quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Busca insana

Passei a vida buscando,
Sei lá o que buscava,
O que tanto queria encontrar!
Mas sempre acreditava
Que era o que me faria feliz.
Olhava em cada canto da vida,
Olhos atentos ao mínimo sinal,
Perder por descuido
Por certo seria fatal.
Não, não mataria o corpo,
Mas a alma que deveria ser imortal.
Hoje eu sei,
Da experiência que vivi,
Que nunca irei encontrar,
Aquilo que não perdi.
A felicidade está aqui,
Aqui dentro de mim.

 Lilia Maria

Que pena!

Os olhos pareciam gulosos
Quando viam aquela boca.
Percorrem recantos conhecidos,
Enroscavam onde queria tocar.
Sentia saudades
Do gosto da pele,
Do cheiro
Do tempero
Que um dia sentiu.

Os olhos gulosos
Pediam mais,
E escutava assustado
O que dizia o coração.
Mais... Nunca mais!
Acabou-se o que era doce.
Se provou arregalou-se.
Se não provou não vai provar.
Fique quieta em seu lugar
E engula para não chorar.

Lilia Maria

Remando

Não chegue atrasado,
É tempo de remar,
Contra as ondas, contra o tempo,
Só não deixe a canoa virar.

Vem depressa, mas vem com calma,
O tempo passa e não vai parar,
Aproveita a onda que te leva,
Ao destino que busca chegar.

Aquilo que um dia foi,
Jamais o mesmo será,
A correnteza que o trouxe aqui,
O deixou e não voltará.

Toda água do rio,
Rola e se mistura ao mar,
O doce vira salgado,
É lágrima que vai chorar.

Lilia Maria


Não sei porque escrevi, nem quando e nem para quem, mas escrevi.
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nem um, nem outro

 Não há bem que sempre dure,
Dizem os pessimistas de plantão,
Mas também não há mal que se acabe,
É a opinião dos sempre otimistas.
Entre um e outro,
Prefiro não polemizar,
E vou vivendo o dia a dia,
Conforme Deus mandar.

 Lilia Maria

domingo, 25 de janeiro de 2015

Parabéns São Paulo

Antítese do nome,
Minha São Paulo em nada se apequena,
Nem no melhor, nem no pior.
Mas se há motivos de críticas,
Há motivos para se orgulhar
Desta cidade atrapalhada,
Muitas vezes mal cuidada,
Pelos de fora e pelos daqui.
Parabéns minha cidade,
Apenas parabéns posso dizer,
E declarar o imenso amor
Que hoje eu sinto por você.


Lilia Maria

sábado, 24 de janeiro de 2015

A carta que nunca enviei

Nunca se esqueça que você é um homem,
E eu, mulher.


Nunca se esqueça que
embora a gente viva em dois mundos diferentes,
já andamos por um mesmo caminho.

Nunca se esqueça que
o tempo abranda os sentimentos,
mas as lembranças continuam sempre conosco.

Nunca se esqueça que

acima de todas as mágoas,
existe o perdão.

Nunca se esqueça que
é egoísmo querer ser amado
sem dar amor.

Nunca se esqueça que
há sempre um sorriso amigo
para quem merece.

Nunca se esqueça que eu também sou,
além de mulher,
gente.

Lilia Maria

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Amor perfeito

O que foi feito
Do amor perfeito
Que um dia sonhei pra mim?
Virou flor, bela e formosa,
E foi morar noutro jardim?


 Lilia Maria

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fazendo música

Clave é  a chave
Que solta no pentagrama
As notas musicais.
Nos caminhos das cinco linhas,
Antes de encontrar uma colcheia,
Uma semibreve
Ou uma mínima,
Tenho que ter a clave,
Que nos conta o que tocar.
Depois vem o compasso
Que marca o passo
Que a música vai andar.
E vamos lá,
A historia vai começar.
Clave de sol
Para escutar o mi bemol.
Clave de fá
Faz a mão esquerda trabalhar.
Clave de dó
E vamos solfejar.
Música não é só partitura,
É canto,
É molejo,
É emoção,
É aventura.

Lilia Maria

Na minha época, música a gente aprendia na escola. Tinha orfeão, bandinha, coral, aula teórica, enfim, ninguém saída da escola sem saber minimamente como ler uma pauta musical. Claro que ninguém virava músico só com aqueles conhecimentos, mas já dava para saber alguma coisa nem que fosse para crescer o nível dos conhecimentos gerais.
A música sempre esteve presente na minha casa. Minha mãe tocou violino e depois harmônica. Eu queria aprender piano, mas só foi possível quando mudei para o bairro do Sumaré. Mas a hora de aprender este instrumento já havia passado.
Tentei aprender violão, mas acho que não tinha habilidade alguma. Mesmo assim conseguia fazer acompanhamento para cantar.
Cantar. Ah! Disto eu gostava!
Quando fui estudar em São Carlos achei um parceiro musical que gostava de cantar comigo. Foram duetos inesquecíveis em músicas do Chico, do Vinícius e Toquinho, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Milton Nascimento e por aí vai. Sempre agradeço a Deus por tem me dado um amigo tão precioso como o Mikka.
Hoje o meu violão anda esquecido e a minha voz já não é mais a mesma. Já não tenho o alcance e a afinação que tinha ao cantar, em dueto com o Mikka, "Sem fantasia" do Chico Buarque.
Há algum tempo, estava no Café Piu Piu assistindo o Rogério Santos e um menino, que não me lembro agora o nome, fazia parte do show . Ele cantou Chico como há muito não escutava. Quando acabou, perguntei se ele conhecia "Mulher, vou dizer quanto te amo". Ele disse que não e me pediu para cantarolar. Me empolguei. A voz até saiu cristalina como em tempos de outrora. Ele gostou tanto que me sugeriu que eu entrasse para um curso de canto.
Quem sabe um dia...




Azul neon

Luz fria,
Que mal alumia.
Tem o dom de me acalmar.
Por que será?

Se ainda fosse
Aquele verde vagalume
Que pisca, pisca,
E nunca sei onde está,
Eu diria que é o efeito surpresa
Que me faz rir divertida
Quando dá piruetas no ar.

Mas não!
Ela fica quietinha.
Emanando seu chamado
Como a luz de um doce olhar.

Lilia Maria




 

Rotina

Coisa que não se explica
E nem se justifica,
A gente deixa ficar
E aí vira rotina.

Virou rotina
A gente faz sem pensar
E quando se dá conta
É difícil mudar.

Lilia Maria


 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vai chover?

E lá estava a nuvenzinha...
Pequenina,
Graciosa,
Branquinha de algodão,
Dando cambalhotas no ar,
Feliz feito criança
Que acaba de acordar.
E foi crescendo,
Crescendo,
Cresceu...
Tomou conta do firmamento,
Escondeu os raios de sol,
Foi escurecendo,
Escurecendo,
Escureceu...
O dia virou noite,
Raios,
Trovões,
Chuva torrencial.
A nuvenzinha derreteu,
A natureza agradeceu,
E demos graças a Deus.


Lilia Maria


Está parecendo texto de livro infantil. De repente é uma ideia...

Muito pouco

Quando digo alguns,
Alguns são poucos, mas são.
Quando digo a maioria,
Maioria são muitos, mas não todos.
Alguns ou maioria não importa
Quando é muita quantidade
Para pouco ter
Ou quando é pouco
Para a muitos satisfazer.


Lilia Maria

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Fundo profundo

Fundo do poço,
Fundo do mar,
Fundo da caixa,
Sala do fundo,
Fundo do coração,
O que pode ser mais fundo,

E de repente mais profundo?

Guarda mistérios,
Se esconde a razão,
Sentimentos e sonhos,
Tormentos e ilusão.
No fundo do baú,
Fui buscar inspiração.

Lilia Maria

Dia Torto

O dia nasceu torto.
O sol não raiou,
A chuva caiu,
O ar esfriou,
O despertador não tocou,
Parou.
Acordei atrasada,
Estressada.
O carro não pegou,
A gasolina acabou,
E o dia que nasceu torto,
Mais torto ficou.

Aos trancos e barrancos,
As horas foram passando,
E o dia entortando.
O chefe faltou,
O almoço esfriou,
O computador não ligou,
A ponta do lápis quebrou,
Nem o café chegou.
O dia seguiu torto.

Voltei para casa,
Ônibus lotado
(Lembra, o carro quebrou...),
Meu dinheiro perdi,
Descer, quase não consegui.
Fiquei desolada.
Estou mais que cansada,
Não falta acontecer mais nada.

O dia começou torto...
Mas torto ele não vai terminar.
Nada vai me derrubar.
Um banho quente eu vou tomar,
Meu melhor pijama vou colocar.
No meu quarto vou me abrigar.
Minha cama está me esperando,
Meu travesseiro chamando,
Vou logo dormir e sonhar,
Que um lindo dia vai começar.

Lilia Maria

 
Este poema foi escrito em novembro de 2002. Lembro-me que mostrei para o Pedro, meu parceiro de trabalho. Ele deu muita risada. No dia seguinte, depois da jornada de trabalho, ele olhou sério para mim e falou:
- Você é bruxa? O que você escreveu ontem foi uma premonição.
Acreditem, tudo que está no poema aconteceu de verdade no dia seguinte.

Fim de tarde

Enfim o sol se foi...
Se escondeu no horizonte,
Guardou a alegria do dia.
E findou o entardecer
De forma elegante,
Fascinante,
Instigante,
Repousante.


E eu continuo calada.

Na calada da noite
Minha voz não se ouviu.
A lamúria,
O pranto,
O canto,
O riso.
Tudo empedrou na garganta.

E eu continuo encantada.


No entanto
O encanto
Que trago no coração,
Permanece enroscado,
Travado,
Guardado,
Trancado,
Com o cadeado da razão.

Lilia Maria


Eu estava na beira da represa Guarapiranga. O pôr do sol estava deslumbrante. Fiquei zanzando pra lá e pra cá. Eu tinha tanto para falar... Mas a voz não saia. Eu olhava encantada, ora para o sol que tingia de vermelho o horizonte, ora para aquele senhor meio sério, meio sisudo, meio preocupado com o rumo que as coisas tomavam.
Mais tarde ele confessou que quando se sentia apaixonado, boicotava o próprio coração.
Escrita em 2006.
 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Amor a segunda vista

 Se dissessem que eu iria viver
Aquela história maluca,
Mandaria internar no hospício
Aquele que ousou profetizar.
Era como voltar o tempo,
E fazer o que deveria ser feito,
Para colher frutos no futuro
Que agora era presente.
Não adiantou.
Não se reescreve a história
Daquilo que já passou.
Hoje sinto saudades
Do que nunca houve ou haverá.
Foram palavras ditas ao vento,
Foram cenas de animação,
Realidade fantasmagórica,
Que já nem sei se existiram
Ou eram frutos da imaginação.
O tempo passou,
Mas não a nova velha paixão.
Coisas do coração!

Lilia Maria

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Arqueiro rimador

Poeta pega a palavra
E faz dela a flecha,
Mira a rima e atira.
Se o alvo é certeiro,
Atinge o coração do leitor,
Encanta!
Está feita a poesia.


Lilia Maria


Poesia escrita para o meu ex-aluno-atual-amigo, poeta e cantor Rogerio Santos

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Solitariamente só

Vou fechar os olhos,
Respirar fundo,
E mergulhar.
A água parece fria,
Mas acalma meu corpo quente.
Vestida em vãos pensamentos,
Minha nudez diante do espelho
Mostra uma mulher serena,
Mostra o ventre que já habitado,
Mas vivendo solitária velhice.
Muitos levaram de mim,
Poucos deixaram em mim,
E o que sobrou,
Economizo.

 Lilia Maria

domingo, 4 de janeiro de 2015

Vivendo

Viver é uma arte,
Sonhar faz parte.
De sonho em sonho,
Toda arte à parte,
Vida real pode ser felicidade
Quando aceitamos a realidade
Com alegria e coragem.


Lilia Maria

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Tão longe, tão perto

Olhou para o céu
E viu a lua?
Eu olhei também.
E se vejo aqui
O que vês aí,
É porque estamos juntos
Para todo sempre
Amém.


Lili Maluquinha


Lili Maluquinha é o codinome da Lilia Maria apaixonada pelo passado que virou presente e de repente voltou ao passado. que volta e meia vira presente no coração. Este é o resumo de uma das belas histórias que insisto em guardar.

Linhagem

 Sou quem sou
Porque tenho esta história,
Porque são estes antepassados.
Se fosse outra história,
E outra família a minha,
Eu não seria esta que aqui está.
E se sou assim
É pelo que trago dentro de mim.

Lilia Maria

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Feliz 2015!

E na festa
A promessa
Do torto virar reta
E da reta entortar.
O gordo quer virar magro
E o magro quer engordar.
No meio da lambança,
Diante de muita comilança,
Não sobra nada no prato
Nem um gole na taça.
Agora é hora
De começar tudo outra vez.
Pia limpa,
Comida no fogo,
E vamos lá.
O ano só acaba de começar.


Lilia Maria