segunda-feira, 29 de julho de 2013

Somos amor

O dia vem da noite,
A brisa é o vento que restou,
A nuvem se esvai em chuva,
A tristeza é o fim de um grande amor.
Amor na verdade não morre,
Apenas adormece no coração,
E fica latente entre outros,
Alimentando sonhos e ilusões.
Um dia surge e ressurge,
Acorda e volta a dormir.
Amor é o alimento da alma,
A alma é o recanto do amor.

Lilia Maria

domingo, 28 de julho de 2013

Na praça

Praça sem raça,
Só concreto sem vida,
Calçada desnivelada,
Sarjeta carcomida.

Praça sem graça,
Sem gruta,
Sem  caminho.
Coitada da praça!
Não tem criança brincando,
Não tem gente andando,
Não tem...
Mas um dia há de renascer
E ser praça pra valer.

Lilia Maria

Inutilidade

De novo
O novo se perdeu
No meio do mofo que se formou
Na pilha de novidades inúteis
Que acumulo sem perdão.

Lilia Maria

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Teimosia

Era mais ou menos assim:
Fica longe de mim.
Mas a teimosia fala mais alto,
E de repente, num salto,
Como um gato suicida,
Se joga para dentro da vida,
Ou da morte, se assim desejar.
Viver no fio da navalha,
Com aquele coração canalha,
Que não deixa sossegar
É sina,
É capricho,
É voltar a ser criança,
Que não aceita não como resposta
E não deixa a vida passar.
Vale tudo para saber
O que ainda pode acontecer.

Lilia Maria

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Miopia

Eu tinha que ver de perto
Aquilo que mais parecia um borrão,
Mas quanta decepção!
Aquela luz que cintilava,
Que parecia se colorir com a vida,
Era apenas uma lantejoula
Perdida no meio do jardim
E iluminada pelo lampião.


Lilia Maria

sábado, 13 de julho de 2013

Origami

Vi o barquinho de papel
Dobrado com fino apuro
Enfrentar as ondas da praia
Levando rosas para Iemanjá.
E no balãozinho
Da mais simples dobradura,
Sonhos são carregados para longe,
Devolvendo a esperança pura
Do sonho que ainda perdura.


Lilia Maria

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sonar

Desço do sonho
Só de vez em quando,
Mas é frio aqui...
Volto para o calor
Que até parece real
Quando consigo encontrar
Outro amigo sonhador.

Lilia Maria

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Entrelinhas

Às vezes o verso
Parece o reverso
Daquilo que se quer dizer.
Mas depois de ler
Com muito cuidado
Percebe o bom entendedor
Que o pingo
Era a letra 

Que faltava apreender.

Lilia Maria


terça-feira, 9 de julho de 2013

Poetizando XVII

Amor perdido,
No fundo da alma esquecido
Faz um estrago danado
Num pobre coração.

Lilia Maria

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Tesouro

Enquanto versejava
Na tela do computador,
Esquecia-se daquele caderninho
Guardado há muitas décadas,
Como tesouro a ser preservado
Dos olhos do predador.
Eram pequenos poemas de amor
Escritos furtivamente,
Escondido do professor.

Lilia Maria

Quem me conhece sabe que isto é verdade e que este caderno existe. Não era professor, era professora, e de matemática. Dona Arísia nunca entendeu direito a minha paixão.

domingo, 7 de julho de 2013

Reciclar

Fechar os olhos
E renascer no tempo,
É ver com novos olhos
As velhas emoções.
É buscar novas respostas
Para antigas questões.
É passar pela mesma vida
Em outras dimensões.

Lilia Maria



Doce amargor

Ainda sinto na língua
O gosto do amor,
E no corpo o calor da carícia
Que arrepia,
Exaure,
Transpira.
Nos lábios
Brinca o sorriso

Que na alma em festa brotou.
Por instantes sou a menina
Que um dia se apaixonou.

Lilia Maria


sábado, 6 de julho de 2013

Pontuação

Queria ser o pontinho,
Tão somente o pontinho,
De um ponto de interrogação.
Interrogação sem ponto
Vira gancho
Para conversas e conversas,
Com muitos pontos de exclamação.
Seja interrogação ou exclamação,
O ponto marca sempre o final
De uma situação.


Lilia Maria

Nada

Eu não sou,
Eu não fui.
Serei um dia,
Quem sabe, talvez,
O amor da quarta-feira.
Na quinta viro um mero passado.
Um passado meio atrasado
Para quem tem pressa em viver.


Lilia Maria

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vício

Se esta dor é de saudade,
Ela até causa felicidade
Por saber que lá no fundo
Restou um pouco de você.

Mas é tão pequeninho
Aquilo que sobrou
Que vivo alimentado a chama
Com medo de perder.

Falam que um dia passa,
Que de repente acordo feliz,
E num rompante de prazer
Nem bom dia vou lhe dizer.


Não me anima esta ideia,
Pois não espero acontecer,
Tenho claro aqui comigo,
Eu não quero é te esquecer.

Lilia Maria