terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Freddie, o francês


Quando optei por comprar um carro “francês”, minha filha mais nova, possuidora de um Clio, perguntou qual seria o nome do “rebento”. Como o dela foi batizado de Pocoyo, eu falei que poderia ser Pocoyo Junior (por que é mais novo) ou Senior (por ser maior). Mas não senti firmeza na minha resposta, não era este o nome.
Lembrei que o meu primeiro carro chamava Kaká. Era uma Brasília meio amarela de placa KK 4110. Então era preciso esperar o documento do carro para ver se brotava inspiração. Chegou, mas não pintou.
Na semana passada foi buscar o meu lindinho na concessionária. As meninas ficaram encantadas. Saímos para dar uma volta, deixamos a Luciana em sua casa e lá fui eu e a Andrea até a casa do Ricardo, o namorado dela. No caminho, entre muitas brincadeiras utilizando as facilidades incorporadas ao meu carrinho, atinei: Fred, o francês. Este era o apelido de um dos meus colegas de turma da Escola de Engenharia de São Carlos.
Gilles Philippe Lucian Garnero (não sei se é assim que se escreve), cujo apelido era Fred, era uma figura sui generis. Alto, muito magro, cabelos negros e lisos, usava um par de óculos de grau com lentes avermelhadas e falava com sotaque carregado. Ele realmente era francês. Estava há pouco tempo no Brasil. Batíamos longos papos misturando as duas línguas. Era uma delícia.
A lembrança mais viva que tenho do Fred foi a estréia do carro que ele ganhou por ter entrado na faculdade. Era um buggy vermelho com capota removível preta. No dia da estréia ele resolveu passar na minha casa aqui em São Paulo para levar minha irmã e eu para darmos uma volta. No caminho ele foi surpreendido por uma chuva pesada. Quando ele chegou na minha casa, o carro parecia uma enorme banheira. Tiramos a água de dentro dele de balde.
Não sei que fim levou o Fred. Ele acabou abandonando a engenharia e prestou um novo vestibular para medicina. Perdemos o contato. Já procurei muito por ele, mas não encontrei. É provável que ele tenha retornado à França.
Assim, meu carro foi batizado. Freddie em vez de Fred é por causa do dono da voz mais incrível que já escutei: Freddie Mercury.
Espero curtir muito o meu doce e lindo francês. Que ele seja meu parceiro em muitas aventuras.

Lilia Maria

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