domingo, 4 de setembro de 2011

Ciber-mundo ou mundo real?

Ontem, arrumando as coisas na minha estante, abri mais uma vez a caixa em que guardo inúmeros bilhetes, cartões e cartinhas da época do colégio e da Universidade.
Lembro-me bem que quando estava no primeiro colegial tínhamos uma turma incrível. Éramos bastante unidos. Não sei como tudo começou, mas de repente, em vez de conversarmos trocávamos bilhetes. Quase nada era escrito durante o período de aula. Normalmente escrevíamos em casa e no outro dia entregávamos. Muitos eu já não tenho mais, não consegui salvá-los da minha mãe, que numa das inúmeras arrumações em sua casa jogou fora caixas e caixas de papel.
Transcrevo aqui um parágrafo do que li ontem antes de dormir. Foi escrito em 29/04/1970 pela Elba.
“Sabe, hoje a Denise disse-me uma coisa que me deixou muito triste, mas acho que vou resolver isso. Ela disse que nós pegamos a mania de escrever uma para a outra e não se conversa mais. Acho muito bacana receber cartas de vocês. Mas também fico triste quando a gente passa muito tempo sem conversar. ...”
Naquela época não tinha e-mail e muito menos redes sociais. Se tivesse certamente estaríamos com a caixa postal cheia, montes de postagens e muito pouca conversa.
Claro que o ciber-mundo facilita tudo, mas muitas vezes sinto falta da interação. Eu entrei numa rota pior ainda... Quando só havia e-mail eu me comunicava com pessoas que estavam distantes. Escrevia muito e recebia muitas respostas. De repente os meus e-mails são monte de apresentações do Power Point. Lindas com certeza, mas bastante impessoais, até porque são enviadas no “atacado”.
De repente com as redes sociais eu tenho notícias de todo mundo. Sei quem viajou, quem ficou em casa, quem adoeceu, quem está triste, curti fotos, até deixei recados e muitas felicitações pelos aniversários. Essas coisas estão se tornando quase que automáticas, mas ando me sentindo muda.
Mais que isso... Será que aquela pessoa que disse que curtiu a minha última postagem no blog teve a curiosidade de ler o que realmente eu escrevi? O meu contador de acesso em geral diz que não. Enfim...
Vamos lá... Nada vai mudar... Mas estou registrando aqui que quero muito mais do que o ciber-mundo pode me dar... Quero viver no mundo real. Quero dar e receber abraços de verdade. Quero sentar na padaria da esquina para tomar um café com aquelas pessoas que quero bem. Quero interação pessoal. Corpo a corpo, olho no olho, ouvir a voz, falar.
Quem me acompanha?

Lilia Maria

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