Hoje é presente, é passado, é futuro,
Basta querer referenciar
Pelo tempo que me restar.
Caminhado para frente
Ou olhando para trás,
Hoje é o tempo que tenho
Para rir, chorar e amar.
Hoje eu preciso ter
Para a vida viver.

Lilia Maria

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Saudade

Saudade naquele tempo
Era apenas uma dorzinha à-toa
Que chegava no fim do dia
E me fazia rezar
Para o outro dia chegar.
E quando amanhecia,
Ela ia definhando
Até o saudoso avistar.
Um instante bastava
Para a dorzinha acalmar.
Ah! A platonicidade do amor!

Lilia Maria




Extrato

Eram muitos os caminhos,
Eram muitas as vontades,
Eram poucos os acertos,
Eram poucas as verdades,
Mas que fique tudo aqui,
Segredos da minha vida
Que não conto a mais ninguém.

Lilia Maria

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Analfabeta

Restaram palavras sem acento?
Quase um cento.
Palavras perderam o hífen?
Não importa, a ideia é o que vale.
Esta língua complicada!
Quando aprendo a escrever
Tenho logo que reaprender.


Lilia Maria


Pensando bem, tenho que mudar tudo...

Restaram palavras com acento?
Mais de um cento.
Palavras perderam o hífen?
Não importa, a ideia é o que vale.
Eita língua complicada!
Quando aprendo a escrever
Tenho logo que reaprender.


Lilia Maria

Poesia é assim.
A gente escreve, lê, acha bom e esquece.
Dias depois volta e acha tudo sem sentido,
E toca escrever outra vez.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Problema

Um problema só é problema
Se não tem solução,
Seja ele um probleminha,
Ou um baita problemão.
E quando se puxa a ideia
E uma saída se encontra,
É comum desconfiar que a resposta
Não resolve a contento.

Lilia Maria




Mais ou menos

Meio a meio de repente
Pode ser o inteiro que eu sempre quis,
Pode ser parte de uma parte
Da arte de ser feliz.

Nem aqui, nem lá,
Não sei bem onde encontrar
O pedaço da vida que falta
Para esta história terminar.

Lilia Maria


Sou mestre

Ser mestre é quase um vício,
É um ofício que não tem fim,
Não acaba na sala de aula,
Nem na entrega do boletim.
Ser mestre é plantar semente
Na mente e no coração.
Ser mestre é ouvir contente
Aquela criança crescida,
Já bem posta na vida,
Dizendo com muita alegria
- Obrigada Professor.


Lilia Maria

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Documento

Desenhei com lápis preto
Pensando em um dia apagar,
Mas quem disse que quando quero
Consigo a borracha encontrar?
Então fica no papel
A promessa nunca cumprida,
O amor da minha vida,
Sonhos que nunca se foram,
Presságios que ainda virão.

Lilia Maria

Primavera

Ai quem me dera
Fosse sempre primavera
Na vida e no coração.

Ai quem me dera
O que nasceu na primavera
Vivesse mais que um verão.

Ai quem me dera
Que esta primavera
Fosse uma grande celebração.

Ai quem me dera
Despertar na primavera
Com mais uma declaração.

Ai quem me dera
Aprender na primavera
Mais uma oração.

Ai quem me dera
Nascesse nesta primavera
Os dias melhores que virão.

Primavera,
Minha linda primavera
Você é tudo de bom.

Lilia Maria


Eu nasci no fim da primavera, já era quase verão. Primavera para mim sempre é tudo de bom. Se a vida é dividida em estações, acho que vivo na primavera, pois creio que ela é a estação da esperança, esperança de vida, de dias melhores, de alegria, de amor.

Auto suficiente

Sou dona do meu nariz,
Não tenho dono nem patrão,
Controlo tudo na minha vida,
Menos o que vai no coração.

Lilia Maria

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Modernidade

Mandar um e-mail
Era simplesmente um meio
De dizer rapidinho
Eu ainda estou aqui.


Hoje fica mais fácil
Se cair na rede social,
É só curtir aquela foto
Que vai na página inicial.

Lilia Maria

Ontem o professor Ivan Siqueira perguntou na sala quem mandava e recebia e-mails. Eu levantei a mão, mas disse que hoje recebo poucos, pois a gente acaba fazendo mais contatos pelas redes sociais.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Epitafio

Nasceu...
Pura como o sagrado,
Profana como um pecado,
Insana como a realidade.

Viveu...
Intensa como um grito,
Escondida como a mácula,
Lúcida como a liberdade.

Morreu...
Exaurida como sua vontade,
Apagada como a noite escura,
Esquecida da própria identidade.


Lilia Maria

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mistureba

Sou as cores dos meus antepassados,
Sou os sons das suas palavras,
Sou os gestos de muitas gerações,
Mas sou eu em carne e osso,
O produto desta miscigenação.

Lilia Maria

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

É assim

Bom dia para quem é do dia,
Boa tarde para quem é da tarde,
Boa noite para quem é da noite.
Ser feliz não tem hora,
Pode ser na aurora,
Antes do entardecer,
Depois do sol morrer,
Mas tem que deixar acontecer.
Ser feliz é uma ordem
Para quem quer viver.

Lilia Maria

Decepção

Era uma pessoa diferente,
Parecia até inocente
Diante de tanta podridão.
Estendeu sua mão,
Falou sem titubear:
Confia!
Dois passos depois,
Caio de joelhos
Num belo tropeção.
Não havia ninguém para me levantar.

Lilia Maria

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Gabolice

Vem menino
Que eu te ensino
Como é viver sem pressa,
Viver curtindo à beça
Cada sonho que vingar.

Lilia Maria

Criancice

Toc, toc, toc !
Ó de casa!
Abra porta pra mim
Que eu vim mesmo assim.
Mesmo sem ser convidada
Vou ficar aqui até o fim.

Lilia Maria



domingo, 15 de setembro de 2013

Somos maus atores

Não era preciso palco,
Nem plateia para aplaudir,
Cada papel era bem representado
Pelo ator que estava ali.
Um era o apaixonado,
O outro, o bem nascido,
Tinha um personagem tosco,
Que insistia em transgredir.
Palavras faladas,
Gestos estudados,
Uma farsa digna de Gil*.
Pena que no fim do primeiro ato
Descobriu-se que era de fato
A vida imitando a arte,
Um auto quase medieval,
Que por pouco não vira tragédia,
Tragédia da vida real.

Lilia Maria
*Gil Vicente

sábado, 14 de setembro de 2013

A cor e a flor

Se nasce uma violeta branca
No meio do meu jardim,
Mudo o nome da cor ou da flor
Para não ficar confusa assim?

Por que rosa vermelha é rosa
E não vermelha como sua cor?
Quero uma dúzia de amarelas,
E aí, qual seria a flor?

É melhor que fique assim
Pois senão tudo teria que mudar,
O lírio seria branco
E de branco teria muitas flores a chamar.

Lilia Maria

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Fragmentos

--I--

Quando a fome aperta,
A razão aparta.

--II--

Todo poeta é um sonhador,
De dia, alimenta-se da vida,
De noite, seu alimento é o amor.

--III--

O vento uiva como um lobo
Que chama a parceira em vão.
Será efeitos de agosto,
Ou delírios do coração?

--IV--

Quatro versos, uma estrofe,
Para fazer uma oração
Pedindo a Deus que perdoe
Aquele vendedor de ilusão.



Lilia Maria

Brasiliano

Não foi por mero acaso
Que um dia resolveu tentar,
Saiu da terra que foi seu berço
Para outras plagas alcançar.

Na mala levava esperança,
Vontade de prosperar.
No coração guardava saudade
Dos muitos a quem prometeu voltar.

Mal pisou no novo solo,
Sem medo de perecer,
Fincou sua bandeira de luta,
E nunca deixou se abater.

Misturou cores, sabores, saberes,
Perseguiu seus sonhos e metas,
Foi um cumpridor de deveres,
E finalmente cresceu e venceu.

Faz então da pátria amiga,
Seu quintal, seu torrão,
Seu pedaço dentro do mundo
Onde um dia ganhou seu pão.

Lilia Maria



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Tempo

O tempo é implacável, leva nossas lembranças, marca os nossos sorrisos, vinca nossa tez, desacelera a nossa mente. 
Feliz daquele que consegue manter um bom relacionamento com este algoz inabalável. 
Feliz daquele que vê o tempo passar e passa junto com ele, sem crises existenciais, sem medo de viver, sem arrependimentos dos feitos e não feitos. 
Feliz daquele que se coloca dentro do tempo e o tempo dentro de si.


Lilia Maria

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Croquete da vovó

Quando eu era pequena, nada era mais esperado nas festas de família do que o croquete de carne da vovó. Receita? Não tinha, quem quisesse aprender, que ajudasse a fazer. Segundo meu pai, vovó Lilia havia aprendido com sua mãe, a vovó Raquel, e suas noras, minha mãe e a tia Lourdes, aprenderam a fazer direitinho.


Festa de aniversário sem croquete não era festa. Meus amigos quando convidados para comemorar meu aniversário, invariavelmente perguntavam se o quitute ia ser servido.

Ao longo da minha infância e adolescência fui participando do preparo até ser capaz de tocar a empreita sozinha com todo o sabor e requinte que deveria ter. A massa de carne tinha que ser cremosa e derreter na boca quando se mordia a casquinha crocante. 

Hoje em dia, volta e meia minhas filhas e seus amigos me pedem para fazê-lo e eu vou para a cozinha com muita alegria, pois sei que serão saboreados com o mesmo prazer que eu, meus irmãos e primos tínhamos em nossa infância.

Tudo começa com a carne moída sendo refogada com óleo, cebola, alho, salsinha, um pouco de noz moscada, tomate picadinho, uma pitada de pimenta do reino, sal e outros temperos que possam estar à mão.

Assim que a carne estiver toda refogada, coloca-se um pouco de água até cobrir. Quando estiver fervendo acrescenta-se um ovo batido, mexendo vigorosamente. A seguir mistura-se uma colher de sopa bem cheia de farinha de trigo em uma xícara de leite. Despeja-se a mistura na panela sem deixar de mexer para não formar grumos. Quando a massa toda estiver desgrudando do fundo da panela, está pronto. Coloca-se então numa travessa para esfriar.

Para dar forma aos croquetes é preciso de farinha de rosca e ovos batidos com um pouco de água e sal. É aí que o trabalho realmente começa. Cada bolinho é feito com uma colherada da massa de carne que deve ser passada primeiro na farinha de rosca, depois nos ovos batidos e de novo na farinha de rosca.

Para finalizar, cada croquete deve ser frito em óleo bem quente. Normalmente esta fritura deve ser feita numa frigideira alta ou numa panela, pois o óleo dever ser suficiente para cobrir o bolinho por inteiro.

Agora sim, é só sentar e se deliciar.

Lilia Maria

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O café nosso de cada dia

Na casa dos meus avós maternos três horas da tarde era sagrada. 
Um pouco antes deste horário minha avó Maria ia para a cozinha. Pouco depois o perfume do café se espalhava no ar. A mesa ia sendo posta entre a água borbulhar na panela e o líquido escuro e fervilhante escorrer pelo velho coador de tecido direto para o bule. Bolo, pão caseiro, manteiga, biscoitos, xícaras, tudo era cuidadosamente colocado à mesa esperando a hora de serem consumidos.
Parecia festa. Vinham os filhos, netos, amigos que iam se sentando e se servindo. Só não podia ocupar o lugar do vovô. Era uma tradição, uma delícia, um prazer.
Eu morei com eles durante dois anos e meio quando estudei na EESC. Muitas vezes voltava neste horário para casa só para participar, mesmo que depois tivesse que caminhar de volta os 20 quarteirões que separavam aquela mesa farta da Universidade.
Ninguém se atrevia a fazer café pela minha avó. Não que ela não deixasse, mas era muito difícil imitar a delícia de sabor que ele tinha.
Um dia, logo depois do jantar, meu avô sentenciou: 
- Lilia, hoje eu quero tomar um café feito por você.
Entrei com pânico. Tentei argumentar que na casa da minha mãe eu saberia fazer, pois a medida da água estava marcada na panela de ferver a água. Mas ele não aceitou o argumento. Eu não sabia se chorava ou se fugia. Minha tia Letícia, irmã mais velha da minha mãe, me salvou daquela situação. Ela me ensinou o que hoje chamo de "receita universal de um bom café". É assim: para cada copo americano de água coloque uma colher de sopa bem cheia de pó. E assim foi feito. 
Meu avô pareceu surpreso quando experimentou. Recebi até um elogio:
- Você já pode casar.
Até hoje uso a receita quando precisa fazer café em algum lugar.
Simples, fácil, prático e não tem erro.

Lilia Maria

sábado, 10 de agosto de 2013

Poesia por um triz

Se falta inspiração
Para o próximo poema,
Junto o papel e a caneta,
Deixo a mão correr solta,
E de repente a ideia se assenta.
Às vezes a rima é certa,
Às vezes é o ritmo que predomina,
Do poema sai a cantiga,
A cantiga, versos solicita.
E assim vai,
E assim fica.

Lilia Maria

Recordar é preciso

Cheiro de capim molhado
Parece um fino perfume
Quando o olor invade a narina
Ansiosa por colher olfativas lembranças
Que na infância se guardou.

A felicidade expressa
No sorriso sincero das crianças
Parece que volta depressa
Quando se resgata das dobras do tempo
Pedaços da infância que lá ficou.

Lilia Maria

A moça que não queria dançar.

Volta e meia meu pai conta e reconta suas histórias. Às vezes não tem nenhuma graça, mas de vez em quando vem uma pérola.
Hoje ele contou a história de uma moça italiana que ia a bailes e nunca queria dançar. Quando ele começou a falar achei que ela era tímida e, assim como eu, não sabia dançar. Mas no caso o problema era outro e ela fazia questão de explicar ao "dar tábua".
Vou tentar reproduzir o jeito dele falar imitando a senhorita:
- Io no danço perque si danço, canso. Se canso, suo e se suo, fêdo.
Aqui escrito não tem graça, mas contado por ele é de dar muita risada.


Lilia Maria

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Poetizando XX

Se o mundo é uma aldeia,
A cidade virou oca,
Onde todos se encontram
Mesmo sem sair da toca.

Lilia Maria

Óbvio

Não tem dia,
Não tem hora,
A vida é agora.

Lilia Maria

Poetizando XIX

Ele reclamou que os lábios estavam salgados...
Ô homem desatento!
Os olhos estavam vermelhos de tanto chorar...

Lilia Maria

Poetizando XVIII

Das estrelas da minha constelação
A mais brilhante
Está mais distante
Dos olhos
E do coração.

Lilia Maria

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Somos amor

O dia vem da noite,
A brisa é o vento que restou,
A nuvem se esvai em chuva,
A tristeza é o fim de um grande amor.
Amor na verdade não morre,
Apenas adormece no coração,
E fica latente entre outros,
Alimentando sonhos e ilusões.
Um dia surge e ressurge,
Acorda e volta a dormir.
Amor é o alimento da alma,
A alma é o recanto do amor.

Lilia Maria

domingo, 28 de julho de 2013

Na praça

Praça sem raça,
Só concreto sem vida,
Calçada desnivelada,
Sarjeta carcomida.

Praça sem graça,
Sem gruta,
Sem  caminho.
Coitada da praça!
Não tem criança brincando,
Não tem gente andando,
Não tem...
Mas um dia há de renascer
E ser praça pra valer.

Lilia Maria

Inutilidade

De novo
O novo se perdeu
No meio do mofo que se formou
Na pilha de novidades inúteis
Que acumulo sem perdão.

Lilia Maria

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Teimosia

Era mais ou menos assim:
Fica longe de mim.
Mas a teimosia fala mais alto,
E de repente, num salto,
Como um gato suicida,
Se joga para dentro da vida,
Ou da morte, se assim desejar.
Viver no fio da navalha,
Com aquele coração canalha,
Que não deixa sossegar
É sina,
É capricho,
É voltar a ser criança,
Que não aceita não como resposta
E não deixa a vida passar.
Vale tudo para saber
O que ainda pode acontecer.

Lilia Maria

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Miopia

Eu tinha que ver de perto
Aquilo que mais parecia um borrão,
Mas quanta decepção!
Aquela luz que cintilava,
Que parecia se colorir com a vida,
Era apenas uma lantejoula
Perdida no meio do jardim
E iluminada pelo lampião.


Lilia Maria

sábado, 13 de julho de 2013

Origami

Vi o barquinho de papel
Dobrado com fino apuro
Enfrentar as ondas da praia
Levando rosas para Iemanjá.
E no balãozinho
Da mais simples dobradura,
Sonhos são carregados para longe,
Devolvendo a esperança pura
Do sonho que ainda perdura.


Lilia Maria

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sonar

Desço do sonho
Só de vez em quando,
Mas é frio aqui...
Volto para o calor
Que até parece real
Quando consigo encontrar
Outro amigo sonhador.

Lilia Maria

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Entrelinhas

Às vezes o verso
Parece o reverso
Daquilo que se quer dizer.
Mas depois de ler
Com muito cuidado
Percebe o bom entendedor
Que o pingo
Era a letra 

Que faltava apreender.

Lilia Maria


terça-feira, 9 de julho de 2013

Poetizando XVII

Amor perdido,
No fundo da alma esquecido
Faz um estrago danado
Num pobre coração.

Lilia Maria

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Tesouro

Enquanto versejava
Na tela do computador,
Esquecia-se daquele caderninho
Guardado há muitas décadas,
Como tesouro a ser preservado
Dos olhos do predador.
Eram pequenos poemas de amor
Escritos furtivamente,
Escondido do professor.

Lilia Maria

Quem me conhece sabe que isto é verdade e que este caderno existe. Não era professor, era professora, e de matemática. Dona Arísia nunca entendeu direito a minha paixão.

domingo, 7 de julho de 2013

Reciclar

Fechar os olhos
E renascer no tempo,
É ver com novos olhos
As velhas emoções.
É buscar novas respostas
Para antigas questões.
É passar pela mesma vida
Em outras dimensões.

Lilia Maria



Doce amargor

Ainda sinto na língua
O gosto do amor,
E no corpo o calor da carícia
Que arrepia,
Exaure,
Transpira.
Nos lábios
Brinca o sorriso

Que na alma em festa brotou.
Por instantes sou a menina
Que um dia se apaixonou.

Lilia Maria


sábado, 6 de julho de 2013

Pontuação

Queria ser o pontinho,
Tão somente o pontinho,
De um ponto de interrogação.
Interrogação sem ponto
Vira gancho
Para conversas e conversas,
Com muitos pontos de exclamação.
Seja interrogação ou exclamação,
O ponto marca sempre o final
De uma situação.


Lilia Maria

Nada

Eu não sou,
Eu não fui.
Serei um dia,
Quem sabe, talvez,
O amor da quarta-feira.
Na quinta viro um mero passado.
Um passado meio atrasado
Para quem tem pressa em viver.


Lilia Maria

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vício

Se esta dor é de saudade,
Ela até causa felicidade
Por saber que lá no fundo
Restou um pouco de você.

Mas é tão pequeninho
Aquilo que sobrou
Que vivo alimentado a chama
Com medo de perder.

Falam que um dia passa,
Que de repente acordo feliz,
E num rompante de prazer
Nem bom dia vou lhe dizer.


Não me anima esta ideia,
Pois não espero acontecer,
Tenho claro aqui comigo,
Eu não quero é te esquecer.

Lilia Maria

domingo, 23 de junho de 2013

Matematicar

Matemática tem poesia,
Tudo é questão de rimar,
Misturar álgebra com geometria,
E o X da questão encontrar.

Lilia Maria

Um dia ainda termino esta quadrinha... Idéias é o que não falta...

Vou vivendo

Eu plantei,
Eu colhi,
Frutos de uma vida inteira
Que sozinha vivi.

Eu chorei,
Eu sorri,
Emoções ainda tenho guardadas
Nas imagens do que vi.

Eu andei,
Parei para descansar,
E agora sigo o caminho
Que marquei para trilhar.

Lilia Maria


Plástica, eu????

Cada ruga do meu rosto
Conta alguma história,
De risos ou lágrimas
Por fracassos ou vitórias.

Acho que devo fazer plástica,
Alisar a minha tez,
Passar a vida a limpo
E começar tudo outra vez.

Lilia Maria

Poetizando XVI

Quando dois mais dois
Deixa de ser quatro,
Está na hora de rever conceitos
Ou voltar a estudar matemática.


Lilia Maria

Serenando

Em algum lugar do coração
Abre-se a flor do amanhã.
É bela como todas elas
Que nasceram naquela primavera.
Tem cheiro de saudade,
Tem gosto de felicidade,
Tem a cor de todas as cores do mundo,
Mas vive só um momento,
Enquanto dura o suspiro sentido
Que a ausência o amor cala,
E deixa tanta saudade
Num vazio profundo.


Lilia Maria

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que os olhos não vêem



Havia uma vez um rei
num reino muito distante,
que vivia em seu palácio
com toda a corte reinante.
Reinar pra ele era fácil,
ele gostava bastante.

Mas um dia, coisa estranha!
Como foi que aconteceu?
Com tristeza do seu povo
nosso rei adoeceu.
De uma doença esquisita,
toda gente, muito aflita,
de repente percebeu...

Pessoas grandes e fortes
o rei enxergava bem.
Mas se fossem pequeninas,
e se falassem baixinho,
o rei não via ninguém.

Por isso, seus funcionários
tinham de ser escolhidos
entre os grandes e falantes,
sempre muito bem nutridos.
Que tivessem muita força,
e que fossem bem nascidos.
E assim, quem fosse pequeno,
da voz fraca, mal vestido,
não conseguia ser visto.
E nunca, nunca era ouvido.

O rei não fazia nada
contra tal situação;
pois nem mesmo acreditava
nessa modificação.
E se não via os pequenos
e sua voz não escutava,
por mais que eles reclamassem
o rei nem mesmo notava.

E o pior é que a doença
num instante se espalhou.
Quem vivia junto ao rei
logo a doença pegou.
E os ministros e os soldados,
funcionários e agregados,
toda essa gente cegou.

De uma cegueira terrível,
que até parecia incrível
de um vivente acreditar,
que os mesmos olhos que viam
pessoas grandes e fortes,
as pessoas pequeninas
não podiam enxergar.

E se, no meio do povo,
nascia algum grandalhão,
era logo convidado
para ser o assistente
de algum grande figurão.
Ou senão, pra ter patente
de tenente ou capitão.
E logo que ele chegava,
no palácio se instalava;
e a doença, bem depressa,
no tal grandalhão pegava.

Todas aquelas pessoas,
com quem ele convivia,
que ele tão bem enxergava,
cuja voz tão bem ouvia,
como num encantamento,
ele agora não tomava
o menor conhecimento...

Seria até engraçado
se não fosse muito triste;
como tanta coisa estranha
que por esse mundo existe.

E o povo foi desprezado,
pouco a pouco, lentamente.
Enquanto que próprio rei
vivia muito contente;
pois o que os olhos não vêem,
nosso coração não sente.

E o povo foi percebendo
que estava sendo esquecido;
que trabalhava bastante,
mas que nunca era atendido;
que por mais que se esforçasse
não era reconhecido.

Cada pessoa do povo
foi chegando á convicção,
que eles mesmos é que tinham
que encontrar a solução
pra terminar a tragédia.
Pois quem monta na garupa
não pega nunca na rédea!

Eles então se juntaram,
Discutiram, pelejaram,
E chegaram à conclusão
Que, se a voz de um era fraca,
Juntando as vozes de todos
Mais parecia um trovão.

E se todos, tão pequenos,
Fizessem pernas de pau,
Então ficariam grandes,
E no palácio real
Seriam logo avistados,
Ouviriam os seus brados,
Seria como um sinal.

E todos juntos, unidos,
fazendo muito alarido
seguiram pra capital.
Agora, todos bem altos
nas suas pernas de pau.
Enquanto isso, nosso rei
continuava contente.
Pois o que os olhos não vêem
nosso coração não sente...

Mas de repente, que coisa!
Que ruído tão possante!
Uma voz tão alta assim
só pode ser um gigante!
- Vamos olhar na muralha.
- Ai, São Sinfrônio, me valha
neste momento terrível!
Que coisa tão grande é esta
que parece uma floresta?
Mas que multidão incrível!

E os barões e os cavaleiros,
ministros e camareiros,
damas, valetes e o rei
tremiam como geléia,
daquela grande assembléia,
como eu nunca imaginei!

E os grandões, antes tão fortes,
que pareciam suportes
da própria casa real;
agora tinham xiliques
e cheios de tremeliques
fugiam da capital.

O povo estava espantado
pois nunca tinha pensado
em causar tal confusão,
só queriam ser ouvidos,
ser vistos e recebidos
sem maior complicação.

E agora os nobres fugiam,
apavorados corriam
de medo daquela gente.
E o rei corria na frente,
dizendo que desistia
de seus poderes reais.
Se governar era aquilo
ele não queria mais!

Eu vou parar por aqui
a história a que estou contando.
O que se seguiu depois
cada um vá inventando.
Se apareceu novo rei
ou se o povo está mandando,
na verdade não faz mal.
Que todos naquele reino
guardam muito bem guardadas
as suas pernas de pau.

Pois temem que seu governo
possa cegar de repente.
E eles sabem muito bem
que quando os olhos não vêem
nosso coração não sente.



Ruth Rocha


Todo mundo deveria ler e entender as entrelinhas deste poema...

domingo, 16 de junho de 2013

... entra por uma porta, sai pela outra...



... quem quiser que conte outra...
Assim terminava o programa Sítio do Pica Pau Amarelo nos anos 50. O educador Júlio Gouveia fechava o livro e as luzes se apagavam. Ontem à tarde, as luzes se apagaram para Tatiana Belinky, escritora de livros infantis que com ele foi casada.
Devo ter no meio das minhas fotos ou em algum vídeo antigo, imagens da escritora numa feira de livros do Colégio Miguel de Cervantes. Ela estava presente para conversar com os alunos, mas fez a delícia para nós, os pais, contando histórias de sua vida. Ficamos horas escutando a escritora falar. As crianças foram brincar, mas nós continuamos ali. Quantas lembranças boas passaram por nossas cabeças.

O Sítio da nossa infância era muito diferente de qualquer um que passou depois, a começar da imagem da própria Emília, na época encarnada na atriz Lúcia Lambertini. Lembro-me de Edy Cerri como Narizinho e de David José como Pedrinho.
Quem quiser ver como eram os personagens da época, é só fazer uma visita à Biblioteca Infantil Monteiro Lobato (R. Gen. Jardim, 485 - Vila Buarque São Paulo). Há uma sala dedicada ao autor e se bem me lembro, alguns posteres com fotos do programa. Vale a pena conhecer.


Lilia Maria

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Eclipse

Hoje acordei lua,
Olhando o sol nascer.
Olhar apaixonado este meu.
O sol brilha
E a lua se esconde,
E quando ela surge no céu,
É hora dele se esconder.
Um dia o eclipse volta a acontecer.

Lilia Maria

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Observância


De longe tudo é belo,
De perto é que a coisa pega...
De longe tudo é perfeito,
De perto nem tudo foi feito.
Não põe lupa nos olhos
Para olhar com fino apuro,
O que é importante não passa aos olhos,
Do observador incauto.

Lilia Maria

Vagando por aí


Zum, zum, zum...
Zumbi...
Zunindo como o vento,
Passa correndo sem despertar.
Não olha para o lado,
Não olha para frente,
Não olha para trás.
Seu guia são seus pés
Que não param de caminhar.
Um tropeço,
Um pulo,
Um recomeço,
Retoma sem parar.
É como se na parada
Parasse de respirar.

Lilia Maria

Teatral


Na plateia, nenhum aplauso
No palco, nenhum ruído,
Nos bastidores, nenhum movimento.
Congelados,
Surpresos,
Em suspense...
Falta o sinal de Deus
Para a vida recomeçar.

Lilia Maria

domingo, 2 de junho de 2013

Sem perdão

A alma desiludida,
Desencantada da vida,
Deixa um gosto amargo na boca,
Que nem o mel mais doce
Consegue enganar.

O frio que sinto agora,
Não é o que entra nos ossos,
E acalma com o sopro do aquecedor.
É um frio que vem de dentro para fora,
E me faz como boba chorar.

Levaram tudo de mim,
A paz, a alegria,
A vontade de viver,
De romper barreiras,
De ir além do que podia suportar.

Sinto-me vazia por dentro,
Mas ter essa clareza
Já é se rebelar,
Vou passo a passo pegando o embalo,
Para voltar a caminhar.

Só morre quem se acomoda,
E eu não vou me acomodar.
Só envelhece
Quem de si esquece,
E eu quero me lembrar.

Não tenho medo das sombras
A minha luz vem do coração,
Das minhas lembranças da infância,
Da menina que um dia fui
E nunca deixarei de ser.


Lilia Maria

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Beijo outono

O beijo era outono:
Frio,
Molhado,
Desmaiado,
Moribundo.

Como a folha morta
Que cai do galho e vagueia,
Seus lábios pousaram nos meus
Buscando a terra fértil,
Para no último suspiro,
Se acomodar
E ganhar a eternidade.

Não é eterno só aquilo que dura,
Mas também o que não sai da lembrança.

Lilia Maria
 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Latro-sonho

Ei você aí,
Que carregou o meu sonho
Para muito longe de mim,
Faz-me o favor de voltar
E colocá-lo no mesmo lugar.


Meu sonho podia ser pequeno
Muito doce e romântico,

Mas era um sonho feliz.
Não teve um bom começo,
Mas merecia outro fim.


Meu sonho tinha tudo de real,
Tinha até a minha verdade,
Que nunca foi absoluta,
Mas era a única realidade
Que eu conhecia até então.


Ei você aí,
Traz meu sonho de volta para mim,
Traz meu eixo,
Meu rumo, meu prumo,
E fique para sempre em paz.


Lilia Maria

 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Boca

Está abaixo do nariz
Um bom motivo pra ser feliz.

 Fala o que quer,
Come com prazer,
Sorri com gosto,
Beija com paixão.
Precisa mais?
A boca pode isso,
E muito, muito mais.
Dê asas a imaginação.

Lilia Maria

sábado, 18 de maio de 2013

A arte de bem viver

Senhora dona menina,
Senhora dona mulher,

Vê o que fala
E o que assina
Antes de correr
E se por a fazer.

Não é de todo ruim
Viver de sopetão,
Mas cuida de cada passo
Para não dar tropeção.

Pouco a pouco,
Passo a passo,
Entregue-se à arte de viver,
De amar de coração aberto,
De saborear o doce e o amargo

Que a vida pode trazer.

Lilia Maria

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Palavras soltas

Era apenas um garoto... Um entre tantos outros que circulavam por ali. Mas era especial. Tinha estrelas nos olhos, luz no sorriso, cheiro de chuva, gosto de mar. Uma delícia de olhar.

Era apenas uma garota como tantas outras que da mesma idade, da mesma altura, da mesma cidade. Tinha cabelos de trigo, pele de pêssego, andar de gata, malícia no olhar.


Era apenas a vida acontecendo no embalo do mundo. Vida sem atropelos, sem sonhos, sem pesadelos, sem emoção. Tinha pressa de seguir, preguiça de mudar, sensação de abandono, vontade de amar.

Era tudo dentro de um nada, era um nada que podia tudo. Era um sim que valia muito, diante de um não a ser dito. Não há loucura capaz de mudar o rumo daquilo que se tem que passar.


Lilia Maria

Entremeios

Se passou
E eu guardei,
Não acabou.


Se sinto vontade
De um perfume,
É só saudade.


Se procuro como louca
O que não perdi,
É porque não esqueci.


Se é de gosto da natureza,
Que Deus me dê
Um tantinho de você.


Lilia Maria

 

Garoa



Que coisa boa
Estar debaixo da garoa
Que molha esta terra de Deus.
Está fria o suficiente,
Mansinha,
Intermitente,
Muito conveniente
Em tempos de secura
Que castiga a estiagem do outono.
Ah, que água boa!
Marca registrada da minha cidade,
Paulicéia do coração.



Lilia Maria

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vamos lá?

Se no meio da lida
Por um instante você parar,
A preguiça vai chegando
Até se instalar.
Para conseguir expulsá-la
É preciso ter coragem,
Contar até três
E mergulhar nas tarefas
Que estão a esperar.

Lilia Maria

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O que é possível

Podem vigiar meus atos,
Os fatos,
De onde vim,
Para onde vou.
Mas dos pensamentos,
Dos sentimentos,
Só vigiam aquilo que dou.
Ser humano é assim,
E fim.

Lilia Maria

Sonhos de verão

Se o sonho parece em vão,
E se torna uma esperança perdida,
Não importa,

Continue a sonhar.
Sonhar não custa nada
E faz bem ao coração.

Lilia Maria

domingo, 12 de maio de 2013

Mãe

Não há como dissociar,
Nasce o filho,
Surge a mãe.
Meiga, delicada,
Forte, poderosa,
Calma, generosa,
Agitada, glamorosa.
Mãe é assim,
De tudo tem um pouco,
E o pouco nunca tem fim.



Lilia Maria



Dia das mãe sempre é carregado de afeto.
Seguem outras coisas com o tema do dia:


Avó é mãe em dose dupla.


Recado da minha filha
A gente pode brigar e ter os nossos problemas, mas uma coisa é inegável: somos quem somos graças a você. Todos os erros e todos os acertos sempre foram feitos com a melhor das intenções e com uma vontade imensa de acertar. E eu sinceramente acho que a gente acabou saindo direitinho Hahahaha!
Eu sei que eu nem sempre demonstro isso, mas queria que vc soubesse que eu te amo e tenho orgulho de seu sua filha!
Resposta:
Filha querida, agora vc me faz chorar... De alegria, é claro. Nada é mais gratificante para uma mãe do que ver que as suas sementes cresceram e geminaram. Hoje eu tenho duas lindas flores que enfeitam a minha vida. De todos os meus amores, vocês são o mais doce, o mais puro e o mais sincero. Que Deus as abençoe sempre!


Saudação:
Pensando no dia das mães: quero agradecer às minhas filhas Luciana e Andrea que me ensinaram dia após dia como ser mãe. Como em todo aprendizado, acertei (graças a Deus), errei (querendo acertar) e hoje vejo que o resultado até que foi muito bom. De qualquer forma, espero poder contar com elas até o final dos meus dias para continuar o meu aprendizado que nunca se completa. Beijos para as minhas filhas e um abraço enorme para todas as mães reais e potenciais.

 
 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Voltando a sonhar


Em momentos de devaneios
Do enlevo que faz a alma pulsar,
Sinto o calor do abraço
 Que insiste em me assombrar.

 Acordo no meio da noite
 Aquecida no calor gostoso
Do corpo colado ao meu.
 Aninho -me e relaxo.

O sono me alcança outra vez.
Durmo tranquila até o amanhecer.
Quando o sol vem me acordar
Percebo que foi um sonho e passou.

Dizem que no meio do sono profundo
Almas gêmeas se procuram
Para se fortalecerem para a jornada
Que devem seguir só.


Lilia Maria


Hoje eu sonhei e acordei feliz.

domingo, 14 de abril de 2013

Lúdico

Não era um jogo,
Pois não se pode jogar com a vida,
Não era uma aposta,
Pois não se pode apostar

Aquilo que não se tem,
Mas era como uma loteria,

Se o bilhete é premiado
O lucro sempre vem.
Não perdi,
Não perdeu ninguém,
Ontem eu era feliz
Amanhã quero ser também.

Lilia Maria

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Poema apaixonado

Escrevi poemas apaixonados
Tão simples quanto era o meu amor,
E ofereci ao senhor dos meus tempos,
Em troca de bons momentos,
Que vivi com todo esplendor.

Um dia ainda, quem sabe,
Faço as pazes com a inspiração
E volto a escutar com atenção
O que a minha alma em festa
Vai lapidando e ditando
Para que eu coloque no papel.

Vou terminando este escrito
Respondendo uma pergunta
Que muitos querem saber.
Eu amo o meu amor de sempre
Até onde o mar acaba
E o céu começa a nascer.

 Lilia Maria

terça-feira, 9 de abril de 2013

Constelação

Quando um sonho se realiza,
Uma estrela ascende ao céu,
E fica brilhando alegremente,
Como a alegria que brotou no coração.


Muitos sonhos,
Muitas estrelas,
Uma pequena contelação
Contam a história de uma vida.

Lilia Maria

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Aparas

A chama, o lume,
O resto do perfume
Que ainda paira no ar,
É o que está sempre a me acompanhar.


Lilia Maria

Há dias que penso em fazer a contagem de tempo como aquelas de segurança do trabalho: estamos há X dias sem acidentes. Por certo no meu caso a unidade não seja dia e sim hora: estou há X horas sem pensar naquela pessoa.
Que mistério é este que fez renascer das cinzas as lembranças que estavam esquecidas no fundo do coração? Se Deus escreve certo por linhas tortas, neste momento eu pareço escrever errado em linhas retas, retas estas que me remetem a centenas de quilômetros daqui.
Enfim, se é isto que me mantém no prumo, que assim seja, para todo sempre, amém.

domingo, 31 de março de 2013

Moto perpétuo

Gostaria de ir até a praia,
tirar os sapatos,
andar descalça,
sentir a areia fria sob meus pés,
correr na beira da água,
esperar o sol nascer
e de repente nascer junto com ele.

Despertar de um sonho que passou.


Ou então morrer.
 Morrer como as ondas do mar,
que vem bem de mansinho beijar a praia,
e que volta,
leva a areia,
e começa tudo outra vez,
num eterno beijo de amor.

Areia e água, uma história sem fim.

Lilia Maria

Vou vivendo

Viver a vida com paixão
Ou paixão da minha vida?
Não sei não...
A paixão se foi,
Mas a vida continua aqui.
Com paixão ou sem paixão
Vou vivendo o dia a dia,
Comendo o meu santo pão
Que a fome alivia.

Lilia Maria

sábado, 23 de março de 2013

Poesia boboca

A poesia não pediu licença,
Nem bateu à minha porta
E instalou-se como posseira
No meio da sala de jantar.

Consumiu folhas e mais folhas,
Rascunhos de pura emoção
Buscadas no fundo da alma,
Escritas com o coração.

Quando estava pronta,
Numa leitura muito crítica,
Descarto todo o trabalho
Direito na lata de lixo.


Lilia Maria

quarta-feira, 20 de março de 2013

Pensando na vida


Com seus olhos cor do vento
Olha-me de alto a baixo
E pergunta sem pensar:
Aonde vai com tanta pressa
Se a vida já passou?
Vou ao encalço dos meus sonhos,
Pois a vida neles vive.
A vida passou na corrida do tempo,
Mas ainda eu a alcanço
Antes da reta final.


Lilia Maria

quarta-feira, 13 de março de 2013

Senilidade proibida

Responda bem depressa,
Responda sem pensar,
Responda a pergunta
E faça meu coração calar.
Era mesmo para esquecer
E fazer o rumo da vida mudar?

Esqueci meu violão,
Esqueci o que cantar,
Esqueci o que fazia
Antes mesmo de terminar.

E como sou esquecida
Não posso continuar,
Pois esqueci o que dizer
Neste meu poetizar.
Quem mandou esquecer
E ao mesmo tempo lembrar?

Lilia Maria


terça-feira, 5 de março de 2013

Ditados populares

Quando a esmola é demais o santo desconfia, mas nós, mortais, agradecemos e aceitamos.

Mais vale um pássaro na mão do que dois voando, principalmente se eu estiver com fome e ele for comestível...

O cães ladram e a caravana passa, mas se latirem muito eu vou embora com ela.

O maior cego é aquele que não quer ver. O maior surdo é aquele que só escuta o que quer.

Lilia Maria

segunda-feira, 4 de março de 2013

Poetizando XV

Quando a fome aperta,
E a mesa é farta,
Parece que tudo tem o mesmo sabor,
Sabor que sacia a sensação,
Mas não sacia a vontade.

Lilia Maria

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

De repente



Eu não sei dizer se o amor foi de repente
Ou se de repente foi a surpresa do amor.
Eu não sei se foi tropeço
Aquilo que nem teve começo
E muito menos ponto final.
Ficou latente, latejante,
Buscando emergir das lembranças guardadas,
Quase esquecidas,
No sótão do velho casarão.

Lilia Maria

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ventania



Nesta noite de verão
Vem caminhar entre as gotas
Desta chuva que molha até o coração.
Vem procurar entre os raios
Que iluminam a penumbra do temporal,
Aquilo que se perdeu no espaço,
Pois o tempo foi só o de um trovão.
Basta um piscar de olhos
Para mudar o cenário.
O vento leva para longe as nuvens,
Mas não carrega o que se fixou neste chão.
Não sou poeira, sou raiz,
E aqui vou continuar até o dia final.
Sou como a árvore que verga,
Toca o solo num dia de vendaval,
Mas sempre volta ao prumo.
Que venha mais uma tormenta,
Vou enfrentá-la com muito brio,
Sem perder a valentia,
Sem perder o fio.

Lilia Maria