quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fotonovelas


Quem viveu a adolescência entre os anos 60 e 70 não pode dizer que nunca viu (ou leu) uma fotonovela. Os meninos podem até ter passado ao largo desta tendência, mas as meninas não.
Na minha casa estas publicações não entravam, meus pais achavam que era muita cultura inútil, que dava muitos maus exemplos, que era baboseira e por aí vai, mas a minha mãe se deliciava nas férias em São Carlos lendo a coleção da minha tia. Claro que lia escondida da gente, e eu, ainda menina, questionava por que tanto mistério. Questionava, mas não falava. Não me era dado este direito.
Enfim, lá pelos meus 13 ou 14 anos, finalmente consegui matar a curiosidade. Passei um mês de janeiro inteiro (em São Carlos, claro) lendo Capricho, Sétimo Céu, Contigo, Grande Hotel, Super Novelas e outras que já não me recordo o nome. Quase todas as produções eram italianas. :Michella Roc era a minha atriz preferida. Os atores eram lindos: Gianfrando de Angeli, Franco Gaspari... Não me lembro muito os nomes, mas os rostos ainda guardo na memória.
Lembro de passar horas sonhando com aqueles romances que iniciavam impossíveis e que sempre acabavam tendo um final feliz. Era isso que eu queria: um final feliz ao lado daquele menino que me fazia sonhar. Eram sonhos belos, puros, castos, algo como andar de mãos dadas entre flores, troca de juras de amor, beijos ingênuos, abraços incipientes e nada mais. E nem podia haver. Como sonhar com um beijo mais caloroso ou um abraço mais apertado se eu nunca havia experimentado?
Houve uma época que eu comecei a ler as histórias trocando os nomes dos personagens principais. Nós dois éramos os protagonistas. Quantos suspiros... Acho que eu era uma boba romântica incorrigível. Nunca tive coragem suficiente para me aproximar e quando o fiz, ou foi no momento errado e de forma errada. Acontece.
Acho que hoje eu gostaria muito de ler uma dessas velhas histórias. Se a vida não endureceu muito o meu coração, voltaria a me emocionar e sonhar com o “felizes para sempre”.

Lilia Maria

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