quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cantiga Antiga

Eu fiz uma cantiga bem antiga pra você
Pensando que você fosse gostar
Voltar no nosso tempo de crianças
Quando a gente ainda brincava
Eu puxava as suas tranças
Só pra ver você zangar
Você zangava e me chamava
De boboca perna torta
Perna torta é a vó...
Eu fiz uma cantiga muito antiga pra você
Tentando só fazer você lembrar
Que eu era o menino calças curtas
De cabelo arrepiado
Que queria ser soldado
Do primeiro batalhão
E ganhar mais de 1 milhão
E a gente se casar
Eu fiz esta cantiga tão antiga.
Tão antiga que você
Nem vai lembrar...
(Silvio Cesar / Sylvan Paezzo)

Hoje acordei saudosista...
Olhei o violão encostado na parede do meu quarto e lembrei desta música. Se alguém mais lembrar vai denunciar a idade... (rs) Sei que ela foi gravada em 1968.
Mas as lembranças que ela me traz são muito mais antigas (embora eu tenha começado a usar tranças quando entrei na Universidade – até então eu era obrigada a cortar os cabelos porque meu pai dizia que meu cabelo era igual ao de uma espiga de milho – simpático, n’é?)
Lembrei de férias passadas em São Carlos, na casa da minha avó, início da adolescência, as brincadeiras de rua logo depois do jantar, quando os mais velhos estavam entretidos com os telejornais e as novelas.
Tudo começava com queimada e mãe da rua. A turma ia chegando, olhares compridos eram trocados, o pessoal ia se ajeitando, e quando começava a bater o cansaço de tanto correr alguém sempre tinha a brilhante idéia: - vamos brincar de namoro no escuro? Nos dias atuais esta brincadeira poderia ter outro significado, mas na época... Hoje os nossos filhos diriam que éramos uns bobocas...
A brincadeira era mais ou menos assim: Tinha um “animador”, o “premiado” e os outros eram os possíveis escolhidos. O “animador” vendava os olhos do “premiado” e seguia apontando para os “possíveis escolhidos” perguntado: - quer este? A resposta era sim ou não. Quando o premiado escolhia alguém, o “animador” perguntava: Beijo, abraço ou aperto de mão? Era aí que a coisa ficava engraçada. Um menino tendo que beijar um menino era hilário. Aconteciam mil palhaçadas. Mas se o beijo tivesse que ser entre um casal... Nossa! Batia a timidez... Claro que ninguém beijava ninguém... Mas a vontade era grande. Que pena! Agora só resta a saudade.

Enquanto estava escrevendo este "post" não pude deixar de pensar na minha prima Silvana, parceira de muitas histórias, com quem eu dividi todos os pequenos grandes segredos até a juventude. 
Pensei também no meu soldado sério e sisudo que sonhava comigo enquanto eu sonhava com ele. E se ele não fez uma cantiga antiga para mim, certamente eu fiz uma cantiga antiga para ele.

Lilia Maria

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