quinta-feira, 8 de março de 2012

Despedida

Primeiro escrevi o verso
Reverso da minha vontade.
Depois parti pelo mundo
Em busca da minha sina.
Do verso fiz canção
E cantei como a oração
Que ecoava dentro do outeiro.
Era o hino do caminhante
Que a lugar algum chegaria.

Portas entreabertas
Instigam a curiosidade,
Fascinam...
Mas nunca se abrem ao visitante
Que busca alento e repouso
Aos ossos cansados da lida,
À alma cansada da vida.

Portas e janelas entreabertas
Nunca recebem ar e luz suficiente
Para acabar com o pó e o bolor,
Para tirar o cheiro de mofo,
Para fazer geminar a semente
Não plantada ao acaso
Mas por vontade de vê-la explodir
Em brotos, ramos e flores
Que encantam,
Que enfeitam,
Que perfumam...

Assim se despede o viajante
E retoma o caminho a trilhar
Esperando um dia poder voltar
E não achar nada no mesmo lugar. 


Lilia Maria

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